Mesmo Sem Entender

30. Confiança

Pov. Gizelly

A festa da formatura de Rafaella foi banhada a muita bebida alcóolica, tinha coquetéis de vários sabores, uísques para todos os gostos, e tantas outras bebidas que não consegui identificar. Já passava de meia noite e não queria falar com Rafaella para maneirar na bebida, afinal era o dia dela, porém, se eu quisesse concretizar os meus planos para o resto da madrugada, teria que agir imediatamente e foi assim que fiz...

Segui a minha Deusa até o meio do salão e, fingindo alguns passos de dança meio desengonçada, abracei-a pela cintura e ela correspondeu alisando o meu braço. Não demorei naquela posição, pois sabia que ali não seria o local para Rafa assumir para seus pais a sua sexualidade.

- Rafa, preciso te levar em um lugar que reservei para a gente passar a noite, mas para isso a senhorita precisa parar a bebida ou deixo para outro dia a surpresa. - Falei junto ao seu ouvido.

- Hum, tô querendo saber o que você tá querendo comigo. Já parei, viu? - Falou com um sorriso sapeca.

Já passava das duas horas da madrugada quando Rafaella me chamou, avisando que queria ir embora e estava ansiosa para saber para onde iríamos. Sem pensar duas vezes peguei em sua mão e saímos em direção à garagem do salão de eventos. Nessa hora, Sofia e os pais de Rafaella já haviam saído. Entramos no carro e seguimos para o destino planejado por mim. Agora a noite era minha e dela.

Chegamos no hotel cinco estrelas e subimos em direção à suíte presidencial. O quarto era todo projetado para que os casais pudessem ter uma lua de mel em grande estilo. A jacuzzi estava bem localizada próxima à janela que dava visão a uma boa parte da cidade de São Paulo.

- Gi, nunca fui a um hotel tão bonito. Essa vista da cidade está me hipnotizando. Olha essas luzes, o céu está lindo e a lua então...

Abracei a minha Deusa pelas costas e fiquei alguns minutos em silêncio apreciando a sensação de tê-la tão perto de mim.

- Rafa, eu preciso conversar contigo sobre nós e realmente não estava mais aguentando esperar.

- Eu também preciso te falar algumas coisas, posso começar? - Ela se virou para mim com um olhar sério e aquilo me causou certo medo do que sairia de sua boca.

Sentamos nas cadeiras dispostas na varanda e fiquei aguardando, de forma ansiosa, o que ela iria falar.

- Gi, você sabe que fui casada com o pai de Sofia, não é? Sabe que Flávio me traiu dentro de minha casa? - Eu balancei a cabeça confirmando.

- Bom, eu tive pesadelos com essa cena por muitos anos, e não vou mentir que pensar nisso ainda me machuca, porque eu realmente o amava e confiaria a minha vida a ele naquela época. Eu era imatura, ingênua e só conhecia, até então, uma forma de amar, que era aquela que endeusava o ser amado. - Falou e abaixou a cabeça.

Eu não queria interromper as falas de Rafaella, eu sabia que não era só aquilo que ela queria me dizer. Após alguns segundos de silêncio, ela continuou.

- Eu tenho alguns traumas. Ser trocada por outra mulher me causou uma sensação de insuficiência, eu me pegava pensando o que faltou em mim para Flávio procurar em outra pessoa. - Levantou o olhar na altura do meu e seguiu. - Entendo que não há exatamente uma culpa para o fim do amor, mas não conseguia, e talvez ainda não consiga, me sentir suficiente para outra pessoa. - Eu via uma lágrima começando a se formar em seus olhos e a sensação de raiva, pelo que o ex-marido dela fez, começava a tomar conta de mim, mas preferi me calar, esperaria o momento certo de falar.

- Gi, você é linda, tem um corpo definido, e eu, bom... eu tive uma filha, sou sedentária... - Fechou os olhos em constrangimento. - Eu preciso te dizer que quando estou perto de você eu sinto uma vontade louca de te beijar e de me entregar por inteiro para você, sem medos, sabe? - Segurou a minha mão. - Mas, Gi, embora eu tenha esse impulso de fazer loucuras contigo, e eu até te provoque, em um certo momento eu paro pensando que eu não sou suficiente para você, que a minha beleza não te agrada. Eu tô sendo ridícula? - Disse com as bochechas vermelhas de vergonha.