Qual é o meu crime desta vez?
Você não é um juiz,
mas você vai me julgar(Ignorance — Paramore)
Chego em casa, meu corpo trêmulo de raiva, incapaz de acreditar que aquele maldito homem ousou me esbofetear. Minhas veias ardem com fúria, e uma parte de mim anseia por retornar, de maneira descontrolada, e desfazer o que resta da minha sanidade. Com um chute, liberto meus pés dos sapatos, finalmente, após uma noite exaustiva, ao menos poderei desfrutar de algum descanso merecido.
Caminho até a cozinha e abro a geladeira, pegando uma garrafa de água. Desabo no sofá, ligando a televisão em volume baixo, desesperada por um breve alívio. Em questão de minutos, no entanto, o cansaço vence, e sou arrastada para o mundo dos sonhos.
— Abbe? Acorde. O que faz aqui? — Uma voz feminina, sua voz, invade meu sono, e lentamente, meus olhos se abrem.
— Você não deveria estar trabalhando? — Nicolle indaga, sua expressão de surpresa me encontrando nos primeiros momentos de despertar.
Encaro os olhos castanhos de Nicolle por alguns segundos, enquanto recobro a consciência. Minha voz, rouca de sono, finalmente sai.
— Fui demitida. Aquele desgraçado não apenas me demitiu, mas também me esbofeteou como se eu fosse uma mendiga. — Digo com o sangue já subindo em minhas veias.
— Espere, do que está falando? — Nick pergunta, com uma expressão confusa.
— Estou falando que fui demitida e agredida como se fosse um cachorro de rua. — Eu respondo, deixando transparecer toda minha indignação. Em seguida, relato todos os detalhes da conversa com Christopher.
— Você então não está demitida, não assinou os papéis. — Nicolle contesta, logo após eu concluir a narrativa.
— Eu não piso naquele lugar de novo Nicolle. Não sou um capacho para ser tratada assim, não vou me arrastar por um emprego medíocre que eu não preciso. Por mim Christopher pode enfiar a empresa dele no meio do seu cu, com aquele bando de funcionários arrombados. — Desabafo, lançando uma almofada com força na parede.
— Você vai contar para sua mãe que perdeu o emprego? — Nicolle interrompe com a pergunta inevitável.
Respiro profundamente, a questão que já esperava, finalmente se materializa. Estou cansada de esconder coisas e de varrer a verdade para debaixo do tapete, após ter refletido longamente sobre o ocorrido no dia anterior, eu decidi. É hora de confrontar a realidade.
— Vou contar a verdade para ela. — Digo com a expressão séria e toda a determinação que possuo em meu ser.
Nicolle, surpresa com minha resposta, arregala os olhos e dá um passo para trás. A reação dela após tanto tempo de mentiras não me surpreende.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The stripper
RomansDe cima do palco, é fácil confundir meu trabalho. A luz neon bate no meu corpo e realça minhas curvas já visíveis graças a pouca roupa que eu estou usando. O pole, é como um velho amigo, ou como um amante, nos misturamos e nos unimos com graça e s...