– Eu só preciso pegar o buquê da Anathema e aí nós podemos ir. – Crowley abriu a porta de seu então apartamento rapidamente. Ele manteve o capacho da TARDIS e o chaveiro de cobra que continuava no molho de chaves da porta principal, mas tirando essas coisas o apartamento estava irreconhecível.
A quantidade exorbitante de plantas agora tinha aumentado, uma vez que as encomendas de flores também vinham crescendo cada dia mais. O sofá não estava mais ali, e a cozinha se encontrava completamente vazia – não que ela tivesse sido muito habitada em qualquer momento daquelas décadas em que ele viveu ali.
Aziraphale entrou logo atrás, analisando com cuidado algumas das plantas que continuavam no apartamento – as destinadas para venda. As plantas mais importantes tinham se mudado junto com Crowley, como a Flor do Paraíso, que era a menina dos olhos de seu namorado, e que ocupava cerca de metade da pequena varanda dos dois.
– Você tinha comentado recentemente que pediram algo para proteção e segurança, não é? – Aziraphale levantou um dos vasos. – Essa espada de São Jorge seria perfeita para isso!
– Não, ela não seria. – Crowley desconversou.
– Como não? O propósito da espada de São Jorge é espantar energias negativas e servir como um escudo de proteção!
– Sim, esse é o propósito da espada de São Jorge, e eu posso comprar uma outra planta para a encomenda depois do casamento, mas essa em específico está fora de cogitação.
– Por quê? Se você tem a planta que representa perfeitamente o que a pessoa pediu bem aqui, por que você se daria o trabalho de comprar uma outra espada de São Jorge exatamente igual a essa que você já tem?
– Porque – Crowley respondeu sem jeito. – Não existe uma espada de São Jorge igual a essa no mundo. Foi essa aqui que... – Ele sorriu. – Bom, foi essa aqui que você jogou na minha cabeça, tempos atrás.
[Seus olhos, meu clarão; Me guiam dentro da escuridão; Seus pés me abrem o caminho; Eu sigo e nunca me sinto só]
– E você... Guardou ela durante todo esse tempo? – Aziraphale sentiu os olhos marejarem.
– É claro que sim! Eu rego, troco o extrato quando é necessário, troquei o vaso por um mais adequado... Foi por essa espada de São Jorge que tudo começou, eu jamais me desfaria dela. Eu deixo ela aqui para me recordar que às vezes, até das situações mais malucas e insanas nós podemos tirar as melhores coisas da vida.
– Crowley, isso é... Lindo. – Aziraphale trocou um beijo carinhoso com seu namorado.
– Talvez seja a hora dela voltar para casa. – Crowley deu um tapinha no vaso que estava nas mãos de Aziraphale, apontando para o apartamento dos dois logo acima. O apartamento do qual ela tinha se originado. – Mas no momento nós realmente devemos levar o buquê de Anathema. Acho que seria de péssimo tom se chegássemos mais atrasados que a noiva.
***
A cerimônia foi linda. Crowley não conseguiu conter as lágrimas em momento algum. Ver sua melhor amiga se casando com seu melhor amigo, segurando o buquê de flores que você mesmo tinha planejado e montado era, sem dúvidas, uma das melhores coisas da qual ele sequer poderia sonhar. Ele tinha passado noites em claro tentando imaginar quais flores poderiam incorporar aquele buquê, que ele sabia que precisava ser perfeito.
No final, Crowley decidiu por uma combinação de hortênsias, rosas vermelhas e tulipas. Definitivamente não era um buquê convencional, mas nada na história de Newt e Anathema era convencional. Ali, ele buscou representar o relacionamento dos dois: as hortênsias remetiam à amizade e lealdade dos dois, enquanto as rosas vermelhas representavam o amor compartilhado durante todos esses anos juntos, antes mesmo de serem um casal; as tulipas, por fim, representavam a sensibilidade com que ambos tomavam o relacionamento.
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Good Omens - Entre Tapas e Beijos (Ineffable Husbands)
RomansaAU (alternative universe) - Em que Crowley, segurança de uma boate, resolve caçar briga com seu vizinho de cima pelo barulho de música alta às seis da manhã - ou em que Aziraphale resolve revidar a implicância de seu vizinho do andar de baixo.