Sanji - Capítulo 7

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Querido diário, ontem eu aprendi o verdadeiro significado da palavra karma.

Passei a questão errada propositalmente para Luffy e o universo resolveu dar um tapa na minha cara para eu largar de ser nojento. No fim, a resposta estava certa e quem se ferrou foi eu.

Não que esse erro tenha realmente me prejudicado tanto, pois consegui tirar uma boa nota no final. Mas eu entendi seu recado, Senhor Universo. Tive o que mereci.

Já se não bastasse isso, fui praticamente arremessado no colo de Zoro ao tentar tirar a mochila dele do bando. Ai, eu só queria cavar um buraco, me enfiar lá dentro e nunca mais ver a luz do Sol.

Despejo a água no coador, transferindo o café para a xícara. Deixo-o descansando sobre a mesa de jantar e vou para o quarto.

Passo pelo meu mural de anotações e vejo em minha grade horária que terei educação física. O tempo está quente e com baixa umidade. Concluo que usar minha típica calça social não será uma boa opção.

Separo uma bermuda preta acima do joelho, um tênis preto cano alto e uma blusa social manga curta, azul bebê, mais folgadinha e de malha leve. Deixo a blusa por fora do cós da calça, deixando o conjunto mais despojado, sem sair do meu estilo. Hoje será o seminário de geografia, então não custa nada me arrumar um pouco mais para me apresentar para a classe.

Olho-me no espelho do banheiro e quase levo um susto. Meu cabelo está completamente desarrumado. Pego um pente, alinho os fios rebeldes com delicadeza e ajeito minha franja rente ao olho esquerdo.

Por fim, aplico desodorante e um perfume nos pulsos e no pescoço. Visualizo minha imagem refletida. Afasto-me e dou uma voltinha para me olhar de corpo inteiro.

Sei que muitas pessoas dariam a vida por um cabelo loiro e um par de olhos azuis. Tenho ciência desse meu privilégio. Mas sempre que me olho no espelho uma voz irritante insiste em apontar cada defeito do meu ser. Agora não seria diferente.

Não me orgulho dessa atitude. Sei que preciso de mais autoestima. Mas como? Como de um dia para o outro alguém começa a se amar?

Ignoro o fluxo de pensamentos e volto à cozinha. Elevo a xícara aos meus lábios e saboreio a dose de cafeína ainda quente, necessária para me despertar por completo pela manhã.

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Atravesso a catraca e meu olhar imediatamente choca na famosa cabeleireira esverdeada. Claro, quem mais seria? Ah, eu ainda tenho que me acostumar com a ideia de vê-lo tantas vezes ao dia.

— Vejo que alguém aprendeu a se vestir — afirma com um sorriso de canto.

Me apoio na barra de ferro. O ônibus está lotado e não há assento para nenhum de nós.

— Você deveria se envergonhar de me mostrar essa sua fuça logo cedo.

Perdão, Senhor Universo. Sei que era pra eu ter começado meu Projeto Zen. Mas esse Marimo otário me tira do sério. É mais forte do que eu.

— Tá de parabéns, sobrancelha! Mesmo! Está até menos parecido com uma Testemunha de Jeová.

Cerro as sobrancelhas e viro-me para encará-lo, irritado.

— Você realmente não tem nada melhor para fazer, não é?

— Digamos que te irritar me traz muita paz de espírito, no momento.

— Oh! Fico contente em podermos concordar nesse quesito — debocho sorrindo falsamente.

Descemos do ônibus ao ver a fachada da escola. Fomos para a sala e sento na primeira carteira.

Quando O Amanhã Chegar - zosanOnde histórias criam vida. Descubra agora