Sanji - Capítulo 13

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⚠️ ATENÇÃO: o seguinte capítulo pode despertar gatilho relacionados à crise de ansiedade, ataque de pânico, depressão, suicídio, distúrbio mental ou crise psicológica.

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Assim que Zoro me deixa na portaria, entro no edifício. Os degraus da escadaria nunca foram tão difíceis de se subir. Me seguro no corrimão, sentindo a vertigem bagunçar o mundo ao meu redor. Chego em meu apartamento e logo meu celular começa a apitar ao se conectar ao Wi-Fi. Tiro o aparelho do bolso e leio arrastadamente notificações do grupo do Grêmio Estudantil. Algo sobre uma nova reunião para organizar os projetos da escola. Suspiro cansado, nem sequer dou o trabalho de visualizar a mensagem, apenas deslizo a notificação para o lado e deslizo o aparelho, jogando-o no sofá. Nem sequer lembro o motivo pelo qual entrei nisso. Ah, é! Aceitação.

Entro no banheiro e retiro minhas roupas. Já despido, apoio minhas mãos no azulejo, com a cabeça pendida para baixo, ligo a torneira do chuveiro. A água fria derrama por meu corpo. As gotas gélidas descem por minhas mechas, pingando direto ao chão.

Ainda consigo sentir os dedos de Zoro entre meus fios de cabelo e seus braços robustos me envolvendo. Confesso que não fui abraçado por muitas pessoas na vida, ainda assim, afirmo veementemente que seu toque está entre os mais quentes e reconfortantes. Como aquelas mãos grandes e calejadas poderiam ter um toque tão meigo e suave? E como um toque tão proibido poderia me causar tanto acolhimento?

Entretanto, de todas as pessoas presentes naquela escola, Zoro é o único que não poderia ver aquela cena. Porém agora é tarde. Ele viu minha versão mais frágil e deplorável. Agora sabe o fraco que realmente sou.

Passo a mão pelo meu cabelo, como um pente, para a água impermear todas as madeixas. Assim que volto-a aos meus olhos, percebo a quantidade de fios que saíram entre os dedos.

Viro-me de costas, batendo a costela na parede gelada. Deslizo até a o chão, abraçando meus joelhos. O chuveiro continua ligado. Secretamente desejo que esse box minúsculo se encha de água o suficiente para que eu consiga me afogar. Mas não posso. Talvez eu seja um medroso covarde até pra isso.

Tento me levantar para desligar o chuveiro, porém sinto meu corpo tão pesado que sou incapaz de mover um músculo. No fim, sou eu quem tenho que pagar a merda da conta. Eu deveria estar poupando gastos.

Escola. Carreira. Trabalho. Vestibular. Casa. Sou eu quem tenho que equilibrar tudo isso. Se eu soltar uma ponta, tudo desaba. Estou cansado de toda essa merda. Eu...não vou conseguir aguentar mais.

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— Mesa 7! Onde logo! Os clientes estão esperando!

A bandeja é praticamente empurrada contra meu peito, fazendo os copos balançarem. O restaurante está lotado, o que é uma raridade logo no meio da semana. E para completar minha situação, sou o único garçom trabalhando hoje, já que um garçom ficou de licença paterna e o outro ficou doente – pelo menos é o que diz, já que tenho quase certeza que o vi bebendo cachaça na concorrência.

Hoje é um belo dia para se demitir. Jogar tudo para o alto. Quem sabe arranjar um emprego melhor em um restaurante melhor em que eu possa fazer algo mais do que entregar bandejas e jantar resto de comida dos clientes depois do turno. Mas a realidade não é tão bela assim, a possibilidade de arranjar um trabalho rápido – e bem pago – é quase nula. Além do mais, é melhor ter um emprego mais ou menos – mas que pelo menos me dá uma pequena ilusão de perspectiva do futuro – do que não ter emprego nenhum. Afinal, não é tão ruim comer sobras. Comida de graça!

Saio em passos rápidos pelo salão, entregando o pedido da mesa. O sino toca, anunciando que mais um prato já está pronto na cozinha para eu buscar. Corro de volta para a cozinha e mais bandejas são empurradas a mim

Quando O Amanhã Chegar - zosanOnde histórias criam vida. Descubra agora