Sanji - Capítulo 19

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Ouço um barulho vindo da cozinha. Me remexo, sentindo o cobertor quentinho envolver meu corpo. Aperto o travesseiro entre os braços e murmuro, tentando recuperar o fio de sono. O batuque se intensifica. Coço os olhos, tentando acostumar meus olhos à claridade. Abro os olhos com as pálpebras inchadas. Observo ao meu redor e percebo que estou em meu quarto. Tento me recordar do que houve na noite passada, porém sou interrompido por uma pontada na cabeça.

Me sento na cama. A dor se intensifica. Elevo a mão à testa, buscando aliviar a sensação. Levanto, soltando um grunhido. Me apoio nas paredes, caminhando até a cozinha. Quando levanto o rosto, tomo um susto.

— Bom dia, Bela Adormecida.

— Mas o quê...? — murmuro sentindo outra pontada.

Zoro repousa a cafeteira sobre a mesa, depois vasculha os armários e apanha dois copos americanos.

Pisco o olhos, verificando se ainda estou sonhando. Lembro apenas de ter ido à festa e ter bebido demais, mas nada que me esclareça porque o esverdeado está em meu apartamento.

Olho para minhas roupas. Estou completamente vestido, com meu pijama rosa e minhas chinelas. Inclino a coluna para trás e espio dentro do meu quarto. Não há nenhum sinal de sexo. Camisinhas, lubrificante, papel higiênico, lençol sujo e bagunçado...nada. Tudo está em perfeita ordem.

Me viro para Zoro:

— Sai da minha cozinha.

— Pelo visto acordou de bom humor — despeja o café dentro dos dois copos.

Sem mais nada para criticar – e ainda grogue de sono –, vou em direção ao banheiro e logo me deparo com meu estado deplorável: olheiras profundas, olhos inchados e cabelo emaranhado.

Esvazio minha bexiga no sanitário, lavo minhas mãos e em seguida dou uma boa enxaguada no rosto, tentando ficar desperto. Escovo os dentes e por último, ajeito meu cabelo.

As pontadas tornam-se insuportáveis. Saio do banheiro gemendo pelo incômodo. Zoro está bebericando o café, sentado na cadeira frente à pequena mesa de jantar quadrada, provando que eu não estava sonhando nem alucinando.

Sento-me junto a ele, ainda desacostumado com a claridade forte. Ele empurra o outro copo para mim e diz:

— Eu teria feito alguma sopa ou algo do tipo, mas além de ser um desastre na cozinha, acho que o café vai ser mais útil pra não passar o dia como um zumbi.

Assopro o líquido e tomo uma pequena quantidade. Não estava ruim, o que contradiz o que o esverdeado afirmou sobre suas habilidades culinárias. Mas ao a bebida descer pela garganta, sinto um revirar no estômago.

— Nunca mais vou beber.

Zoro ri.

— Beber é igual fazer bolo de caneca. Você faz. Dá tudo errado. Se arrepende. Mas dá uma semana e você tá fazendo de novo.

Rio fraco por conta das dores – sim, no plural.

— Bolo de caneca é para selvagens. Nunca me sujeitaria a cozinhar isso.

O outro percebe minha situação e o vejo remexer os bolsos, que aliás são da mesma calça que usava ontem, pois só percebi esse detalhe por um flash de memória.

— Tome isso daqui a pouco.

Olho para a caixinha que deixou na mesa. Leio o nome escrito na embalagem e vejo que se trata de um remédio.

— Comprou isso enquanto eu estava dormindo?

— Sim — dá outro gole em seu café.

Arregalo os olhos surpresos com sua atitude. Ele se deu o trabalho de ir até a farmácia e gastar seu dinheiro apenas por conta da minha ressaca. Pego a caixinha e desvio rosto fazendo indiferença. Deixa de ser idiota, Sanji. Ele só fez o mínimo.

Quando O Amanhã Chegar - zosanOnde histórias criam vida. Descubra agora