Fui informado que de alguma forma você conhece a Annelise,é verdade? - ela me lançou um olhar de reprovação - Você acredita que ela seja capaz de furtar algo?-
-Não, eu não a conheço. E honestamente não sei do que ela é capaz, senhor. Aconteceu algo? -Elen não esboçou reação alguma,o que me deixou ainda mais perplexa.
-O quê? - a olhei sem acreditar no que havia acabado de ouvir. Eu sou uma suspeita? - era muita coisa pra assimilar.
-É a verdade,não conheço você, eu não posso dizer do que você é capaz.
-Eu jamais faria algo assim,eu não tinha conhecimento de onde estava o aparelho e muito menos seu valor. - a vi revirar os olhos sem dar muita importância às minhas palavras.
-Secretária, se você cometeu esse delito, posso conseguir um bom acordo pra você,mas preciso que admita e devolva o que pegou. É simples!
-Você não ouviu o que acabei de dizer? EU NÃO ROUBEI NADA!
-A sua palavra não basta. Preciso que prove - Sr. Carlos põe as mãos nos bolsos. A tranquilidade que não havia em mim,estava nele.
-Exato,mostre sua bolsa,prove que ele não está dentro dela ou escondido em você. As coisas podem ser resolvidos de forma rápida,basta querer.
- Você não pode está falando sério. - sair indignada da sala do Sr. Carlos deixando todos para trás.
-Se não tem o que esconder, se não roubou o aparelho,não vai te custar nada deixar eu verificar a sua bolsa,ou melhor,isto provará que a errada sou eu. - Elen seguiu meus passos enquanto voltava a minha mesa.
-Eu não tenho nada a esconder de vocês,NADA! não roubei e nem mesmo vi esse tal aparelho,deseja ver tanto assim minha bolsa? Ótimo! Veja. - Peguei minha bolsa e por um impulso do momento a joguei nas mãos da Elen que por muito pouco não a deixa cair. As pessoas das outras salas já não disfarçavam mais que estavam interessadas e curiosas sobre o ocorrido. Eu pouco me importava com os olhares,minha vontade era amassar aquela mulher até ela caber na minha bolsa.
Entretanto o que eu jamais imaginaria aconteceu, o aparelho realmente estava dentro da minha bolsa,mas não tinha ideia de como ele foi parar ali.
-Não faz sentido ele está aí - fiquei alguns segundos esperando minha voz sair por meus labios.
- Chame a polícia - Sr.Carlos falou e em seguida se retirou da sala sem olhar para trás.
-O quê? Não! Isso é loucura,nunca vi esse celular na minha vida e Deus sabe disso - agora estava em desespero.
-Sua fé não pode te livrar dessa. - sussurra em meu ouvido enquanto disca o número da polícia.
- Elen,pelo amor de Deus,me escuta! - meus olhos ardiam com a minha insistência em não permitir as lágrimas caírem.
- Ah que ótimo,tem uma viatura a menos de cinco minutos da empresa. Isso vai acabar mais rápido do que imaginei. - olhei ao meu redor e vi os olhares de espanto, desprezo, pena e compaixão dos curiosos que observavam a cena.
-Devolve minha bolsa,irei fazer uma ligação! - tento suportar a enorme vontade que tenho de chorar.
-Não,você não pode mexer nela, afinal foi nela que estava o produto do roubo.
-Já disse mil vezes que não roubei nada. eu preciso do meu celular. Me entrega ao menos o celular,Elen!
-Se pensa em ligar para o Rafael, não perca seu tempo. Imagina a cara de decepção dele ao saber que você não passa de uma interesseira e ladra.
-Ao contrário de você, ele não me odeia. E o tempo que me conhece sabe que jamais faria isso. Sei que ao menos vai me ouvir. - suas palavras fizeram finalmente a primeira lágrima descer dos meus olhos.
-Boa sorte com isso. Soube que ele viajou a trabalho. - ela olhava em meus olhos - que maravilha,eles chegaram. - dois policiais seguiam uma funcionária que abriu a porta e pediu que eles entrem.
Depois de explicar a situação como advogada da empresa, Elen sentou para observar minha humilhação. Por direito eu também tive a chance de me explicar e foi o que fiz, mas nada adiantou. Nada que eu falasse seria o suficiente para provar minha inocência, afinal eu não passava de uma pobre e jovem novata no meu primeiro emprego. Não bastando tudo que escutei e os olhares que recebi,saí da empresa algemada. Em certos lugares você não tem voz se não tem dinheiro.
Eu nunca havia entrado em uma delegacia e ali estava eu indo em direção a uma,algemada e sendo acusada de algo que jamais pensei em fazer na vida inteira. Roubar!
Deus, eu te peço que entre na causa por mim,sei que tu és advogado fiel e sabes que não fiz o que me acusam. Já passei por inúmeras coisas e em todas elas tu esteve comigo,foste meu amigo,meu consolo,meu sustento,meu alívio,meu protetor, meu médico,tu foste tudo que precisei e nunca me desamparaste,até quando eu não te via na causa tu estava nela,então eu te suplico,Pai, sejas comigo.
Lágrimas desciam dos meus olhos a cada palavra que dizia em pensamento,estava difícilacreditar que tudo aquilo estava acontecendo.
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Entre o casulo e a borboleta (Livro 2)
RomanceApós decidir se reerguer,o primeiro passo de Annelise foi mudar de cidade,o segundo tentar não viver presa ao seu passado e a suas cicatrizes,o terceiro...bem,uma coisa de cada vez. Passos curtos e lentos também são passos importantes. Rafael não e...