Zoro - Capítulo 20

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Dor de cabeça, corpo molenga, olhos cansados, boca seca, estômago roncando. Estes são os principais sintomas de quem está tendo uma aula de matemática.

A professora está sentada em frente a sua mesa, olhando despreocupadamente para o seu crochê, como se a poucos minutos atrás não tivesse passado um exercício demoníaco de dezessete questões – dentre elas, cinco de vestibular –, jogado essa bomba para trinta adolescentes – dos quais 90% mal sabem fazer regra de três – e resolvido como se fosse a coisa mais fácil do mundo.

Se fosse há dois séculos atrás, provavelmente eu estaria no canto da sala com um "chapéu de burro" na cabeça por não conseguir fazer sequer uma questão sem sentir meu cérebro fritar. Reli o enunciado várias vezes, mas foi inútil, simplesmente não consegui visualizar os números e aqueles malditos triângulos.

Robin e Nami juntaram suas cadeiras para conversar. Usopp esconde o rosto com a mochila evitando a luminosidade, ainda se recuperando da ressaca da festa. Luffy come um salgado comprado mais cedo pela ruiva, mal sabendo que será cobrado pelo dinheiro do lanche pelo resto da vida. Por fim, Sanji mexe em seu celular, seu caderno está aberto sobre a mesa, dou uma espiada vendo que as folhas estão completamente organizadas, com cada exercício feito meticulosamente. Aposto que não teve nenhuma dificuldade para realizar as questões. Às vezes ele é tão perfeitinho que irrita.

Encosto minha cabeça na parede, porém não fecho os olhos. Ultimamente, estou sentindo menos sono durante as aulas, diferente de como era antes. Depois que deixei Sanji em casa ontem, retornei para a academia e voltei a lutar. Além de matar a saudade, o treino gastou toda minha energia. Maior ainda foi a surpresa de meu pai, que faltou pular de alegria ao saber que voltei ao kendo, e já marcou um dia para lutarmos juntos novamente. Enfim, não lembro-me de ter dormido tão bem nos últimos meses.

Anoto mentalmente de agradecer o cozinheiro depois. Provavelmente sem ele não teria coragem sequer de chegar perto da porta daquela sala.

— Ah não — ouço Nami reclamar.

Um burburinho se inicia na turma.

— Que foi? — pergunto.

— Olha pro quadro.

Obedeço a ruiva e me junto à onda de reclamação:

— Merda, mas já?

A professora tampa seu pequeno bastão de tinta azul, o repousando no suporte abaixo do quadro branco. No centro da grande lousa, há um importante bilhete – capaz de acabar com o humor de qualquer estudante – escrito em letras garrafais: "PROVAS GERAIS", e abaixo, a data marca para o dia da prova, que reuniria conhecimentos de todas as disciplinas ensinadas no bimestre, embutidas em cerca de 80 questões.

— Fodeu. Fodeu bonito — Usopp ri nervosamente.

— Tem professor que nem deu a matéria toda ainda — Nami enfatiza.

— Ou deu mal feito — acrescenta Robin.

— Odeio aquele professor de biologia — esbravejo entre dentes.

— Eu já entreguei minha nota nas mãos de Nossa Senhora do Brioco — Luffy comenta banalmente, lambendo seus dedos sujos do queijo que vazou do salgado.

— Eu quero férias — Usopp enterra sua cabeça na mochila, choramingando de forma teatral — Ainda tem tanto trabalho pra fazer.

— Calma, Usopp, ainda falta umas três semanas para a prova — Robin acaricia o ombro do cacheado.

— A gente poderia se reunir para estudar — Nami sugere mascando seu chiclete de menta — É só marcar um dia. Amanhã, talvez?

— Boa! — Luffy vibra — Saudades da Mexerica.

Quando O Amanhã Chegar - zosanOnde histórias criam vida. Descubra agora