Encantada, observo enquanto uma Sarah nua se arrasta através da bagunça em volta do sofá.
— Encontrei minha cueca! — diz ela, segurando-a no alto, em triunfo. — Não tenho certeza de como ela foi parar em volta dessa revista, mas que seja.
Faço um biquinho quando ela veste a roupa de baixo. Ainda bem, Sarah ignora o resto das roupas, que ela já dobrou e empilhou com capricho no sofá e começa a arrumar a casa usando só aquela cueca apertada.
Estamos ambas de banho recém-tomado, estou com meu roupão e embora fosse gostar de ficar na cama a manhã toda, saber que um tornado parece ter arrasado o apartamento nos deixa tensas. Maníacos por limpeza, uni-vos!
— Vou limpar a cozinha. — diz Sarah e me dá um beijo rápido quando passa. — Há louça quebrada lá e não posso deixar minha mulher cortar seus pés delicados.
Sorrio com sua escolha de palavras. Nunca fui mulher de ninguém antes. Gosto disso. Sarah para na frente do armário e tira de lá a pá de lixo, enquanto eu começo a arrumar os livros bagunçados no chão. Será que nada sobreviveu ao nosso assalto?
Um calafrio corre por minha coluna quando penso em Sarah me pressionando contra as paredes e os balcões. Valeu muito a pena.
Sarah cantarola enquanto limpa a cozinha e eu sorrio enquanto me concentro na arrumação dos livros nas prateleiras segundo minha própria organização; isso significa: categorizados por gênero, depois por autor e depois por cores. Meio triste, mas que seja. É minha estante. Gosto que as prateleiras fiquem bonitas. Estou quase terminando quando ouço vozes do lado de fora.
— Bruna, pare.
— Não. Venha aqui, Rallyson. Só um segundo.
— Eu não posso abraçar você e abrir a porta ao mesmo tempo. Só fique parada aí, ok? E pelo amor de Deus, não vomite. Não sei lidar com vômito.
A porta se abre e Rallyson, com um braço em volta de Bruna, tropeça ao entrar. Ela parece horrível.
Quando eles me vêem e toda aquela bagunça, os dois congelam.
Bruna balança e pisca e Rallyson se vira para mim.
— Que merda é essa, Juliette?! Aqueles adolescentes babacas do segundo andar invadiram e destruíram tudo? Porque eu adoraria uma desculpa pra dar uma porrada em uns emos espinhentos.
— Rallyson, oi. Ah... não. Você acreditaria se eu dissesse que houve um terremoto?
— Não. O que aconteceu de verdade?
— Julietteeeee! — Antes que eu possa responder, Bruna dá uma guinada na minha direção e me puxa para um abraço apertado. — Eu amo você. Tive um dia de merda ontem, mas ver você faz tudo ficar melhor. — Nossa, ela cheira como uma cervejaria. — Você se casaria comigo no lugar da Sarah? Ela é uma babaca. Ela me faz parecer uma idiota. Ela deveria ser minha rocha no mar turbulento da vida, mas deixou que eu me afogasse. — Ela aperta os olhos. — Ah, meu Deus! Alguém escreva isso. Fico tão poética quando estou bêbada que até me espanto.
Olho para Rallyson. Ele ergue as mãos, em uma postura defensiva.
— Você me disse para consolá-la. Ela queria ser consolada com cerveja.
— Ela bebeu a noite toda?
Ele balança a cabeça, concordando.
— Tentei fazer com que ela parasse, mas ela não se deixou convencer. E quanto mais ela bebia, mais me achava atraente. Como eu poderia resistir?
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Impiedoso Coração (Sariette G!P)
FanfictionJuliette Freire - Não namora atores. Sarah Andrade - A atriz Quando tudo o que aconteceu entre elas (e o que poderia ter acontecido) vem à tona... Sarah G!P - Se não gosta, não leia! •ADAPTAÇÃO•