Capítulo 12

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Fui "jogada" em uma cela suja. Ao chegar na delegacia me informaram que o delegado havia saído.
-O que tem na cabeça? - Um jovem policial me questionou enquanto tirava as algemas e me levava até a cela.
-O que? - Estava com dificuldades em raciocinar tudo aquilo.
-Como você pode acreditar que poderia roubar a empresa Nord e sair impune?
-Não roubei nada,vocês estão cometendo um terrível erro. - acariciei meus pulsos que estavam vermelhos.
-É a frase que todo ladrão diz. Essa daí - apontou para uma moça que estava no canto da cela,eu não havia notado sua presença - acredita que ela também é inocente? - zombou - pelo menos é o que ela diz desde quando chegou aqui. Eu espero que tenha um ótimo advogado,porque vai precisar.
-Tenho. Me deixa ligar pra ele.
-Claro,depois que o delegado chegar. - após verificar pela segunda vez que tinha trancado a cela vai em direção a saída.
-Escuta aqui,policial. Você está falando com quem sabe de leis e de direitos. Eu sei que tenho direito a uma ligação e você também sabe disso. Não importa se não acredita na minha inocência,mas eu tenho o direito de um advogado e se não quer ser a segunda pessoa a ser processada por mim,porque a primeira será o dono daquela droga de empresa, eu prometo que não pensarei duas vezes. - vi claramente seu sorriso perder o brilho.
-Vou te levar até o telefone. -vem em minha direção.
-Ótimo. - ironicamente estendi as mãos para que me algemasse novamente, mas ele negou com a cabeça.
- Rafael. Eu preciso da sua ajuda,é urgente. Armaram pra mim e estão me acusando de furtar um celular. Eu não fiz isso,e nunca tinha o visto antes,mas de alguma forma o aparelho foi encontrado na minha bolsa. Eu estou detida na delegacia,não sei bem o endereço,mas sei que fica a uns vinte minutos da empresa. Não importa quando ouvirá essa mensagem,eu estarei te esperando.
- Ok,já chega. -um policial se aproximou de mim tirando o telefone das minhas mãos.
-Onde está o outro policial? - perguntei indo em direção a cela.
-Resolvendo uma papelada.
-E o delegado?
-Ainda não voltou. - respondeu trancando a cela. - aquele barulho me fazia fechar os olhos fortemente.
-Essa delegacia parece um museu. - comentei baixinho ao vê-lo ir embora.
-Você ainda não viu nada. - olhei para quem falava.
-Oi...
-Prazer, Lorena.
-Annelise - cumprimentei.
-Nome diferente. - Lorena permanecia imóvel com seus braços e pernas cruzadas com canto da pequena cela suja.
-É o que todos dizem - mesmo naquela situação ainda conseguia sorrir, pois praticamente toda vez que falava meu nome ouvia a mesma frase.
-Gostei da forma que falou com o policial.
-O que significa seu primeiro comentário? - estou curiosa.
-Todos da redondeza sabem que os poucos policiais que trabalham aqui são corruptos do pé até a cabeça e são sustentados pelos chefes das pequenas e grandes empresas,não vou colocar no plural,pois a Nord é a única de renome por aqui na cidade. Essa espelunca aqui? - bufou com desdém - é fachada, eles fingem trabalhar pra sociedade quando na verdade não estão NEM AÍ PRA ELA! - grita a última parte. - o policial que te levou até o telefone deve ser novato,nunca o vi por aqui. - cochicha.
-Então já esteve aqui antes? - me espantei pois ela aparentava ter pouco mais que minha idade,nosso tom de pele são bastantes parecidos, seus cabelos estão em um perfeito coque bagunçado,com algumas mechas caindo sobre seu ombro esquerdo. Seus olhos escuros não demonstravam medo e muito menos que havia chorado. Ela parecia tranquila na situação que estava.
-Sim, e estarei quantas vezes for necessário até expor toda essa corrupção.
-Porque foi detida, Lorena? -me aproximei aos poucos até que estava sentada ao seu lado.
-Acidente, ameaça, perseguição... ainda estão procurando mais delitos para serem adicionados a lista,enquanto isso,espero aqui. - mexe os ombros
-Minha nossa. - não escondi meu espanto.
-Mas sou inocente - diz de imediato e se aproxima para falar o mais baixo possível - recebi a informação que um dos policiais desta delegacia iria se encontrar com o funcionário de uma das empresas das quais eles encobre os crimes, de acordo com meu informante o policial receberia um pagamento hoje - sussurrou - Então segui esse funcionário e consegui tirar fotos do momento em que ele entregava propina. Mas acabaram me vendo, então sai dirigindo às pressas igual louca e propositalmente eles bateram o carro da policia na traseira do meu veículo. O acidente foi pretexto para me trazerem aqui e pegar minha câmera. Mas eu tirei o cartão a tempo e como não encontraram comigo,estão acreditando que joguei em algum lugar.
-E você jogou? - a história era maluca,mas minha curiosidade falou mais alto.
-É claro que não - revirou os olhos - ainda está comigo.
-O quê? Não acharam quando te revistaram ? - ela negou com a cabeça - afinal o que você é? Uma detetive ou algo do tipo?
-Jornalista. Tenho milhões de pessoas inscritas em meu canal no YouTube.
-Am? - pelo menos isso explicava porque ela era tão tagarela. O fato de não conhecê-la parece lhe decepcionar um pouco.
-Pelo visto é novata na cidade. Querida,você está falando com quem vai jogar toda essa corrupção no ventilador, todos irão saber do que está acontecendo nesta cidade e eu finalmente terei a paz de espírito que mereço.
-Não acho que deveria contar esses seus planos a estranhos. - a conselhei - Porque está me contando tudo isso,nem me conhece. - por uns instantes penso que ela era louca.
-Porque preciso da sua ajuda e acredito que posso confiar em você.
-O que? - pelo amor de Deus onde foi que eu me meti. Agora sim eu tinha certeza da loucura dela.

Entre o casulo e a borboleta (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora