Sanji - Capítulo 5

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Coloco minha caneta sobre a mesa e mentalizo as anotações que revisei na noite passada. O professor troca vários alunos de lugar, podendo ouvir seus murmúrios descontentes por seus sistemas de cola terem caído por terra.

— Já falei pra não arrastar a cadeira! — o professor repreende os estudantes novamente.

Ele espera o barulho cessar e começa a distribuir as folhas do teste viradas para baixo. Olha para o relógio de pulso e volta-se à turma:

— Podem começar.

Viro a minha folha junto com os alunos, fazendo o bater dos papéis soar pelo ambiente. Dou uma olhada superficial e contabilizo 3 questões de certo-errado, 5 de alternativas e 2 discursivas. Preencho o cabeçalho com minhas informações e leio o enunciado da primeira pergunta.

Fiquei posicionado na primeira fileira perto da parede, na antepenúltima carteira. Atrás de mim está Luffy, e Zoro se encontra no último lugar.

O teste está com dificuldade média. Começo a preencher as respostas, pulando algumas questões, pretendendo às deixar para o final.

— Ei! Psiu! — Luffy sussurra atrás de mim, mas o ignoro — Ei, Sanji!

— O quê? — sussurro de volta.

— Passa a resposta da 2.

— Quem tá pedindo?

— O Zoro.

— Manda ele à merda.

— Oí, Zoro. Te mandou à merda — fomentou ao Marimo.

— Silêncio durante a prova! Se esse fuxico continuar eu zero a prova de vocês! — brigou o professor.

Retorno minha atenção novamente e esboço   minhas questões dissertativas. Só falta eu terminar de escrever e logo acabarei o teste. Francamente, se eu não tivesse estudado por conta própria, o teste seria impossível, já que o professor deu poucas aulas e aparentemente não sabia explicar a própria matéria.

— Ei, Sanji — sussurra de novo cutucando minhas costas fortemente.

— O que é, caramba? — digo irritado por ter meu raciocínio interrompido.

— Passa a 2 aí, na moral. Também quero saber.

— Marquei a D.

Mentira, eu marquei a C.

— Valeu — agradeceu passando a resposta para o papel.

Sei que parece ingratidão da minha parte. Luffy foi muito receptivo e amigável comigo, se esforçando ao máximo para eu conseguir me enturmar entre seus amigos – o que, sinceramente, não entendo o porquê dele fazer tanta questão disso.

Na verdade, estar com Luffy, Nami, Usopp, Robin e até mesmo o pequeno Chopper me trouxe uma leveza que não sentia há anos. É fascinante ver a dinâmica do grupo entre si. Parecem ter intimidade o suficiente para rir da desgraça um do outro, sem deixar de apoiar e acolher a todos. Seus jeitos extrovertidos e cômicos me fizeram esquecer por um instante de minhas responsabilidades. Suas curiosidades em me conhecer e o apreço por minha comida me fizeram crer – por um minúsculo momento – que eu poderia pertencer àquele grupo de alguma forma. Em pouco tempo, eles me fizeram acreditar que, de fato, é essa a adolescência que mereço. Mesmo assim, toda essa leveza despertou outro sentimento em meu peito: dúvida.

Porque eles querem minha companhia? O que eu fiz para merecer seus afetos? Talvez no fundo eles me achem ridículo e estejam fazendo piada de mim.

De qualquer forma, eu não passarei a resposta para Luffy. Primeiramente, porque é obrigação dele ter estudado. Segundamente, porque eu não posso deixá-lo se aproveitar de mim. Talvez Luffy queira ser meu amigo apenas para eu cumprir seus interesses e depois me descartar.

Quando O Amanhã Chegar - zosanOnde histórias criam vida. Descubra agora