Zoro - Capítulo 22

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⚠️ ATENÇÃO: o seguinte capítulo pode despertar gatilho relacionados à crise de ansiedade, ataque de pânico ou crise psicológica.

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Ainda com os olhos fechados, estendo o braço para fora da cama, tateando a mesinha de cabeceira à procura da garrafa d'água.

Quando saímos do shopping, caiam apenas alguns pingos, que agora, se intensificaram em uma chuva forte com raios que iluminam o quarto. A junção da claridade com o barulho dos trovões me fizeram – para minha surpresa – acordar no meio da madrugada com uma sede de arder a garganta.

Ao alcançar a garrafa, a percebo mais leve que o comum. Está vazia. Solto um resmungo, sentando na cama e esfregando os olhos. Pego a garrafa e levanto do colchão, quase sendo puxando para ele de volta pelo sono. Abro a porta vagarosamente, mesmo sabendo que o rangido seria abafado pelo ruído pesado da chuva.

Desço as escadas como um zumbi, ainda com os olhos perigosamente semicerrados. Chego na cozinha, desenrosco a tampa da garrafa e a encho no filtro, soltando um bocejo. Ao terminar, dei um longo gole bem ali. Dou meia volta, traçando o trajeto reverso. Pouco antes de chegar a escada, mais um relâmpago desobscurece o ambiente, revelando os móveis escondidos no escuro. Porém, algo além dos móveis revelou-se na escuridão. Uma silhueta do lado de fora, na calçada. A silhueta não está ocasionando passando por ali debaixo da tempestade. Ela está parada, rígida, olhando diretamente para dentro através das janelas da sala.

Meu coração dá uma batida mais forte, quase doendo o peito. Aproximo-me paulatinamente da janela, com certeza uma decisão burra, se eu estivesse assistindo um filme de terror, provavelmente xingaria o personagem estúpido por estar indo em direção ao perigo. Agora eu sou o personagem estúpido. Mas eu não poderia subir as escadas e fingir que não vi ninguém ali. No pior dos casos, eu poderia me garantir na força física.

Esfrego a mão no vidro, desembaçando-o. Ao aproximar meu rosto, forçando a vista para enxergar, meus pêlos arrepiam todos de uma vez. Corri em direção a porta, pegando atrapalhadamente o molho de chaves. Destranco a fechadura e acelero em direção a silhueta.

— O que você tá fazendo aqui? Ficou louco? — grito para minha voz não ser silenciada pela chuva.

Após o berro, Sanji enfim nota minha presença. Suas pupilas estão escurecidas. Eu conheço esse olhar. O mesmo olhar vazio depois que teve uma crise na escola. Um fio vermelho desce de sua têmpora. Ele está machucado.

Arregalo as pestanas. Seguro seus tríceps, o carregando para dentro de casa. Tranco a porta, guiando o loiro para o meio da sala.

— O que aconteceu? — pergunto firmemente.

A resposta não vem. Pingos caem das suas mechas até o piso, suas mãos envolvem seus cotovelos em uma postura retraída e seus lábios – agora arroxeados – tremem de frio. Merda.

Com uma das palmas apoiadas com suas costas, passo a acompanhá-lo pela escadaria, subindo cada degrau cautelosamente, visto que está encharcado dos pés a cabeça e seria capaz de escorregar. Ele está vestindo apenas um pijama de tecido fino – definitivamente não recomendo para o frio – e um par de chinelos.

Adentramos o quarto. Ponho a garrafa de volta na mesa de cabeceira. Penso em buscar uma toalha, mas raciocino e percebo que mesmo que se enxugue, ainda continuará com frio e com as roupas molhadas.

— É melhor você tomar um banho quente. Pode usar o chuveiro ou a banheira, se quiser. Limpe o sangue na sua testa. Vou deixar uma roupa separada pra você.

Abro a porta do banheiro, entrando, indo até a cômoda abaixo da pia pegar uma toalha reserva para si. Ele se encolhe, com a coluna nos azulejos. Estendo a toalha no box e saio, fechando a porta atrás de mim.

Quando O Amanhã Chegar - zosanOnde histórias criam vida. Descubra agora