Capítulo 7

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- Tem certeza que está tudo bem ? - falei enquanto estamos no caminho.
- Tenho. Porém quem não parece muito bem é você. - olhou rapidamente pra mim e voltou a atenção para o volante. - é sobre a entrevista de emprego? Caso for,tenho certeza que se sairá muito bem.
- Não é apenas a entrevista. Me pergunto por qual motivo a Nord tem interesse em uma pessoa com zero experiência como eu. Faz pouco tempo que moro na cidade, mas sei que ela é uma das únicas empresas que há na região. Sem contar que não envei meu currículo.
- A Nord? É onde a Elen trabalha. Ela é a advogada particular do Ceo. Quem sabe você não recebeu uma ajuda dela.
- Impossível - forcei um sorriso.
- Aconteceu algo entre vocês?
- Não. Vamos apenas dizer que não tivemos a oportunidade de ter uma conversa prolongada e esclarecedora.
- Entendo…
Rafael me levou até a empresa, pois sua localização era um pouco afastada do centro da cidade e principalmente de casa.
- Desculpa não poder te esperar, preciso voltar. - falou quando estacionou o carro em frente à empresa.
-Tudo bem, Você já fez muito por mim.
Obrigado pela companhia que me fez - o ouvir falar quando abri a porta do carro para sair.
-Você não me deu a escolha de ao menos ficar por perto.  - respondi olhando em seus olhos.
- Talvez não saiba mas estava perto o suficiente para que eu não me sentisse sozinho.
- Eu fico aliviada em saber ,Rafael.

Saí do carro e respirei profundamente antes de entrar naquele enorme lugar. Toda a frente da empresa é de vidros escuros e sua porta giratória não é diferente.
Me identifiquei a uma funcionária no primeiro balcão que encontro, então fui levada para uma sala de espera onde pensei encontrar vários candidatos a vaga de emprego,mas estou sozinha e enquanto esperava por quase uma hora, deduzi que cheguei atrasada e seria dispensada antes mesmo da entrevista.
- Você já pode entrar - a recepcionista me informou e não acreditei que ouvi um " já" depois de esperar tanto tempo.  Ela me direcionou a uma sala que ficava ao lado.
Após alguns minutos de entrevista, sou informada que em poucos dias receberia um e-mail, seja ele de rejeição ou contratação. Cheguei em casa exausta, faminta e precisando de um bom banho. A distância me fez duvidar se não estaria andando a horas.
-As compras - revirei os olhos ao lembrar que no caminho deveria ter parado no mercado.
Por falta do que comer fui até o mercado,levei mais algumas horas pra chegar em casa,afinal era um caminho um pouco longo até lá. Mas aproveitei para apreciar a vista,os gramados,os arbustos de algumas casas e até os pinheiros que ficavam em algumas montanhas distantes.
Quando finalmente acabei de organizar as compras,suspirei de puro cansaço. As horas diziam que já era noite e tenho um leve susto com o toque do telefone, era o Rafael. Conversamos um pouco sobre minha entrevista,queria saber se tudo ocorreu bem e o que achei da empresa. Também perguntei como ele estava e fiquei aliviada quando ouvir dizer que estava bem,suas palavras soavam sinceras.

