Capitulo XIX

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Tweek P.O.V

Ok, o Craig ganhou alguns pontos com essa rodada de encontros que planejou.

 Durante nosso período de tempo juntos como namorados, passei a ver coisas que como melhor amigo passavam despercebidas. Craig gostava de sanduíches de queijo quente, suas bochechas ficavam vermelhas quando sentia calor, ele tinha o costume de morder a língua para segurar suas provocações sobre mim.

Gostar dele implicava muito mais do que apenas "gostar", o garoto moreno era como um quebra-cabeça de cinco mil peças completamente desmontado. Se eu tão pouco sabia sobre mim, me surpreendia o fato de saber tudo sobre Craig Tucker.

O sol começava a se por no horizonte da longa avenida pela qual pedalávamos até a casa abandonada no meio da floresta onde usávamos como lar por longas semanas, com o passar dos dias consegui perder o medo do escuro que rodeava aquele lugar.

Assim como eu, aquela casa estava destruída por fora. Haviam muitos galhos e ramos de ervas daninhas que cobriam suas paredes amarelas criando o visual pitoresco que estávamos acostumados. Porém, por dentro com todas aquelas luzes de natal, quadros e pôsteres com qual decoramos, se tornara um dos locais mais bonitos que já vi.

As palavras de Cartman ecoaram por meus ouvidos como naquela fatídica tarde, havia um rastreador em mim que mais cedo ou mais tarde colocaria todos nós em perigo. Para proteger quem amo, eu preciso ser mais forte.

- Craig, eu posso te encontrar mais tarde? - Perguntei para ele que parou sua bike me encarando.

- Por que? - Levantou uma sobrancelha.

- Preciso passar em casa antes. - Apontei para a esquina da minha rua. - Vai ser rápido.

- Posso ir com voc... - O cortei antes de terminar a frase.

- Eu te vejo depois então! - Voltei a pedalar em direção a casa dos meus pais.

Podia sentir seus olhos me seguirem até o momento em que desapareci na rua, virei a esquina pedalando até a porta de carvalho vermelho que até alguns dias atrás era tão familiar a ponto de saber quantas linhas haviam no desenho da madeira. Toquei a campainha três vezes, na espera de que abrissem a porta.

- Tweek? - A mulher abriu a porta cobrindo a boca com a mão, a manga esfarrapada do casaco suja com farinha de trigo. - Esta tudo bem? Entre esta frio querido.

- Senhora. - Ela abriu espaço para que adentrasse a casa, segui passos até a cozinha a ouvindo chamar meu pai.

- Eu estava fazendo cupcakes para a cafeteria, quer provar? - Apontou para o bolinho de chocolate com granulado em cima da mesa.

- Eu posso? - Olhei para ele sentindo o cheiro doce inundar a cozinha.

- É claro filho. - Peguei um levando a boca, como sempre, a comida da Sra. Tweak era deliciosa.

- Eu ainda posso te chamar de mãe? - Perguntei olhando para o chão, receoso por sua resposta.

- É claro, apesar do que aconteceu, ainda te consideramos nosso filho e sempre consideraremos. - O homem que adentrou a cozinha aparentava estar cansado, seus ombros cabisbaixos a medida em que sentava na cadeira a minha frente. - Mas não se sinta pressionado a fazer isto, não queremos te forçar a nada.

- Me desculpem... - Pedi num tom baixo, apesar de que tinha certeza de que ouviriam. - Eu precisava pedir um favor a vocês, sei que é egoísta aparecer aqui somente quando preciso de algo... mas eu não sabia mais a quem recorrer.

Senti sua mão sobre meu ombro ouvindo minha breve explicação sobre o dispositivo que haviam implantado em mim. O passado dos meus pais seria útil neste momento, afinal minha mão já fora enfermeira e meu pai um médico cirurgião antes de abandonarem tudo por mim.

Amor com Falhas (CREEK)Onde histórias criam vida. Descubra agora