Capítulo 10

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Oi, como foi seu vôo? Espero que tenha tido uma boa viagem - o que eu estava fazendo, não tinha motivos para eu mandar mensagens para o Rafael, a não ser loucura. Sem pensar muito apaguei tudo que havia digitado e voltei a viver meu domingo entediante, vez ou outra me pegava pensando nele e no que ele poderá estar fazendo,balançava minha cabeça na tentativa de mandar embora meus pensamentos. Meu Deus,será que estou…não,não pode ser, balanço a cabeça espantando esse meu "delírio" mais uma vez.
A alface também não está curtindo o domingo, principalmente quando por várias vezes tentei lhe dar um banho.
- Hoje você está difícil,sabia? - fiquei irritada depois de ser arranhada pela milésima vez - quer saber? Fica suja,eu não me importo,mas não dormiremos no mesmo quarto. Sem chance,sua gata boba. - eu passaria uma vida e nem mesmo assim convenceria a Alface tomar aquele bendito banho.
Depois de chegar do culto,pedi por mensagem ao Rafael se ele teria um dia disponível na semana para dar banho na onça. Sua chegada estava prevista para segunda à noite, então disse que na terça já estará disponível. Se a Alface estava imaginando que escaparia de um bom banho, estava peludamente enganada. Não sei qual o problema, Alface nunca fez tanta birra pra tomar um banho.
Falhei no banho e na ameaça,não suportei suas arranhadas na porta durante a noite e a deixei entrar. Acho que ela sabia o enredo da história por isso não deu importância às minhas reclamações.


Eu teria uma boa segunda-feira como qualquer outra em um dia de trabalho se eu não tivesse sido humilhada e presa. Tem coisas que é inacreditável mesmo você próprio vivendo aquilo.
Após chegar do meu horário de almoço e me organizar,fui chamada no andar de baixo,coisa que nunca havia acontecido antes e nem mesmo sabia o que havia lá. Fui tranquila a procura de quem mandou me chamar, que no caso foi o sr.Paulo. pedi a secretária que avisasse da minha presença e esperei uns cinco minutos até que me pedisse para entrar.
- Desculpe,deve ter havido algum engano,não pedi que viesse até mim,devem ter confundido seu nome com o da outra funcionária,a qual realmente mandei chamar… Pode voltar para seu lugar. - em nenhum momento ele me olhou,sua atenção estava nos papéis que folheava lentamente.
- Ok,então com licença - me retirei da sala e no caminho até o elevador tentei imaginar qual era a probabilidade de alguém confundir meu nome. Ele é tudo, menos comum. Observei que assim como o andar no qual eu trabalhava todas as portas das salas eram de vidro deixando bem visível as pessoas e o que acontecia no ambiente. Quando voltava para minha sala, vi a Elen em seu escritório falando ao telefone sem tirar os olhos de mim.
Me organizei em minha cadeira e notei que minha bolsa estava em uma posição diferente da qual eu havia deixado quando saí de lá,ao pegá-la para verificar, no mesmo instante o telefone tocou me causando um susto e fazendo dar um leve pulo da cadeira,graças a isso acabei me distraindo com a ligação e mais uma vez deixei a bolsa de lado.
Perto das três da tarde,fui chamada até a sala do CEO.
- Me chamou,Sr. ?
- Annelise,me ausentei por um breve tempo e deixei um aparelho celular em cima da minha mesa,mas não foi qualquer celular,o aparelho será lançado apenas daqui a seis meses no mercado. Agora que voltei não o encontrei. Como deve imaginar,ele é um produto muito caro.
Permitiu alguém entrar em minha sala?
-Não, jamais,apenas o senhor entrou nela hoje,procurou bem? Posso fazer isso para o senhor. - Ao me oferecer para procurar já olhava em possíveis lugares que poderia estar.
-Eu preciso de uma explicação do que aconteceu aqui e mais ainda, preciso que esse celular apareça. - seu olhar penetrava o meu como uma espada afiada de dois gumes.
-Irei procurá-lo,não se preocupe. - minha inocência na me permitiu perceber o que realmente estava acontecendo ali, simplesmente olhei meticulosamente todo o escritório e não encontrei o bendito celular. Se a empresa não tivesse uma loucura por conta desse lançamento eu poderia jurar que ele nunca assistiu. Pedi a Deus em pensamentos que aquele aparelho parecesse,de alguma forma me senti culpa,temi que alguém houvesse entrado na sala em minha ausência.
-Preciso que venha até a minha sala - desligou o telefone sem esperar resposta. Não imaginei com quem ele tinha falado,mas cogitei que seria uma conversa particular então fui em direção a porta.
Você fica! - falou autoritário e logo em seguida a Elen adentrou na sala em passos largos.

Entre o casulo e a borboleta (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora