-quase tres meses...-

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Escapar do quarto obviamente foi algo fácil pra mim, os três primeiros dias sozinha nessa casa fiquei no quarto...Os outros três já não aguentava mais ficar sozinha. Uma semana completa, comecei a ficar maluca...não tinha notícias de ninguém, nem os noticiários na TV funcionavam, apenas filmes. Subi para o segundo andar, vasculhar algumas coisas, a porta de jörg estava entre aberta, acabei cedendo e indo olhar pra ele, comia por tubos...era nojento, troquei as bolsas de líquidos que ficavam pendurados para ele não sentir fome, fazia sempre pela madrugada, que ele estava dormindo. Já fazem dois meses que o tom foi embora...disse que logo voltaria, mas sumiu! Eu treino todo dia, cuido do velho e da casa! Estou alucinando de tédio, não sei se ele esta vivo ou morto e isso me deixa angustiada.

Faltam dez dias para completar três meses que ele partiu...vou ir embora, já demorei demais para agir. Preciso que eles saibam que eu estou viva!

>23:00<

-- acabando seus suplementos...-digo baixo olhando o refrigerador.

--meu filho morreu? -ouço a voz rouca e fraca vindo da cama, paraliso por alguns segundos, ele está acordado.

--não sei jörg! -respondo fechando as portas do refrigerador.

--se você ir embora, eu morrerei...-ele responde.

--não ligo! -respondo saindo pela porta do quarto.

--então porque evita isso a dois meses. -ele responde me fazendo parar de andar. --é difícil agradecer?! -respondo voltando para perto da cama dele.

--vocês eram espertos...determinados, pronto a defender as famílias, como conseguiram se apaixonar? -Ele fala com um sorriso cansado, quase inexistente.

--do que falando? -pergunto.

--ora...não seja modesta! Quando tom saiu pela primeira vez dessa casa, foi para matar uma garota que queria vingar o pai, meses depois essa garota quase o matou e agora quase um ano...ele sumiu por você, fazendo de tudo pra descobrir o que o eco veio fazer nos negócios... -jörg diz.

--o que sabe sobre eco? -pergunto me sentando na poltrona ao lado da cama.

--o que você quiser sabe...-ele responde.

--porque ele aqui agora? -pergunto.

--porque você acha? Rx-66...todos procuram por isso, não é a droga que eles querem, é o químico que tem dentro...causa alucinações profundas, assaltos a banco, sequestros, roubos, assassinatos...tudo seria tão fácil disparando o químico. Com seu avô não é diferente. -ele responde tossindo.

--mas aonde você entra nessa história? -pergunto.

--eu...tinha os mesmos pensamentos e ambições que seu avô gheta...seu pai assumiu e você o tornou mole...quem tem a rx-66 tem as gangs querendo seu pescoço...seu pai não queria o pescoço a prêmio, e protegia o seu antes de saber falar...seu avô soube que poderia ter tudo nas mãos e então começou a voltar..., agia malandrosamente, falava com o seu pai por ligações e gravações de fitas que deixava na sua porta, começou a jogar comigo também...tive ambição e achei que fazendo o que ele queria...eu iria assumir os gheta.

--gheta é substituído pelos filhos! É lei. -digo o interrompendo.

--isso é o que seu pai disse...quando matei Bryan, eco disso que eu deveria sumir, que meus filhos e minha esposa estariam correndo perigo, mudou de lado, agora me ameaçava e me expulsou de tudo...disse que logo você assumiria e que você iria conseguir a droga pra ele, sem nem perceber...e adivinha...-jörg diz tossindo novamente.

--eu tenho a rx-66...-digo baixo.

--exatamente minha flor, qualquer um que saiba sobre o químico, é morte! Por isso seu avô me fez matar seu pai e agora quer você... -jörg diz.

--cala boca! Matou seu melhor amigo, seu chefe por causa de um velho bom de lábia? Não tente me convencer que você é vítima...tirou tudo que eu tinha, me deixou sem nada. Fiquei quatro anos em uma grade planejando formas de acabar com você! Me fez sonhar toda noite com o sangue do meu pai, porque você não morre logo! Seu velho fudido! -digo dando um soco na cama, seus batimentos começam acelerar no monitor.

--acha que estou fazendo o que nessa cama...teve a chance de me matar, está tendo agora...mas porque não faz? Isso que vocês estão sentindo é amor. Vão acabar morrendo por isso, vão enfraquecer por isso, vão se matar por isso...não deixe ele ser sua  vulnerabilidade...-jörg diz se levantando da cama, ficando próximo ao meu rosto.

--não é pelo tom! É pelo meu pai seu lixo! -digo socando sua cara, foi de mal jeito e acabei machucando a mão, ele cai deitado novamente murmurando de dor. --o que fazendo? Tentando entrar na minha cabeça...me juntar com o seu filho te assuta, ah...ele nao é o que te protege até a morte não é, acha que vou mudar a cabeça dele sobre você...não pode dizer e nem escolher quem eu vou amar. -digo saindo pela porta.

Desço as escadas correndo, minha mão estava vermelha e meus olhos seguravam as lágrimas, entro no quarto e vejo Tom parado de frente pra cama, com as mãos na cintura. Sinto uma pressão sair do meu peito...ele está vivo. E isso me deixa irritada!

--por onde você andou!! -digo caminhando em sua direção e acertando socos nele, ele se vira segurando meus braços e me abraçando, choro em seu colo como se fosse uma criança desesperada...

--relaxa... tudo bem. -ele afirma alisando meus cabelos, sem me soltar do abraço que estava me fortalecendo, era como se dependesse da sua presença para meus dias melhorarem.

--achei que estava morto! -digo saindo dos seus braços e dando alguns passos para trás.

--eu sei...foi mal, seu irmão...-ele diz se sentando na cama.

--o que tem? O que o Eco fez? Você machucado de novo? -digo secando minhas lágrimas e procurando os primeiros socorros.

--Não...não é nada demais dessa vez. Raul é o braço direito do eco, ele cego por vingança, pior que você! -tô diz me fazendo entrar em choque novamente.

--que...

--é isso , saul não conseguiu o convencer de que eco não é bom...muito menos que ele tentou matar você! Raul quer matar todos, eco conseguiu...

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