Encaramos uma à outra por longos segundos e meu desejo de beijá-la é incrivelmente forte.
— Você tem a boca mais linda que eu já vi. — sussurra ela. Meus lábios latejam quando ouço essas palavras. Ponho a mão sobre eles para fazer com que aquilo pare. Meu gesto a faz sorrir. — E achei muito sexy perceber que toda vez que eu disse alguma coisa legal para você durante a noite, seu rosto ficou vermelho. Isso me fez ficar imaginando por que elogios te deixam tão constrangida. Tenho certeza que recebe elogios a todo momento.
Pressiono a mão no meu rosto, que se aquece rapidamente. Estaria mentindo se negasse que sempre recebo elogios e que, em geral, sou confiante o suficiente para aceitá-los com graça. Mas Sarah tem o poder de me transformar em uma esquisitona vermelha de vergonha e eu acho isso muito pouco atraente.
— Será que podemos, por favor, mudar de assunto? — pergunto. — Ficar vermelha não é a coisa que mais gosto de fazer e se você continuar a falar da minha boca, isso não vai parar.
— Por mim, tudo bem. — Quando a encaro, ela dá uma risadinha. — Certo, então vamos falar sobre o motivo de você não acreditar no destino. Ou em amor à primeira vista. Ou nas coisas românticas que a maioria das garotas adora. Qual é a história?
Mudando de assunto ou não, ela ainda está com os olhos fixos nos meus lábios.
— Não tem história. As estatísticas nos dizem que o tal amor romântico é um mito e eu nunca vi nada que provasse o contrário.
Ela me encara e eu não posso acreditar em como os olhos dela são lindos. Nunca vi nada como os olhos dela.
— Parece razoável, mas acho que há mais coisa. Então, não tente me desafiar, ou serei obrigada a obter a informação que desejo através de meios menos cavalheirescos. E confie em mim quando digo que realmente vou gostar disso.
Tudo bem, agora ela está mesmo tentando destruir minha compostura e, para meu horror, está funcionando.
— Olha, não é mesmo tão interessante — digo, olhando para minhas mãos. — Vamos apenas dizer que se eu tivesse um cartão de visitas, você poderia ler nele: Juliette Freire, Preparadora de Homens para Outras Mulheres.
— O que isso significa?
— Significa que tive vários namorados e todos eles me chutaram por outra garota. Todos eles fizeram a mesma coisa. Provavelmente sou amaldiçoada.
Ergo os olhos e a pego me observando atentamente.
— Entendi. E onde você conheceu esses idiotas com problemas mentais?
— Nas aulas de teatro. — digo, sorrindo. — Todos eram atores e todos me deixaram pelas atrizes com quem contracenavam.
— Ah, isso explica a reação que teve na pizzaria. Então você acha que todos os atores são uns desgraçados?
A lembrança das dores de amor passadas atravessa meu peito.
— Não. Só aqueles por quem me apaixono. E agora tenho essa regra que diz: "Nada de atores". Até agora, funcionou muito bem.
Sarah fica em silêncio por um instante, e então diz:
— Tudo bem, entendi. — Dito isso, ela se vira para assistir à transmissão.
Ficamos ali, quietas por algum tempo e, então, o ombro dela roça o meu e eu fecho os olhos e suspiro.
Tudo bem, ótimo. Sarah é linda, arrogante e gasta centenas de dólares em ingressos para ver Shakespeare. Claro que ela é atriz. E acabo de destruir a possibilidade de qualquer coisa acontecer entre nós. Balanço a cabeça, frustrada por estar, mais uma vez, atraída pelo mesmo tipo de pessoa que tento evitar.
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Impiedoso Coração (Sariette G!P)
FanficJuliette Freire - Não namora atores. Sarah Andrade - A atriz Quando tudo o que aconteceu entre elas (e o que poderia ter acontecido) vem à tona... Sarah G!P - Se não gosta, não leia! •ADAPTAÇÃO•