Tae

155 15 0
                                    

Meu olhar se perdeu em meio a tantos
corpos e sexualidade. Nascido e criado dentro de um Clube de suingue, me sentia mais em casa nu envolvido com tantas pessoas do que na minha própria casa.

Sorrio com ironia... que casa? Qual lugar
poderia chamar de lar? Meu apartamento no exterior? Um quarto no clube? Meu carro ou
mesmo o jatinho particular do meu pai?

Apesar de amar imensamente Alberto, o
ressentimento estava corroendo minhas veias. Pela segunda vez tentei visitar minha cidade natal e pela enésima vez meu pai se impôs contra minha ida até lá, porque ele mesmo não poderia me acompanhar.

Quantos anos ele achava que eu tinha?

Tão acostumado a me ver obedecer, nossas
últimas conversas por telefone foram apenas discussões e mais discussões. Além de gerenciar seus negócios idôneos, também tomava conta dos vários clubes espalhados pelo país. Já estive em todos, usei e abusei do meu corpo e dos outros em todos eles, menos um, menos o da minha cidade natal.

Pensando na minha infância e adolescência, percebi que meu pai conseguiu desconversar sobre o assunto e me fazer esquecer onde nasci de forma discreta. Enquanto eu ficava
curioso sobre minhas origens, ele mudava de assunto e me entretinha com estudos e sexo.

A arte da sedução e interpretação da
linguagem corporal me foi apresentado muito antes de entrar na puberdade. O que, para mulheres, isso poderia ser um ato de abuso, para mim foi apenas a introdução no mundo da luxúria. Não me ressentia
do passado, mas com certeza prolongaria minha infância se me fosse permitido mudar o que já foi.

Dentro e fora do ambiente do clube, fazia
mulheres se apaixonarem em poucos minutos.

Muitas delas se rendiam e caiam na minha cama, o tempo de conquista era quase um desafio pessoal para mim, quanto antes, mais poderoso me sentia.

Levava essa necessidade imediatista para o
campo dos negócios. Muitos diziam que lia mentes, fechava ótimos preços com fornecedores além de sociedades apenas fazendo leitura corporal.

Sentia-me como rei em um mundo onde
não existia reino. Apesar dessa busca de querer mais e mais rápido, não saber quem era minha mãe e sentir, dentro de mim, que não tinha um vínculo sanguíneo com meu pai, era esmagador.

Ansiava por respostas e tinha certeza que
encontraria nessa família: Bangtan.

Estava com meu pai, em um dos clubes,
assistindo uma apresentação de BDSM, que não me agradava tanto, mas a meu pai sim, quando a notícia sobre o casamento de Seokjin o pegou de surpresa. Intercalando entre assistir a cena a sua frente e olhar o celular, vi Alberto congelar e emanar raiva ao ler essa matéria.

Então, esse sobrenome puxou na minha
memória as várias vezes em que vi meu pai lutando contra essa família, sempre gastando energia para se vingar de alguém que o fez muito mal. Tão focado em estudar e alimentar meu ego, não percebi que as perguntas estavam na minha cara e nunca me permiti olhar mais a fundo.

Ou, talvez, só não estivesse preparado para as respostas que viriam com os questionamentos.

Como sempre, não consegui descobrir o
motivo de tanta raiva de Alberto e viajei para longe dele em busca de acalmar minha mente além de pensar no que fazer. Era momento de tirar essa história a limpo, estava cansado de fugir e me esconder entre a putaria.

Iria completar vinte sete anos, tinha muitos
bens e posses junto com meu pai, porém, o que era meu de verdade? Quais dessas coisas era combustível para me manter são?

Foi então que uma ligação decidiu o rumo
da minha vida e agarrei com unhas e dentes a oportunidade de saber mais sobre o que sempre se mantinha às escuras.

Sentado em uma poltrona, assistindo pela
parede espelhada a mulher ser devorada por cinco homens, meu pau ganha vida com dificuldade, já que estava tão acostumado com essas cenas.

Quando me estimulei com a mão, meu celular vibrou no meu bolso e tudo o que tinha conquistado de uma ereção foi embora.

Coloco o aparelho no ouvido, sem olhar
quem me ligava, um tanto chateado.

— Taehyung, preciso de você em casa —
Alberto parecia bêbado quando me cumprimentou pelo celular.

— Pai, você está bem?

Sua risada alta e um pouco histérica me
fez respirar fundo com preocupação.

— Estou ótimo, maravilhosamente bem. É
momento de fechar um ciclo, ter de volta o que sempre foi meu e você fará parte disso.

— Você não está falando nada com nada,
pai. Farei parte do quê? — Levantei da cadeira e fiquei de costas para o sexo grupal que acontecia.

Esse era o escritório principal do clube de suingue que mais frequentava.

— Estou na sua terra natal, garoto. —
Franzi o cenho irritado por ser chamado assim. Havia deixado de ser um garoto há muito tempo. — Meu jatinho está te esperando no aeroporto. Venha direto para o clube, sem desvios.

— Por que agora?

— Por que não? Ajude seu velho a ter paz
e finalmente ter a vingança que merece. Eles também foderam com sua vida, vai me ajudar a fazê-los pagar!

Ele encerrou a ligação sem me permitir
questionar o quê, como ou quando. Todavia,
respirei fundo e acenei em concordância, se
precisava fazer parte da loucura do meu pai por um momento, para saber o que realmente se passava com ele e comigo, então, seria seu instrumento.

Os 6 irmãos BangTan Onde histórias criam vida. Descubra agora