– Ela não é linda? – Maggie agitava um vaso de flor perto de sua cabeça com um largo sorriso no rosto.
– Sim, definitivamente linda! De onde ela veio? – Aziraphale sorriu, já sabendo a resposta.
Ele sabia que tinha sido um presente de Crowley. Mesmo os dois não se conhecendo muito bem, Aziraphale tinha a sensação de que aquela flor gritava Crowley de todas as maneiras possíveis, principalmente após a conversa que os dois tiveram sobre o disco de vinil do Queen. Ele pensou se deveria compartilhar com Maggie e Nina, que apareceram em sua porta para um café da manhã com o propósito de "colocar a conversa em dia" – era assim que Maggie e Aziraphale chamavam o que muitos chamariam de fofoca.
– Do seu amigo "Senhor Fecha o Elevador Rudemente na Cara das Pessoas" – Nina despejou o chá na xícara de Aziraphale. – Pelo visto ele mudou bastante desde o nosso último encontro, não?
– Não diria que ele mudou... – Ele sorriu envergonhado, lembrando do último encontro que os dois tiveram com Nina: eles subiam o elevador para conversar com Gabriel, enquanto ela esbravejava (com razão, ele agora conseguia perceber) sobre como os dois vinham tirando a paz do prédio. – Acho que nós só não o conhecíamos muito bem, na verdade. No exterior ele pode ser bem difícil de conviver, eu preciso dar o braço a torcer sobre isso, mas no fundo... Bom, no fundo ele é o tipo de pessoa que dá uma flor de presente para os vizinhos. – Ele riu, apontando para a gérbera que Maggie ainda segurava com carinho.
– E não foi só a flor. Ele mandou um bilhetinho também, não é, meu bem? – Nina olhou para sua noiva.
– Sim! Um bilhete tão gentil, pedindo desculpas por não ter agradecido antes: aparentemente ele não tinha onde tocar o disco, o que eu acho que faz sentido... Poucas pessoas tem uma vitrola hoje em dia, embora eu ache que é uma pena saber que uma das formas de reprodução musical mais revolucionárias tenha perdido tanto espaço e... Eu estou desviando do foco. O bilhete. Certo – Ela sorriu, tentando reorganizar seus pensamentos.
– Aparentemente ele tem uma vitrola agora, e disse estar muito animado para finalmente poder tocar o disco! – Maggie continuou – Ele também comentou que essa flor, a gérbera, significa novos começos, e esperava que nós pudéssemos recomeçar porque... Você sabe, a primeira impressão que ele passou não tinha sido muito boa, não é?
– Não, realmente não foi. Acho que ele não é muito bom com as primeiras impressões, mas parece ser ótimo com segundas impressões, não é?
– Segundas impressões eu não diria, já que a segunda impressão que tive foi um elevador sendo fechado na minha cara. – Nina respondeu Aziraphale, deixando claro que ela lembrava bem de sua noite de sono mal dormida. – Mas a terceira impressão até que foi boa.
– Acho que eu te devo desculpas por esse dia. Tanto eu quanto Crowley merecíamos ouvir tudo o que você disse, e realmente foi errado da nossa parte envolver tantas pessoas em uma situação que nós dois deveríamos ter resolvido entre nós.
– Tudo bem. – Nina deu de ombros. – Depois de tantos anos atendendo pessoas antes delas tomarem café você acaba se acostumando com todo o tipo de loucura. Mas o que me deixa mais curiosa nessa história toda é: como vocês dois passaram de inimigos declarados para grandes amigos tão rápido?
– Bom... – Aziraphale corou. – Talvez eu tenha... Talvez eu tenha derrubado um vaso na cabeça dele... Sem querer, obviamente!
– Ok, faz sentido. O romance não está morto, afinal. – Nina gargalhou, enquanto Maggie abriu a boca em descrença, com o pão de queijo que planejava comer parado no meio do caminho.
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Good Omens - Entre Tapas e Beijos (Ineffable Husbands)
Roman d'amourAU (alternative universe) - Em que Crowley, segurança de uma boate, resolve caçar briga com seu vizinho de cima pelo barulho de música alta às seis da manhã - ou em que Aziraphale resolve revidar a implicância de seu vizinho do andar de baixo.