Hacked Love - Duskwood

Onze.

31 de Agosto de 2023.
Alemanha - Duskwood.

No dia seguinte, me despertei calmamente, abrindo meus olhos devagar, vendo o sol que adentrava pela fresta que a janela permitia. Meu corpo ainda estava dormente, fazia parecer com que na noite anterior eu tivesse levado a maior surra de todos os tempos. Mas, quando percebi, minhas mãos estavam soltas, as pernas sobre a cama, algo teria acontecido e não fazia ideia do que seria. A coberta que estava sobre meu corpo, me aquecia, por mais que o sol estivesse pelo lado de fora, o frio ainda era bastante notório em Duskwood.

Levei minha destra até meu rosto, tocando-o, mas meus grunhidos de dor eram notórios, principalmente ao levar minha mão até o nariz do qual lembrei que na noite anterior teria levado um soco de alguém bem mais forte que eu. Suspirei ao passar a mão sobre meu corpo, sentindo meus próprios toques sobre ele, fizeram-me derramar lágrimas, pois havia sido violentada e era como se lembrasse de cada segundo do dia anterior. Engoli seco, enquanto sentia meu coração disparar, fechando meus olhos por alguns minutos, tentando me abraçar de alguma forma, fazendo com meu cérebro entendesse que independente do tempo naquele lugar, tudo ficaria bem.

Tudo estava girando naquele momento, não fazia ideia de onde estava, quanto tempo ficaria ali e se realmente estariam a minha procura. Talvez Hannah estivesse certa, sou apenas alguém que ninguém possa amar verdadeiramente e talvez ficar distante de todos, seria a única solução. Entretanto meus pensamentos voltaram para Jake, ainda estava magoada por sua mentira, estava devastada pelo mesmo ter acreditado na irmã e em nenhum momento ter decidido contar a verdade para mim, sua confiança seria realmente verdadeira ou apenas blefe de sua parte?

Minhas lembranças eram pior do que armas enquanto passava o tempo naquele lugar, pois conseguia lembrar de cada momento vivido com o mesmo, a forma como nos amamos tão intensamente, sem ao menos nos tocarmos, cada palavra trocada, sorrisos bobos pela tela do celular e até mesmo suspiros profundos ao lembrar que o tinha, mesmo sem o conhecer. Quantas vezes o mesmo tentou lutar contra o nosso amor, quantas vezes fiquei sem suas notícias e a preocupação me tomava por completo? Conhecê-lo me deu a melhor sensação já sentida na vida, pois nunca fui completamente apaixonada por alguém, como sou por ele. Nosso amor é real, tão recíproco, mesmo que sua mentira ainda me destrua, eu ainda o amo de todo meu coração e jamais esquecerei a noite da qual nos conectamos de corpo, alma e coração.

Enquanto minha mente ainda estava em devaneio, cai na realidade de que ainda estava presa e precisava fazer alguma coisa para sair daquele lugar. Meu medo era que Ted voltasse, me deixasse presa novamente e fizesse tudo o que fez na noite passada. Mas respirei profundamente, levantando devagar, pois sentia muitas dores e nem sabia ao certo se conseguiria sobreviver. Meus passos eram curtos, onde abri a cortina vendo o sol adentrar por todo aquele porão estranho, o dia estava frio, mas o sol era bem notório no azul do céu. Meus olhos encontraram diversas árvores, provavelmente estaria em uma floresta, o que não me surpreenderia, aliás a maior parte da Alemanha é tomada por mato, por isso a caça por aqui é muito comum.

Lembrei-me das facas que tinham sobre a mesa e tentei caminhar o mais rápido possível até lá, mas não encontrei nada, dei um grito ao sentir um caco de vidro adentrar em meu pé direito e me segurei firme sobre a cadeira. Alguns xingamentos saíram por meus lábios, mas consegui me sentar na poltrona que Ted estava na noite anterior, levei minha canhota, retirando o resquício que havia, por fim respirei aliviada, pois o vidro não teria adentrado por completo. Decidi fechar meus olhos, enquanto o puxei vagarosamente, a dor era insuportável, até fez sentido, pois sangue foi visto sair do local, a pele deveria ter rasgo, apenas respirava ofegante com lágrimas sobre os olhos.

— Que inferno! - Murmurei brava, enquanto retirei uma das faixas de minha costela e enrolei sobre o pé machucado.

Algumas conversas vindo do lado de fora tomaram minha atenção e fizeram com que mesmo mancando voltasse para a cama, deitei, jogando a coberta por cima de meu corpo e permaneci calada, tentando controlar minha respiração. A porta se abriu, mordi meus lábios, pois o medo tomava conta de mim, não aguentaria ser abusada novamente, olhei para minha destra, onde segurava um dos vidros encontrados no chão, não sei o que faria com aquilo. Mas, não deixaria ninguém me encostar novamente, não sem minha permissão.