Todos os dias,fielmente,chequei os meus emails e certa noite enquanto conversava com o Rafael resolvi olhar pela terceira vez no dia e para minha surpresa havia uma mensagem da empresa informando que eu havia passado na entrevista de emprego. Fui contratada como secretária do CEO.
Rafael suportou meus gritos de felicidades pelo telefone sem reclamar,eu não conseguia acreditar em tudo aquilo. O tamanho da minha felicidade e da minha insegurança não eram distintos um do outro.
- Você consegue - me incentivou ao perceber meu tom de preocupação.
-E se eu não conseguir?
-Annelise…
-Ok,eu consigo. - disse determinada.
-É assim que se fala.
-Espera,acho que a Alface chegou.  - fui até a porta da varanda - ela está estranha... - observei atentamente a forma do caminhar da felina.
-Estranha como?
-Não sei explicar...acho que ela… aí meu Deus! Ela foi envenenada.
-Envenenada?
- O que faço, o que faço? - pus uma das minhas mãos sobre a cabeça. - Preciso do número de algum veterinário,Rafael. Acho que ela está morrendo. - em segundos fiquei histérica vendo o pobre bicho se contorcer de dor.
-Eu não tenho,como falei ela não é minha. - diz preocupado. - espera, no primeiro quarto tem um criado mudo ao lado da cama,tenho quase certeza que há um número de uma clínica veterinária, é um panfleto, recebi enquanto andava pela rua da última vez que fui até aí, lembro de ter guardado.
-Você tem certeza? - fui correndo para o quarto.
- 80%, já faz alguns meses,mas talvez o número seja o mesmo.
-Encontrei! - quase gritei - o atendimento é até às sete da noite - ando de um lugar para o outro.
-Não importa,liga mesmo assim,diz que pagará o dobro da consulta. Vou pedir um táxi pelo aplicativo e passar o seu endereço.
Depois de ligar para a clínica,enrolei a Alface no primeiro lençol que encontrei e fiquei na porta esperando o carro. Não me importei que a rua estivesse vazia afinal já se passavam das 22:00hrs. Poucos minutos pareceu uma eternidade.
O veterinário estava à minha espera em frente a clínica,alface já não se mexia mais em meus braços e cheguei a pensar o pior.
-Prometo dar o meu melhor,você pode vir vê-lo pela manhã. - não esperou que eu respondesse algo, simplesmente o pegou dos meus braços e correu para dentro da clínica.
Cheguei exausta e apesar de saber que ele estava em boas mãos,a preocupação me consumia, enquanto pensava e a cena da Alface quase morta em meus bracos de destruia, o Rafael me ligou mais uma vez.
-Quando terá noticias dele? - perguntou assim que atendi a ligação.
-Apenas amanhã pela manhã -  me joguei no sofá,relaxando meu tenso corpo
-Ok, você deve estar exausta. Me passa o número da clínica e tenta dormir, amanhã te ligo para saber como ele está.
Minha noite foi tudo,menos tranquila,não durmi mais que quatro horas e antes das sete eu já estava a caminho da clínica.
-Ela vai sobreviver,mas foi por pouco. Deixarei seu felino em observação por mais algumas horas,apenas por precaução. Mas já pode vê-lo.
- Obrigada - o acompanhei.
Foi um alívio vê-la "bem"
-Oi, Alface. Que susto você nos deu - a acariciei lentamente e ela mal reagiu.
-Ela ainda está sob efeito da anestesia. Aos poucos voltará ao normal. Como disse ao seu parceiro, ela ficará apenas em observação,pois tomou analgésicos bastante fortes.
-O Rafael te ligou? - apos perguntar lembrei de ter passado o número da clínica pra ele na noite passada.
- Sim,bem antes das sete, também já fez todo o pagamento. Sempre que necessário pode contar com nossos serviços,não importa o horário.
-O-obrigada. A que horas posso vir buscá-la? - ainda aa acariciava.
-Depois do horário de almoço.
-Tudo bem.
Na hora do almoço quando chego da clínica com Alface no colo me deparei com o Rafael encostado no carro.
-O que faz aqui? - perguntei ao descer do táxi que estava.
-Precisa ver como ela está. - fez carinho na gata que estranhamente não se irritou assim com tantos outros carinhos que fiz no caminho.
-Pode segura-la,vou abrir a porta. - a coloquei em seu colo e fui em direção a porta. - deveria ter entrado,sei que tem chaves extras - ele me seguiu.
-Não achei apropriado e não faz muito tempo que cheguei.
-A Maria não te viu? - perguntei entrando e segurando a porta pra ele .
-Ela não está.
-Ah, verdade. Ela está no mercado. - havia esquecido.

Entre o casulo e a borboleta (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora