23. Incerteza

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Pov Gizelly

Depois de lembrar do que aconteceu comigo e com Rafaella no dia anterior e depois de elaborar diversos planos com o objetivo de beijar, dessa vez de verdade, os lábios da minha deusa, eu apaguei na cama, dormindo profundamente.

A luz passou pelas frechas da cortina, iluminando parcialmente o quarto. Acordei com uma sensação estranha no peito...

Depois de fazer a minha higiene pessoal, vesti uma roupa com um pouco mais de decote, pois eu tinha percebido que Rafaella olhava bastante para os meus gêmeos. Depois fui tomar café da manhã e tive uma ideia: Vou levar Rafaella para almoçar em um restaurante reservado para poder conversar melhor e, quem sabe, beijar aqueles lábios carnudos...

Após confirmar a reserva com o restaurante de comida italiana, abri o aplicativo da minha agenda e anotei: "Almoço com a Deusa". Sorri da minha ousadia e me levantei da mesa, seguindo para o banheiro para escovar os dentes...

Passei a manhã fazendo uma pesquisa, in loco, nas empresas de materiais de construção. Passei nos estabelecimentos para avaliar as cores e os preços dos revestimentos que precisaria comprar. Assumi, por minha conta e risco, um contrato com uma casa de acolhimento de crianças, eu gastaria mais do que receberia, mas me faz feliz ajudar as crianças órfãs.

Depois de conversar com gerentes e outros responsáveis, escolhi o material que precisava. Olhei para o relógio e decidi ir para a Bicalhos, era quase a hora do meu encontro com Rafaella e ainda faltava convidá-la para isso. Entrei sorrindo no carro, estava ansiosa para encontrá-la.

Era perto de meio dia quando cheguei em minha empresa. Eu estava tão radiante que consegui ter orgulho da minha trajetória como empresária, estava feliz com o rumo da Bicalhos, pelo bem que estava fazendo àquelas crianças, e, talvez, parte dessa felicidade também tenha um nome: Rafaella.

Quando saí do elevador, meus olhos travaram no olhar da minha secretária e percebi uma leve irritação. "Mesmo bravinha, Rafaella é linda". Voltei ao foco e observei melhor o ambiente, vi a morena de olhos verdes sentada, eu não estava acreditando, era a minha amiga Ivy Lavigne.

Eu estava em êxtase por reencontrar a Ivy, a pessoa por quem sempre guardei imenso carinho e a que mais se assemelha a uma família para mim. É uma irmã que o destino, depois de muita atribulação, permitiu que ficasse em minha vida.

Deve ser estranho achar que, após o meu caso amoroso e a dolorosa ida de Ivy para Belo Horizonte, para casar e formar a sua família, eu ainda guarde tanto carinho por ela. Porém, pouco tempo depois que a morena foi embora, em torno de cinco meses de pura insistência da parte dela em manter contato comigo, eu deixei o meu orgulho de lado e atendi a ligação por vídeo de Ivy. Ela estava prestes a ter o seu bebê, a barriga estava enorme e bonita. Eu não conseguia desejar mais nada para ela que não fosse toda a felicidade que este estranho mundo pudesse oferecer, desejei o mesmo para o seu neném que ainda estava em seu ventre.

Assim seguiu, Ivy me ligava por vídeo quase toda a semana, contando do seu casamento, da sua gestação. Por outro lado, eu contava das mudanças em minha vida, da alteração da presidência para o sexto andar, além dos meus casos amorosos na forma de "pega e não se apega". A morena se acabava de rir com as minhas loucuras e, com o tempo, foi-se firmando mais ainda a nossa amizade, a ponto dela me chamar para ser madrinha de Luiz Miguel, seu filho.

Mais de cinco anos se passaram, e nesse período, fui algumas vezes para BH e Ivy só tinha vindo uma vez à São Paulo, mas isso já fazia mais de dois anos.

Quando vi a minha amiga sentada na antessala da presidência, meu coração encheu de felicidade, era como se os planetas estivessem se alinhando pela primeira vez em minha vida. Estava no mesmo local, a minha deusa, por quem já nutria um carinho especial, e a minha amiga-irmã, Ivy Lavigne.

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