Bem Inconsequente

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                       《Alissa》

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                       《Alissa

É um povo talentoso esse de Recife. Na esperança de que Fabiano fosse fruto da minha imaginação, formado pela mistura do álcool da caipirinha com os meus antidepressivos, eu observava a pintura da garota de cabelos castanhos soltos ao vento no extenso quadro, pendurado em uma das laterais do corredor onde situa-se os elevadores do hotel. Lembrando-me uma sala de interrogatório, embora a situação soasse mais como uma colonoscopia invasiva, a única luz do local provinha da luz incandescente automática acima de nós.

O botão do elevador já fora apertado. Voltei meu rosto para Fabiano, e embora esse não fosse seu perfil, eu busquei vestígios de humor para suas palavras recém-ditas. Só perda de tempo. Sem qualquer vestígio de humor, quando o riso deixou meus lábios, meneei a cabeça.

“Mas, nem fodendo”. Argumentos bem construídos são tudo. Aparentemente alheio ao ocorrido, impassivelmente os olhos escuros de Fabiano permaneceram me encarando.

“Escolha algo elegante quando for se vestir”.

Ainda com as mãos nos bolsos frontais do seu short, Fabiano fez menção de virar-se.

Pestanejei.

“Tenho um congresso amanhã para ir”. No riso que dei após meu protesto, o humor era ausente.

“É uma das coisas que se vem anexado quando se é ativista político”.

“É”. Girando seu rosto, uma rápida lufada de ar deixou suas narinas, enquanto ele erguia um dos lados da boca. “E o Sr Downey tem uma assinatura na qual você consente fazê-lo sempre feliz”.

Á medida que ele falava sutilmente a rispidez assumiu seu rosto. “Arrume-se”.

Suas mãos permaneceram nos bolsos. Virando-se no momento antes de encaminhar seus passos para a recepção logo à frente, ele se deteve.

“Estarei lhe aguardando na recepção”.

O elevador bipou indicando que chegara no andar. As portas metálicas separaram-se e entrei putassa na cabine, encurtando rapidamente um dos cantos da minha boca. Não parece muita coisa a ideia de música regada a conversas alegres com os amigos, comparado a levar pirocada de Robert Downey Jr, mas naquele momento era o que eu queria. Álcool, antidepressivo... tento não usar isso como justificativa para tudo na minha vida.

Lufadas enérgicas de ar deixando meu nariz acompanhavam-me na minha saída do elevador. Fui para o quarto.

Dentro do cômodo lancei um rápido olhar para o celular. Adversa a ideia do que me ocorreu, fui para o banheiro. Soltei meus cabelos e livrei-me do biquíni no trajeto.

Pálida, cabelos escuros, espalhados pela água quente. Meu reflexo no Box soltava a respiração pelos lábios entreabertos. Meu estômago estremeceu, soltei meu pulso, cuja cicatriz existente ali eu apertava com minha unha pontiaguda. Por consecutivas vezes bati meu punho cerrado contra a parede. Arfante, eu tinha lágrima correndo pelo meu rosto. Cessei o movimento quando consegui o controle da minha respiração. Era só um momento, como minha terapeuta costumava dizer.  Um congresso nacional do movimento se aproxima, eu terei mais momentos como esse.

My Sweet Sugar Daddy | Imagine Robert Downey Jr Onde histórias criam vida. Descubra agora