CAPÍTULO 14

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Fazia três dias que Rebecca não olhava na minha cara

Depois daquele encontro maravilhoso de quarta-feira, eu achei que as coisas entre nós finalmente estavam começando a se acertar, mas na quinta-feira pela manhã, quando eu apareci em sua casa para oferecer-lhe carona, ela recusou e modo muito grosseiro e suspendeu nossas lições de como eu iria seduzir ela... digo, lições de como ela iria seduzir o babaca.

"Eu não quero a merda de uma carona e nem quero continuar com essas lições estúpidas. Agora suma daqui, Sarocha!"

Essas foram as palavras sussurradas para mim com raiva em frente à porta da casa dela na manhã de quinta- feira antes que ela batesse a porta na minha cara. Quando finalmente as coisas pareciam dar certo, a vida veio e me fodeu toda. Eu não tinha a mínima noção do que havia feito para que Rebecca se comportasse daquele jeito e nem tive tempo para descobrir por causa da cirurgia de Vero. Ela só estava aguardando completar dezoito anos para fazer a cirurgia refrativa, para corrigir sua miopia e fazia algumas semanas que ela estava realizando os exames pré- operatórios, antes de fazer a operação a laser na quinta Normani e eu passamos dois dias com ela em sua casa, ouvindo-a lamentar a mentira que havia contado para Lucy, que estava empenhada em arrumar uma namorada para ela. Como se não bastasse, Lucy ainda queria ficar comigo, logo eu, melhor amiga de Vero, loucamente apaixonada por uma garota que parecia me odiar mais do que antes sem eu nem saber o motivo.

Para piorar tudo, havíamos flagrado Irin aos beijos com Slope Folau na saída do colégio, o que deixou minha outra melhor amiga arrasada.

Éramos três fodidas, que naquela sexta de noite estávamos em frente à TV do quarto de Vero, assistindo um filme de drama. O filme contava a história de uma jovem cujo sonho era se tornar boxeadora, que convencia um veterano dos ringues a treiná-la, mesmo ela sendo mulher e considerada muito velha para ingressar na carreira de boxeadora. Eu já havia visto daquele filme trezentas mil vezes e chorado em todas as vezes que assisti e naquele momento, vendo a família da garota visitando-a no hospital para sugar todo o seu dinheiro, fez com que meus olhos marejassem, mas eu não podia chorar perto de Normani e Vero porque elas me zoariam pelo resto da vida.

-Esses parentes são um bando de filhos da puta! -A voz indignada de Veronica ecoou pelo quarto e eu olhei para ela, observando-a fitar a televisão com os óculos escuros. Ela havia dado a desculpa de que os olhos dela ainda estavam sensíveis por causa da cirurgia, mas eu sabia que ela estava mentindo. A cirurgia havia sido um sucesso e ela não precisava de óculos nenhum, ela só queria uma desculpa para chorar com o filme. Já Mani fingia estar dormindo, virada de costas para nós, mas eu sabia que ela assistia o filme também e fazia aquilo só para não a vermos chorando. Eu que não ia ser a única a chorar perto delas.

- São mesmo. -Eu respondi com a voz grossa, enquanto voltava meus olhos para a TV. Fingi coçar os olhos quando uma lágrima escapou. Filme bosta do cacete!

- Está chorando, Saparocha? -Eu olhei para a minha amiga que estava com um sorriso cínico na cara. Droga!

- Claro que eu não estou chorando, não posso nem coçar o olho? -Fiz meu melhor tom indignado.

- Está chorando sim! -Ela gritou ficando em pé em cima da cama. -Chorona! Não acredito que você está
chorando com um filme bobo desses.

- E você com esse óculos ridículo? Eu sei que você só usou isso para poder chorar com o filme -Eu também fiquei em pé na cama, arrancando os óculos de seu rosto, vendo seus olhos muito vermelhos - Eu não sou a única chorona. -Mesmo envoltas pela penumbra do quarto, eu vi o rosto da minha amiga ruborizar antes que ela olhasse para trás de pulasse em cima de Normani, que ainda fingia dormir.

- Você também estava chorando, que eu sei! - Ela gritou no ouvido de Normani que se virou para nós com os olhos vermelhos.

- Que merda, Vero! Você me acordou, cacete.

- Para de ser mentirosa, Mani! -Normani revirou os olhos antes de sentar e apoiar as costas na cabeceira da cama de casal de Vero.

- A gente deveria ter escolhido outro filme.

- Culpa da Freen, que fica toda mal por causa da Rebecca e escolhe esses dramas para desgraçar mais ainda a vida dela. -Vero resmungou com um olhar acusador direcionado a mim.

- Sua vida está ótima, não é? -Eu retruquei com uma
- Cala a boca! E então, vamos ou não à festa amanhã? -Aquela era uma discussão que travámos desde o dia anterior. Por um lado eu queria ir para vigiar Rebecca, por outro eu não queria ir porque tinha medo do que poderia ver naquela festa. Normani não queria ver Irin com Slope, mas também não queria perder a oportunidade de ter algum tipo de contato com ela fora da escola. Vero odiava festas e não queria que Lucy arrumasse alguma garota para ela, ao mesmo tempo, não queria ficar longe de Lucy. Era como se tivéssemos mergulhássemos numa piscina de bosta para pegarmos um diamante. Poderíamos morrer afogadas no monte de merda antes de acharmos o tal diamante.

- Eu não sei... - Normani respondeu a mesma coisa que havia respondido das outras vezes que conversamos sobre aquilo. Vero sentou-se ao lado dela e eu fiz o mesmo sentando ao seu lado.

- Gente, acho que é melhor nós irmos. Freen, você precisa vigiar a Becky, você sabe que ela não pode ficar com Nop porque ele é um filho da puta. -Eu assenti, eu precisava proteger Rebecca.

- Mas o que eu vou fazer se ela quiser ficar com ele? Eu não posso amarra-la. Se ainda estivéssemos tendo as lições, eu poderia inventar alguma desculpa para ela não ficar com ele, mas agora, por obra de satanás, ela me odeia mais do que antes e nem olhar na minha cara ela tem feito. Hoje de manhã eu passei maionese no cadeado do armário dela quando eu cheguei mais cedo para ficar de olho nela e ela simplesmente limpou o cadeado sem nem me xingar. Parece que sou invisível.

- Pelo menos eu sempre fui invisível para a Irin... -Normani se pronunciou.

E a atenção que a Lucy está dando pra mim não está sendo como eu imaginei. -O que elas diziam não me
ajudavam em absolutamente nada.

- Que seja! -Eu bufei sentindo a frustração atingir o ápice - Nós vamos àquela festa e eu vou fazer o que puder para que a Becky não fique com o Nop.

Ia dormi mais desisti, calor tá pra me matar...e sou pobre e não tenho ar-condicionado e o vento que sai do metilador tá mais quente que brasa 🥵🥵🥵🥵🥵só queriaaaa sorveteeee

Isso Seria Mais Um Clichê- FreenBecky Onde histórias criam vida. Descubra agora