Cap. 4 - O Passado (Parte I)

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Se ficar sentada no sofá comendo queijo fosse um esporte, eu seria campeã olímpica agora mesmo.

Nosso primeiro dia de ensaios me deixou esgotada. A ideia de ter que aguentar mais alguns meses controlando minhas reações à mera presença de Sarah fez com que eu acabasse aqui, só com a camisa do pijama, sem as calças, devorando uma fatia de queijo Jarlsberg.

— Vinho? — pergunta Rallyson lá da cozinha.

— Se você precisa fazer essa pergunta depois do dia que tivemos, então não somos mais amigos.

Ergo os olhos para vê-lo na porta segurando uma taça de vinho tão grande que poderia ser vista do espaço. Desconfio que ele tenha na mão uma garrafa cheia de vinho.

— Estava sendo educado, idiota. Eu já sabia a resposta. — Rallyson tem um pacote com seis cervejas na outra mão. — Quando a gente terminar estes aqui, sugiro que passemos para o conhaque. — Ele me passa o vinho, desaba do meu lado enquanto abre uma cerveja. Dá um longo gole antes de soltar o mais barulhento arroto do mundo.

Resmungo de nojo.

— Você tem classe. Sabia?

Ele ergue o punho fechado.

— É o que dizem.

— Ainda chateado por bancar o idiota na frente da Bruna?

— Não tenho a menor ideia do que você está falando.

— Ah, por favor. Você fala macio quando está tentando levar uma garota para a cama, mas assim que conhece alguém por quem sente alguma coisa de verdade, fica perturbado. Foi exatamente assim ano passado com aquela garota, Annalice e agora está agindo da mesma forma com Bruna.

Ele se recosta no sofá e enfia a mão no cós da calça.

— Continue falando enquanto vou pegar um pouco de papel higiênico, porque o que está saindo de sua boca agora é merda pura.

— Sem problemas, tudo bem. Viva em negação. Mas você ainda se masturba com as fotos dela, certo?

Ele dá de ombros

— Provavelmente. Mike é totalmente promíscuo com ruivas de pernas longas. — Então Rallyson apanha o controle remoto e começa a mudar os canais.

— Refresque minha memória, por favor: por que foi mesmo que você batizou seu pênis de Mike?

— Não fui eu quem fez isso. Foi você quem começou a chamá-lo assim.

Faço uma careta.

— Eu não. Não tenho o hábito de dar nome ao pênis de ninguém. Especialmente ao que pertence ao meu melhor amigo.

— Errado. Uma vez você se referiu ao meu pau como "mágico". Logo, Magic Mike.

Eu rio antes de beber um gole gigantesco de vinho.

— Meu Deus, você se lembra disso? Eu estava brincando.

— Claro que estava.

Sorrio e coloco meu pé sobre a perna dele. Ele me faz uma massagem, distraído.
Rallyson e eu moramos juntos há um ano e nunca esperei gostar tanto de viver com um cara hétero. Depois de morar com meu irmão por tanto tempo, fiquei aliviada por estar longe dele. Quer dizer, eu amo o Otto, mas ele dava muito trabalho. Tenho a impressão de que ele está mais suportável agora que resolveu a vida dele e está junto com seu verdadeiro amor, mas ainda assim...

Rallyson e eu ficamos ali, largados no sofá, afogando nossas mágoas por quase uma hora, até que peço desculpas e vou para o quarto. Minha cabeça está dispersa agora, por isso decido encerrar o dia e espero que amanhã seja melhor.

Impiedoso Coração (Sariette G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora