Impiedoso Coração (Sariette G!P)

Cap. 39 - Lidando Com os Problemas (Parte I)

Quatro dias depois
Salas de ensaio do Píer 23
Nova York

— Bruna! Sarah! Por aqui! À esquerda!
— Aqui, gente! Por favor! Aqui!
— Podemos ouvir uma declaração?! Como vocês estão hoje?
— Bruna, você realmente perdoou Sarah por ficar com outra mulher? O casamento ainda está de pé?

Uma equipe de guardas corpulentos divide a multidão furiosa de repórteres que bloqueou a entrada do nosso espaço de ensaio pelo quarto dia seguido. Ainda assim, vans e caminhões de equipamentos das emissoras estão por toda parte, criando um congestionamento na frente do nosso prédio e travando a rua. Acrescente a isso, as dúzias de fãs apaixonados que acreditam que gritar para suas ídolas vai salvar o relacionamento delas e certamente dá para afirmar que nosso endereço é West Bedlam Street, na Malucolândia.

Antes mesmo de eu ter que pedir, Rallyson está no telefone com a delegacia local, chamando os policiais. Ele sabe o roteiro agora. Talvez tenhamos que viver com essa loucura, mas podemos ao menos mantê-la um pouco mais sob controle.

Bruna e Sarah forçam a passagem pela multidão com tanta compostura quanto podem, mas percebo que as duas estão achando mais difícil manter a farsa agora. Especialmente Sarah.

— Vocês estão bem? — pergunto, enquanto as dirijo até o saguão e fecho as portas de vidro atrás delas.

— Ótimas. — diz Sarah, através dos dentes cerrados. Ela sorri e mostra o dedo do meio para os fotógrafos, que agora estão comprimindo suas lentes contra o vidro. — Ainda não soquei ninguém, o que garanto ser uma vitória.

Bruna a pega pelo braço e a puxa escada acima.

— Sim, mas você está ficando com aquele olhar que significa que está perto disso. Só se acalme, garota! Isso não pode continuar por muito tempo. Quando os fofoqueiros forem embora, vamos nos desapaixonar num passe de mágica, seguir nossos caminhos e começar a dar em cima de pessoas com quem realmente queremos trepar.

Percebo que ela olha para Rallyson, no final do saguão, quando chegamos ao topo das escadas.

— Você tem alguém na cabeça em particular quando fala disso? — pergunto.

— Não. — diz ela, com um movimento dos cabelos. — Apenas pessoas em geral. Ninguém que vocês conheçam.

Rallyson estica o pescoço e faz um movimento com o queixo em sua direção. O sorriso que se espalha pelo rosto de Bruna é mais brilhante que o sol. Rallyson franze as sobrancelhas algumas vezes seguidas para ela. Com todo seu falatório, não acho que realmente tenha esperado que Bruna pensasse duas vezes nele e provavelmente acredita que ela só está lhe dando atenção agora como uma brincadeira.

Estou tentada a contar para ele que Bruna o acha gostoso, mas é muito divertido vê-lo se contorcer.

— Vejo vocês na reunião. — diz Bruna, olhando de relance para mim e para Sarah e vai falar com meu melhor amigo.

Logo que ela sai, Sarah me surpreende agarrando meu braço e me puxando pelo corredor até meu escritório. Quando estamos lá dentro, ela tranca a porta e me empurra contra a parede, me beijando esmagadoramente. Por alguns minutos, somos uma confusão de mãos e bocas ansiosas e quando ela finalmente se afasta, estamos ambas ofegantes demais, principalmente levando em conta que há outras pessoas no prédio.

— Não ver você toda noite está me matando. — diz ela, acariciando meu rosto. — Daniel recebeu aquele memorando dizendo que me deve seis anos Juliette?

Por que ela está me torturando, merda?

Durante toda a semana, Sarah e Bruna têm feito hora extra para coletivas de imprensa. Por isso mal temos nos visto fora dos ensaios e nenhuma de nós está gostando da ideia.