Ela se dirige para o sofá e me convida para sentar ao seu lado. Deixo minha bolsa no chão e afundo no couro macio.
Ah, meu Deus. Eu nunca vou levantar. Isso é incrível. É como ser abraçada por uma jaqueta de couro. Eu me recosto e fecho os olhos. É possível soltar um gemido.
Quando sinto um calor no meu rosto, vejo que Sarah está me encarando com os olhos semicerrados e misteriosos.
— Está confortável?
— Muito. — Eu não deveria gostar do olhar dela em mim o tanto que gosto. É errado. E estúpido.
— Bom. Quero que você se sinta em casa.
Fico tentada a dizer que me sinto em casa em qualquer lugar que ela esteja, mas, mesmo para mim, isso soa muito cafona. Ainda assim, não deixa de ser verdade.
— Foi estranho? — pergunto. — Se acostumar a tudo isso?
Ela olha ao redor.
— Este apartamento?
— Esta vida. O dinheiro. A fama.
Ela olha para a cerveja.
— O que te faz pensar que me acostumei a qualquer coisa dessas? Cada paparazzi na Costa Oeste pode te dizer o quanto eu não estou conseguindo lidar com isso. Caramba, você viu isso em primeira mão naquela noite.
Acho que nunca me acostumarei a ser tratada como uma mercadoria e não como uma pessoa.— Acho que, para Hollywood, faz sentido tratar você como uma mercadoria. Quero dizer, pense nisso assim: se Hollywood é um restaurante italiano, então você é um Parmigiano Reggiano e Bruna, uma trufa negra.
— Espere, por que Bruna é a mais cara das comidas e eu, um queijo fedorento?
Eu bato em seu braço.
— Quem você está chamando de fedorento, garota? Estou falando de um dos mais deliciosos e exclusivos queijos do mundo.
Sarah pensa por um momento.
— Você está certa. Eu peço desculpas. Sabendo o quanto você ama queijo, deveria ter percebido que esse é o maior elogio que você poderia me fazer. Meu ego está satisfeito, continue.
Sorrio, feliz de ver que a arrogância adorável dela ainda está intacta.
— Certo, então, o chef sabe que se usar o queijo e as trufas, todo mundo amará o prato, antes mesmo de terem provado. É infalível. Coloque vocês duas juntas em um filme e, mesmo que o resto dos ingredientes forem uma porcaria, vocês farão dele um sucesso.
Ela toma um gole da cerveja.
— Ok, entendo o seu ponto, mas ainda acho injusto assediar trufas e parmesão até que eles tenham uma vida nula. É ruim o bastante eles não poderem ir a lugar algum, mas pior ainda é ninguém parecer querer um sem o outro. Quero dizer, se o queijo quer ser um prato por si mesmo? Você está me dizendo que o prato seria cinquenta por cento menos gostoso sem a trufa.
— De jeito nenhum. Mas faça as contas. O parmesão tem fãs apaixonados. A trufa também. Coloque-os juntos e duas vezes mais pessoas pedirão o prato.
Ela franze a testa.
— Acho que você está falando sobre bilheteria agora, mas essa metáfora está me deixando faminta, estou com problemas pra me concentrar. Quer comer alguma coisa?
— Hum... — Antes que eu pudesse recusar, ela já estava indo para a cozinha.
— Não tenho trufas, mas tenho certeza de que posso fazer alguma massa decente. — Ela abre o refrigerador e começa a colocar os ingredientes na bancada. — Ei, olhe isso. — Sarah segura uma fatia de queijo. — Parmigiano Reggiano.
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Impiedoso Coração (Sariette G!P)
FanfictionJuliette Freire - Não namora atores. Sarah Andrade - A atriz Quando tudo o que aconteceu entre elas (e o que poderia ter acontecido) vem à tona... Sarah G!P - Se não gosta, não leia! •ADAPTAÇÃO•