Capítulo 3

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Já é bastante tarde quando finalmente finalizo de organizar minhas coisas, para minha tristeza lembrei que não comprei nenhuma comida e eu estava faminta.

Após um banho longo saio do quarto enxugando os cabelos com uma toalha. Então meus ouvidos detectam um barulho estranho vindo da porta de trás que dava para uma varanda, paralisei ali mesmo em frente a porta,e no instante seguinte o barulho também cessou,respirei o mais fundo que pude e voltei a andar para voltar ao quarto, seja lá o que estava ali fora também voltou a fazer barulho.

Corri como uma louca para dentro e tranquei a porta. Analisei se não era um bom momento de pôr o conselho do Rafael em prática e pedir ajuda a Maria,porém se não fosse nada demais eu estaria a perturbando atoa de madrugada.Não,eu não iria fazer isso. Também descartei a ideia de pedir socorro, tudo aquilo poderia não passar de coisas da minha cabeça. Antes louca do que em perigo.
A varanda se encontrava no andar de cima,onde ficam todos os quatro quartos com suítes e um escritório com biblioteca. Não seria fácil alguém chegar até ali,mas não seria impossível. No andar de baixo ficavam as duas salas de estar,a enorme cozinha e um banheiro nos fundos. Então abri a porta lentamente e me aproximei devagar da porta da varanda,aguardei pacientemente ouvir o barulho novamente,mas o silêncio reinava,isso era bom sinal,mas um que não me convenceu, bati levemente na porta. O barulho voltou e vi que foi um erro.

-Então não estou louca! - falei correndo para me trancar no quarto mais uma vez e sem pensar duas vezes liguei para o Rafael, por precaução pus o peso do meu corpo na porta,apesar de não saber se meus 52k seriam úteis para a ocasião.

-Alô? - falei em um sussurro.

-Aconteceu alguma coisa? - ouvi sua voz sonolenta me trouxe um pouco de calma.

-Aconteceu - continuo mantendo minha voz em um tom mais baixo possível, por mais que fosse improvável ouvir da porta da varanda. - tem alguém batendo na porta da varanda.

-O quê? - senti mais firmeza em sua voz.

-Ouvi batidas na porta. São bem leves,mas ouvi. Arranhões,não sei direito.

-Estou indo até aí.

-O que? Não, estamos a duas horas de distância.

-Consigo diminuir para metade.

- Não seja maluco,Rafael. Preciso apenas de uma luz,o que devo fazer,devo acordar a Maria aos berros?

- Tem certeza do que ouviu? -demorou alguns segundos,e sua voz tranquilizou.

-Eu não estou louca se é o que está pensando.

-Fechou tudo como te falei? Você não deveria estar dormindo,Anne?

-Deveria,mas não estou,ouvi o barulho assim que saí do banho. Não quero acordar a Maria.

-E não precisa. É a Alface. - disse ainda mais aliviado.

-Alface? Do que está falando?

-Da gata.

-Não ouvi nenhum miado. - fiquei confusa.

-Ela não é muito disso. - me respondeu sorrindo.
-Uma gata que não mia. É sério isso?

-Sim,na verdade ela mia,mas é raro. Pode abrir a porta se quiser. Por algum motivo, todas as noites ela batia na porta para entrar assim que eu saía do banho. Não acredito que ela não perdeu o costume.

-Porque não a levou com você?

-Ela não é minha,apenas aparece para dormir. Logo cedo quando a porta é aberta ela vai embora sem olhar para trás.

Enquanto ele falava,fui abrir a porta para criatura que quase me infartou de susto. Esperei que não me reconhecesse e fosse embora,mas ela não deu muita importância,passou entre minhas pernas e seguiu seu caminho, segui seus passos e a observei deitar no tapete ao lado da cama.

-Linda gata,folgada,porém linda. - admiti.

-Ela deve está enorme,pode me enviar uma foto depois? Quando Maria me disse que ela passou a dormir na casa dela algumas vezes quando me mudei,não acreditei. - disse contente.

-Será que ela é de rua,ou apenas escapole durante a noite? - pus o celular no viva voz enquanto tirei uma foto da felina dormindo.

-Ele é uma fujona com certeza, apareceu a uns três meses antes de eu me mudar e nesse tempo sempre chegou muito limpa e bem alimentada, sem contar que era bastante nova.

-Não acredito que quase infartei por causa de uma gata.

-Não acredito que me ligou quase uma da manhã por esse mesmo motivo. - brincou.

-Você me deu essa opção.

-E você sorriu dela.

-Não exatamente...

-O que faz acordada essas horas?- o ouvi bocejando.

-Organizando as coisas,estou exausta,mas graças a um ser vivo, meu sono fugiu e por pouco não levou minha alma junto. - sua risada me fez sorrir também.

-A parte boa é que agora tem companhia.

-A companhia está dormindo - de certa forma aquela enorme bola de pelos cinza em sono profundo no tapete,me faria ter uma noite mais tranquila em meu novo lar.

Entre o casulo e a borboleta (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora