Ja era perto da meia noite, e o sono se recusava me fazer companhia. Me revirei na cama algumas vezes até aceitar o fato que eu não dormiria naquela noite,ou pelo menos não nas próximas horas. Os ultimos acontecimentos dançavam em minha mente.
Com muita cautela fui até a varanda, olhar o céu me fazia bem, se justamente naquela noite não estivesse tão estrelado, eu me arriscaria a contar as estrelas, observar sua beleza não estava sendo o suficiente. O vento que batia em meu rosto,movimentando meus cabelos soltos me fez fechar os olhos por um tempo. Não me importei com as horas ou minutos que estava ali, muito menos o frio que fazia naquela noite,mas senti um alívio em seguida de um leve susto quando o Rafael colocou uma manta aconchegante em meus ombros.
- Obrigada - agradeci observando-o sentar ao meu lado,touxe com ele uma garrafa térmica com chá que depois descobir ser de valeriana. - te acordei?
-Não,eu estava acordado quando ouvi abrir a porta do quarto e da varanda. O que faz aqui sozinha? - Colocou líquido na pequena xícara e me entregou,a temperatura ajudou minhas mãos frias. Eu agradeci depois de beber um pouco. E fechei os olhos para apreciar o seu sabor.
-Não consigo dormir. - voltei a olhar o céu.
-E o que te faz pensar que esse frio te trará sono? - pôs chá em sua xícara e soprou antes de tomar um pouco do chá.
-Talvez olhar para o céu me proporcione isso. - sorri fraco e ficamos por um breve tempo em silêncio.
- Irei embora amanhã, preciso resolver alguns assuntos que não podem mais ser adiados - seu olhos estavam fixados no céu estrelado. - porém não posso negar que estou receoso, afinal a última vez que fiz isto te encontrei presa. - me olhou e desejei não ter deixado claro minha tristeza ao saber que mais uma vez ficaria longe de mim.
-Sinto muito por tomar tanto seu tempo.
-Não é bem dessa forma.
-Não está sendo honesto. - disse de imediato.
-Eu faria tudo novamente,Annelise. Sem pensar duas vezes. Passar a maior parte do meu tempo com você nunca será um problema,pelo contrário. Gosto de estar com você.
-E não tenho sombras de dúvidas que faria Rafael. Por isso não permitiria que fizesse.
-E por que não ? - me olhou colocando sua xícara de lado.
-Porque enquanto você me ajudar a organizar minha vida eu ponho a sua de cabeça para baixo. - fiz o mesmo com a minha,ela já estava quase vazia.
-Não acredito que é isso que pensa de você.
-Seu coração é bom demais para notar.
-Meu coração conhece você, conhece o suficiente para querer que você nunca saia dele e muito menos da minha vida.
- E eu me sinto uma tremenda egoísta por não querer isso. Já não consigo te imaginar longe de mim - busquei de dentro do meu ser toda coragem que tinha para falar tudo aquilo olhando em seus olhos,não dava mais para adiar - não sei o que faria se em meio a tudo isso eu não tivesse teu abraço,tua mão segurando a minha e sua voz me dizendo que iriamos vencer juntos. - ajeitei a manta que permanecia em meus ombros - Confesso que não quis aceitar ou pelo menos acreditar que poderia estar amando você. Mas como não amar alguém como você - sorri com lágrimas de alegria nos olhos - como não desejar você do meu lado pelo resto da minha vida. Como não querer ver teu sorriso todos os dias, como não querer ter você se é você quem eu preciso. - senti sua mão secar uma lágrima que desceu.
- Rafael,você me mostrou um casulo quando eu acreditei estar em uma cova, Deus me deu você nas piores circunstâncias da minha vida para estar ao meu lado e em meio a todas elas você não desistiu de mim. - depositei minhas mãos em seu rosto e me aproximei o suficiente para sentir sua respiração um pouco acelerada - eu te amo, Rafael -sussurro perto da sua boca antes de beijá-la.
Sinto suas mãos na minha nuca e a manta que está em meus ombros cair,se por algum momento eu estava sentindo frio naquela noite eu já não me lembrava mais.
- Só Deus sabe o quanto que eu esperei ouvir isso - Rafael disse com um sorriso e me beija novamente.
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Entre o casulo e a borboleta (Livro 2)
RomanceApós decidir se reerguer,o primeiro passo de Annelise foi mudar de cidade,o segundo tentar não viver presa ao seu passado e a suas cicatrizes,o terceiro...bem,uma coisa de cada vez. Passos curtos e lentos também são passos importantes. Rafael não e...