Cap. 17 - Dias Atuais (Parte II)

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Assim que Bruna se afasta, corro as mãos pelo meu cabelo.

Bem, isso foi surreal.

Por mais que eu adorasse odiar Bruna Rotta, há algo interessante nela. Ela é calorosa e amigável e olha para mim de uma forma que me faz acreditar que está interessada no que tenho a dizer.

Como se não bastasse essa situação com Sarah ser muito esquisita, gostar da noiva dela torna tudo ainda mais estranho.

— Então... — diz Bruna, acomodando-se na cadeira ao lado da minha mesa. — Quando estávamos saindo da casa noturna, esse idiota começa a incomodar Sarah. Quero dizer, o cara era baixinho, mal chegava à altura do peito de Sarah, qualquer ventinho o levaria para longe, mas ele estava bêbado, então acho que pensou ser uma boa ideia bancar o valentão com alguém que tem o dobro do seu tamanho.

Eu deveria estar trabalhando, mas Bruna havia adquirido o hábito de se instalar em minha sala todos os dias na hora do almoço e me distrair com suas histórias. Eu amo e odeio esses pequenos vislumbres sobre sua vida com Sarah. Minha vida parece incrivelmente chata em comparação.

— O que Sarah fez? — pergunto.

— Bem, Sarah tenta se afastar, mas o idiota continua gritando na cara dela. Ele está lá falando sobre como acha Rageheart uma droga e que Sarah é uma vadiazinha. Bem, Sarah é muito paciente a maior parte do tempo, mas eu podia sentir sua raiva cozinhando em fogo brando. Então o cara começa a me insultar e me chamar de vagabunda sem talento e outras coisas do tipo e continua a me insultar, falando alguma coisa sobre meus peitos falsos. E é aí que Sarah explode. Ela agarra o sujeito pelo colarinho com uma expressão assassina. Então ergue o cara até que esteja bem perto do seu rosto e diz: Sinta-se à vontade pra ignorar este aviso, considerando que sou uma vadiazinha, mas se você disser mais uma palavra sobre Bruna, vou arrancar seus braços. Fui clara? — Ela ri e se recosta na cadeira. — O sujeito fica branco como um papel e quando Sarah o coloca de novo no chão, ele quase cai. Então Sarah o ajuda a recuperar o equilíbrio e, em seguida, lhe dá um maço de notas, pedindo desculpas por arruinar sua camisa. O cara fica lá com a boca aberta antes de cair em prantos.

— Meu Deus.

— Sim. Eu gostaria de dizer que essa foi uma noite atípica para nós, mas realmente não foi. Parece que um monte de gente nos ama e nos odeia. Ou odeia nos amar e ama nos odiar. É uma loucura. Estamos acostumadas com isso.

Eu balanço a cabeça.

— Não imagino como você lida com isso.

Bruna dá de ombros.

— Prática. E drogas pesadas.

Quando Bruna vê minha expressão, começa a rir.

— Só estou brincando.

Suspiro aliviada antes que ela complete:

— Não uso crack há noventa dias. Está tudo bem. Quase nem sinto falta.

A sinceridade com que ela diz isso me faz rir ainda mais. Estou surpresa em notar quantas vezes rio quando estou com Bruna. Realmente gosto de sua companhia. Tenho sido a melhor amiga de Rallyson por tanto tempo que me esqueci de como é ser amiga de uma garota.

Ela cruza as pernas e ergue a cabeça.

— Então, eu estava pensando... — Pisco e faço uma cara séria.

— Eu deveria ficar preocupada?

— Você é uma gracinha. — Ela revira os olhos.

— Eu estava pensando que deveríamos jantar juntas. Hoje à noite.

Impiedoso Coração (Sariette G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora