— Perona, coma mais devagar ou vai se engasgar! — alerta Mihawk de frente ao fogão enquanto remexe os ovos na frigideira.
Ela continuou comendo de forma acelerada, enquanto mexia no celular e via a divulgação de algum evento que ocorrerá hoje no centro da cidade.
A manhã está corrida. Meu pai cozinha e se prepara para o trabalho. Perona e eu nos arrumamos para a escola.
Visto meu moletom e calço meu tênis de forma desajeitada, dando leves tropeços.
— Zoro, venha comer esses ovos. Eles são fontes de proteína e ótimos pra ganhar massa muscular.
Com a espátula, ele desloca os ovos para um prato de vidro e o põe à mesa. Sento na cadeira ao lado de minha irmã e como com rápidas garfadas.
— Valeu, pai — digo com a boca cheia me levantando da mesa e pegando minha mochila rapidamente.
— Pera aí, mocinho — diz segurando meus ombros, impedindo-me de correr — Que tal me agradecer lá na academia hoje depois das aulas? Faz tempo que a gente não luta juntos. Dessa vez posso até te deixar ganhar.
Meu pai e eu temos a tradição de lutar kendo pelo menos uma vez por semana. Nós marcamos pontos e apostamos, o que na maioria das vezes é injusto, já que Mihawk – além de ser bastante competitivo – é mestre nessa arte marcial e frequentemente saio perdendo. Mas no fim, fazemos tudo por diversão e, claro, para melhorar nossas habilidades no esporte. E ainda é uma desculpa perfeita para passar um tempo entre pai e filho.
Porém, agora há um pequeno problema: fazem mais de três meses que não coloco minhas mãos na bainha de minhas espadas. E não quero mudar isso tão cedo.
— É...não vai rolar — digo apreensivo, desviando de seu olhar.
O singelo sorriso em seu rosto se desfaz aos poucos e sinto meu coração quase se despedaçar em culpa. Abro a boca e tento formular uma justificativa para a recusa do seu contive, mas as palavras simplesmente não saem. Eu queria poder explicar.
— Hum, tudo bem — ele solta meus ombros e vira-se de costas, voltando para o fogão — Só acho engraçado que se fosse o Luffy pedindo você ia na hora. Se ele se jogar da ponte você vai junto?
— Pai — choramingo colocando a mão no rosto.
Por acaso os pais vem de fábrica com um manual de frases clichês?
— Não, tudo bem. Já estou acostumado. Vocês, filhos, só vão me dar valor quando eu sumir.
— O estilo dramático não combina nada com você. A gente pode ver um filme, sair ou sei lá. Eu estou um pouco cansado, também. Pratiquei bastante com o saco de pancadas.
Mostro minhas mãos enfaixadas por conta do treino e depois olho para o relógio de parede da cozinha e concluo que já está na hora de ir.
— Tchau, pai. Tchau, pirralha.
Sacudo meus dedos entre os fios rosas de Perona, bagunçando seu cabelo, que logo reclama.
Saio de casa ligeiramente.
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Aula de biologia e segunda-feira é definitivamente a combinação mais radioativa já criada pelo sistema educacional.
Meu pulso dói ao copiar o longo texto ditado pelo professor sobre Genética. Tudo isso por culpa de um velho tarado e desocupado chamado Mendel que decidiu que seria uma ótima ideia ficar cruzando ervilhas por aí. Se ele tivesse uma louça pra lavar naquela época eu não estaria aqui gastando todos meus neurônios tentando entender essa porra.
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Quando O Amanhã Chegar - zosan
Hayran KurguSanji é um adolescente perfeccionista e de passado conturbado, que vive em busca de aprovação acadêmica para impressionar o chefe do restaurante onde trabalha. Porém, em um solitário intervalo da escola, o menino das sobrancelhas enroladas acaba tr...