Capítulo 19 | Fofocas de banheiro

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Ah, e você já ouviu falar de mim
Oh, eu tenho alguns grandes inimigos

(End Game — Taylor Swift)

Eu me aproximo de Christopher cautelosamente, como um passo em direção a um campo minado

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Eu me aproximo de Christopher cautelosamente, como um passo em direção a um campo minado. A lembrança do almoço com ele escapou por entre as fendas da minha memória. Seus olhos, semicerrados, fixam-se em mim enquanto tomo o lugar à sua frente. Em sua mão, uma caixa de comida chinesa que ele estende para mim. Um gesto simples, mas carregado de significado sob as circunstâncias.

— Posso perceber que não está fugindo de mim, Abigail. — Ele diz com um tom de voz controlado, apesar da ferocidade em seus olhos puxados.

— Não estava, eu estava com Joseph. — A mera menção de Joseph parece aumentar sua inquietação. — Estamos com um problema no setor de marketing.

— Que problema seria esse? — A preocupação evidente enquanto ele franze o cenho.

— Creio que Joseph irá discutir com o senhor sobre isso mais tarde. — Digo abrindo minha comida. O aroma exótico da culinária chinesa enche o ar, e meu estômago responde com um ronco involuntário.

— Estou perguntando a você, Abigail. — Ele insiste, a intensidade de seu olhar inabalável.

Deslizo os pauzinhos pela comida vagarosamente, uma pausa calculada antes de responder. 

— Há uma discrepância notável nos relatórios de gastos do setor de marketing. A soma dos gastos controlados por Joseph é cerca de 50 por cento menor do que a soma total. — Digo depois de um tempo.

— De quanto dinheiro estamos falando? — Christopher diz, seu cenho franze ainda mais e ele parece realmente um CEO nesse momento. Nada de flertes mal disfarçados ou tom de voz lascivo. 

— Muito dinheiro, Chris, Joseph ainda vai conversar com o departamento financeiro, mas ao que tudo indica, os gastos atingem a casa dos milhões. 

A reação de Christopher é imediata. O punho bate na mesa com uma explosão de frustração, e seus dedos varrem seus cabelos em um gesto que evidencia sua agitação, meus olhos não podem evitar acompanhar seus movimentos. Me incomoda ver ele assim, mas não estou na empresa a tempo o suficiente para sequer ter uma teoria do que pode estar acontecendo, a única certeza é que alguém está roubando Christopher e nesse momento, pode ser qualquer um.

— Tem algo que eu possa fazer para ajudar? — Pergunto cautelosamente minha voz, uma oferta sincera de suporte.

— Não. — Ele responde e se levanta. Deixando sua comida pela metade enquanto se afasta já falando ao celular. 

(Separação)

O caos engole a empresa até o fim do dia, a notícia do déficit de 1,5 milhão de dólares no setor de marketing se espalha como um incêndio incontrolável. O burburinho cresce, uma onda de especulações e acusações que ameaça engolfar a todos nós.

Atravesso os corredores em direção ao banheiro, e lá encontro um par de senhoras, não tenho ideia dê a qual setor elas pertencem. A mais velha, por volta dos quarenta anos, está inclinada sobre a pia, concentrada em passar batom sobre seus lábios. Ao seu lado, a mulher mais jovem prende seu cabelo num coque alto.

— Você não acha estranha essa história do dinheiro? — Pergunta a mais nova, sua voz sussurrante carregada de intriga. — Tipo, como ninguém percebeu, como o senhor Chase não percebeu essa falta? Não da para simplesmente perder dois milhões assim.

— Você acha que ele tem algo haver com isso? — Responde a mais velha com o cenho franzido, a voz carregada de curiosidade.

— Acho que faz sentido. Ele teria motivos, não é? Todos sabem o que aconteceu…

— Do que você está falando Natalie? — A mais velha olha para a mais nova enquanto fala, mostrando-se cada vez mais interessada na fofoca.

Os olhos de Natalie se estreitam, como se ela estivesse pronta para revelar um segredo obscuro.

— Fiquei sabendo que o senhor Chase já namorou a noiva do senhor Park, aparentemente ele era muito apaixonado por ela, mas ela preferiu o cara com o salário maior. E o que ele fez? Aceitou isso numa boa. A mulher da vida dele preferiu seu melhor amigo e ele nem ligou. Sempre achei que tinha algo errado nessa história. Eu pensava que talvez ele fosse um gay enrustido, mas, acho que ele só estava planejando uma boa vingança. 

As palavras de Natalie reverberam em minha mente, um turbilhão de pensamentos se formando em resposta. Meus olhos se encontram com os delas no espelho enquanto passo para ir até as cabines, as mulheres nem mesmo se importam em parar de fofocar enquanto olham de volta para mim.

— O senhor Chase sempre me pareceu tão certinho, com aqueles olhos azuis. — A mais velha responde fazendo um barulho com a boca.

— Esses olhos muitas vezes escondem mais do que revelam.

A fofoca continua, mas simplesmente paro de prestar atenção quando entendo do que se trata. Joseph, elas pensam que ele é quem roubou o dinheiro, não apenas isso, o que é toda essa história que Natalie contou sobre ele ser um ex namorado de Lisa? Não sei se devo acreditar em fofocas de banheiro, mas, sinto que tem algo mais nessa história.

Quando volto a prestar até a conversa mudou de assunto, as vozes das mulheres estão mais baixas e apenas algumas palavras são distinguíveis, como “prostituta”, “vagabunda” e “fácil”, quando saio do banheiro e noto elas me encarando com um olhar de diversão nos olhos. 

— Podem continuar, meninas, não se sintam intimidadas por minha presença. — Murmuro enquanto me aproximo da pia para lavar as mãos.

Quando saio do banheiro, o olhar das mulheres me segue. Não me sinto intimidada por suas fofocas ou olhares de diversão. Neste ambiente de intrigas, meu foco está, além disso.

Não me abalo com suas ofensas, ignoro isso como ignoro as brigas por poder no clube, as mulheres deviam se unir, mas algumas vezes parece que estão disputando quem puxa o tapete da outra mais rápido, isso é patético.

Volto para a minha mesa e mergulho no trabalho, perdida em um mundo de números e relatórios. O escritório esvazia gradualmente, a noite assumindo seu domínio sem eu perceber. Quando finalmente ergo o olhar, Joseph está diante de mim novamente, entretanto, dessa vez tenho muitas perguntas para ele.

 Quando finalmente ergo o olhar, Joseph está diante de mim novamente, entretanto, dessa vez tenho muitas perguntas para ele

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