24. Ciúme

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Pov Gizelly

Sofia terminou a conversa me dando um abraço forte. Naquele momento entendi que não há explicação para a sintonia entre mim e aquela garota, mesmo com tão pouco tempo de convivência.

O meu carinho por Sofia, com toda certeza, veio de um outro plano...

- Olha, Gi, só não vou te chamar de madrasta. Nunquinha, viu?

Sorri com o jeito descontraído da adolescente. Acho que, poucas vezes em minha vida, eu me senti tão à vontade com alguém...

Não iria dizer para Sofia que os jogos que ela tentava me ensinar pouco me importavam, gostava mesmo era da sua companhia, de tê-la perto, sentir a sua jovialidade, a sua alegria ao jogar a bomba em mim no "Counter-Strike", mesmo a gente estando na mesma equipe. Eu tentava revidar as suas peripécias, mas Sofia era muito boa em quase todos os jogos...

Às vezes, eu perdia de propósito a partida, gostava do som da risada da garota, de como ela sorria com a língua entre os dentes e os olhos ficavam bem pequenos, esses gestos me lembravam a Rafa. As duas são tão lindas... uma se preocupada com a outra, cada uma de seu jeito. "...faço gosto pelo relacionamento de vocês, desde que trate a minha mãe muito bem, ela não merece sofrer por mais ninguém." - Lembrei do pedido da menor, feito minutos atrás. Embora não demonstrem muito, sinto que elas se cuidam e se amam profundamente... Eu me peguei querendo fazer parte dessa família.

Era tudo tão forte e inesperado dentro de mim. Os sentimentos não revelados eram novos e me amedrontavam. Era como um turbilhão de ondas do mar que me levavam para o raso e me jogavam contra o chão de areia, eu tinha medo dos meus pensamentos felizes, eu tentava sair daquilo, mesmo sabendo que, no raso, as pancadas são até mais fortes.

Queria controlar as minhas palavras para não parecer precipitada. - Como agir com normalidade em uma situação de carinho despretensioso, gentil, como o abraço dessa garota? - Mesmo confusa, abracei Sofia. Ela não esperava esse gesto. E, em um tom de brincadeira, falei:

- Pode deixar, não vou te obrigar a me chamar de madrasta. - Falei com um largo sorriso no rosto. - Se bem que enteada seria uma boa denominação para você.

- Sô... mesmo que a sua mãe não me queira perto, saiba que o meu carinho por você é especial e eu espero que você não tente se afastar de mim.

Respirei fundo e aquele sentimento de aperto no peito voltou. - Preciso encontrar a sua mãe. Depois a gente conversa mais sobre isso tudo que tá acontecendo. Agora vou tratar de explicar as coisas para a Rafa. - Eu me levantei e saí em disparada em busca da mulher.

- Tô torcendo por você. - Sofia gritou e eu, da porta, virei apenas para retribuir o soquinho no ar que ela deu.

...

Pov Rafaella

Eu estava no meu limite. Se eu não fosse conversar com alguém, acho que teria explodido.

- Manu, você tem um tempinho para mim?

- O que houve, Rafa? - Perguntou assustada com a minha expressão de angústia, claramente estampada no meu rosto.

- Preciso conversar contigo. - Falei quase permitindo que lágrimas saíssem.

- Vem aqui. - A pequena me puxou para a escadaria do prédio. Estávamos no oitavo andar.

- Senta aí, Rafinha, e me explica o que te deixou assim...

- Eu tô tão confusa, angustiada, nem sei por onde começo, Manuzinha. - Nessa hora as lágrimas que eu prendia começaram a escorrer pela minha face.

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