Estou quase pondo meu pé para fora do apartamento, quando sinto o celular vibrar no bolso. Ligo o aparelho por curiosidade. É uma mensagem de Zeff.
Velhote:
Vai chover
Leve o guarda-chuvaSaio do aplicativo de mensagens e abro a previsão do tempo para confirmar. Realmente, a probabilidade de chuva estava bem alta, apesar do céu estar limpo de nuvens, mas não irei pagar para ver. Pessoas acima dos 40 anos desenvolvem um sensor climático quase infalível.
Volto para meu quarto e ponho o guarda-chuva desleixadamente dentro da mochila. Retorno ao meu ponto inicial e tranco a porta do apartamento.
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Os alunos correm de um lado para o outro no perímetro da sala. Ouço o som das folhas de caderno batendo desesperadamente. Um amontoado foi feito em torno do aluno inteligente da sala. Alguns alunos estavam sentados em suas cadeiras e é quase possível visualizar suas orações sendo feitas mentalmente. Hoje é o tão esperado – e tão temido – teste de química. Tudo parecia tranquilo quando foi avisado que o teste seria com consulta no caderno, entretanto, houve uma mudança de última hora, o que deixou a sala de aula em um completo caos, tal qual em um cenário pós-guerra.
Para completar de vez o desespero dos alunos, a professora entra em sala, sem sequer dar bom dia e tira seu amontoado de cópias do teste. Suas primeiras palavras são ordens para deixar apenas a caneta em cima da mesa. Antes de guardar meu caderno, dou uma rápida olhada em minhas anotações.
A professora troca alguns alunos de lugar, na tentativa inútil de evitar cola. Mal sabe ela que quando se trata disso, os alunos incorporam um espião da União Soviética tentando invadir o sistema cibernético dos Estados Unidos. Os tolos viram o pescoço e tentam ver a resposta do colega da frente. Mas os mestres na arte da cola usam a sola dos sapatos, restos de pontas de lápis e até código morse.
O barulho dos tamancos da professora ressoa pelas fileiras. Ela distribui as folhas grampeadas para os alunos. E a palavra "grampeadas" automaticamente nos faz entender que há no mínimo umas dez questões – com longos textos – a serem feitas.
Olho para meus dedos manchados de tinta azul da noite anterior. Não lembro até que horas fiquei acordado, porém minhas pálpebras pesadas indicaram que obviamente não foram as 8 horas necessárias para uma boa noite de sono. Tudo isso graças ao meu trabalho noturno no Zeff's e a um infeliz do apartamento ao lado que decidiu que seria uma ótima ideia dançar tango às 3 da madrugada.
Assim que a folha é deixada em minha mesa, preencho o cabeçalho e começo a ler a primeira questão, forçando minha concentração. Leio o parágrafo mais de uma vez. Risco a folha, anulando as questões erradas e grifando partes do texto que possivelmente me encaminharão à resposta. Consigo realizar o primeiro verso sem dificuldades. Na segunda parte, encontro questões mais complexas, porém as pulo, pretendendo fazê-las por último. Enquanto estou quase finalizando o teste, parte do meu cérebro está focado em outra coisa além de reações orgânicas, isomeria plana ou qualquer coisa do tipo: Zoro.
Ao contrário de mim, ele não pareceu constrangido pelo que aconteceu ontem. É claro que sua mente – assim como a minha — ainda deve estar em colapso, pois é estranho expor a parte mais íntima de si para a pessoa que há poucos dias atrás queria fatiar em pedacinhos. É curioso pensar que foi degradante eu ter chorado em sua frente, mas não foi tão deplorável assim eu consolar seu choro. Ao mesmo tempo que estava pagando uma dívida, me senti...humano.
Assim como eu, Zoro também possui suas armaduras e máscaras. Talvez eu tenha criado uma imagem insensível e explosiva de si, que me impediu de enxergar que é uma pessoa feita de medos e fraqueza assim como todas as outras.
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Quando O Amanhã Chegar - zosan
FanfictionSanji é um adolescente perfeccionista e de passado conturbado, que vive em busca de aprovação acadêmica para impressionar o chefe do restaurante onde trabalha. Porém, em um solitário intervalo da escola, o menino das sobrancelhas enroladas acaba tr...