Cap. 14 - Sem Desculpas (Parte I)

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Oito meses depois
Central Park Nova York

Eu costumava pensar que sentir saudades de alguém fosse uma escolha, mas isso foi antes de Sarah. Agora sei que tudo o que se pode fazer é escolher ignorar a saudade.

O sentimento em si nunca passa. Ele fica em seu corpo como uma dor de dente, no fundo dos ossos e todas as vezes que você se esquece de negá-la, seu eco se transforma em um rugido tão alto que é a única coisa que se pode ouvir.

Faz oito meses que Sarah se foi e ainda tenho que me concentrar em parar de pensar nela todos os dias.

Não ajuda pensar que Rallyson também se foi. Ele recebeu a carta de aceitação para se matricular na Grove ao mesmo tempo que eu, mas decidiu aceitar uma oferta da Escola de Teatro, Filme e Televisão da Ucla.

Por anos ele fantasiou em viver em Los Angeles e mesmo que suspeitasse que sua decisão fosse alimentada pela obsessão dele por todas as atrizes jovens e gostosas, eu tentava apoiá-lo o máximo que conseguia.

O resultado é que as duas pessoas com as quais eu mais gostaria de estar, encontram-se a milhares de quilômetros de distância.

Nossa, que situação agradável!

Suspiro enquanto atravesso a rua e entro no Central Park. Sarah, sua estúpida. Me fazendo sentir coisas. Me obrigando a sentir saudades. Se não te amasse tanto, eu te odiaria.

Quando me dirijo para o lago, "I'm Too Sexy" grita no meu celular e mesmo antes de atender estou sorrindo.

— Casa da Amargura de Madame Juliette. Como posso ajudá-lo?

— Mude-se para Los Angeles. Agora. — diz Rallyson.

— Certamente, senhor. Estarei no próximo avião.

— Não mexa comigo, garota. Estou com saudades de casa e não transo há mais de uma semana. Estou em uma posição muito vulnerável agora. O que você está fazendo?

— Andando pelo Central Park. Em direção à minha árvore de leitura.

— Voltou pra casa para o final de semana?

— Sim. Tenho alguns dias de folga entre as peças da Grove, então vim pra casa pra recarregar a bateria.

Chego à minha árvore, perto do lago, e jogo minha bolsa na grama antes de me sentar.

— E aí? Novidades?

— Nada de novo. Só queria falar com minha melhor amiga. Como está sua vida amorosa? Encontrou alguém interessante na Grove?

Eu me encosto na árvore e estico as pernas.

— Ah, não.

— Ah, vamos lá. É uma faculdade de artes. Precisa haver um quociente decente de homens gostosos.

Cutuco a grama.

— Ah, há muitos homens gostosos, mas é uma escola de interpretação. Está cheia de atores irritantes.

— Certo, então aumente sua área de pesquisa. Também há músicos e artistas, certo? Ache uma deusa do rock sexy. Ou um pintor sensível. Tenho total certeza de que você consegue um encontro com qualquer um que goste, se apenas tentar. Pelo menos faça um pouco de sexo sem compromisso. Você está desperdiçando a sua experiência universitária.

O problema é que, por mais que eu quisesse usar o sexo para acalmar meus ânimos, simplesmente não estou interessada em nenhum dos caras ou garotas da Grove. Só tenho interesse na mulher que está mais próxima de Rallyson do que de mim.

Impiedoso Coração (Sariette G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora