Jack's Revenge

CAPÍTULO 06: Doce Vingança Nostálgica.

♫Here Comes Trouble - Neoni♫

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4 ANOS ANTES

A sua janela sempre estava fechada.

Raramente eu via as luzes se acenderem e nunca observei suas persianas brancas abertas. Muitas vezes me perguntei o que ele fazia em seu quarto. Provavelmente, passava horas em frente ao computador, talvez jogando aqueles videogames violentos que tanto apreciava, ou se dedicando à programação, cujo propósito nunca compreendi completamente. No entanto, a verdade é que desde que eu e Jack paramos de nos falar, nunca mais vi seu rosto através das janelas de seu quarto.

Meu quarto ficava em frente ao dele. Quando éramos crianças, tentávamos arremessar aviõezinhos de papel um para o outro, na inocente esperança de nos comunicarmos. Lembro que criamos uma linguagem de sinais que apenas nós compreendíamos, permitindo-nos conversar à distância. Também inventávamos brincadeiras, como escrever em cartazes e outras brincadeiras tolas, tudo para evitar dormir cedo, como nossos pais mandavam.

Após o sétimo ano, tudo mudou. Sua janela sempre permanecia fechada, não o via mais ali e raramente o encontrava pela vizinhança, especialmente depois que comecei a provocá-lo no nono ano.

Era como se Jack não existisse fora da escola.

Nunca o via nas festas do colegial, nem caminhando pelo shopping ou em qualquer outro lugar frequentado pelas pessoas de nossa idade. Salém não era uma cidade grande o suficiente para não encontrá-lo por aí, mas acredito que ele sempre estava em casa, afastado do mundo que evitava até mesmo nas salas de aula e no refeitório.

Porém, nos últimos meses, algumas vezes o flagrei caminhando tarde da noite pela rua. Ele cobria a cabeça com o capuz de seus moletons e seguia por um caminho que eu não conseguia identificar. No entanto, na única vez em que o vi retornar de seus passeios noturnos, o relógio já marcava uma da madrugada.

Era estranho ver um garoto que foi meu melhor amigo e que vi crescer se tornar um enigma para mim.

Sim, eu poderia perturbar seus dias, mas nunca soube mais nada sobre a vida de Jack.

Minha mãe era muito amiga da dele, mas após a morte do meu pai, ela se tornou mais reclusa e sempre estava trabalhando, fazendo com que nossas famílias perdessem contato. Seu pai, ao contrário do meu, não era uma pessoa muito sociável e simpática, então raramente ouvi sua voz ou soube algo sobre ele. O mesmo acontecia com seu irmão mais novo, Billy, que lembro de ter visto apenas quando ainda era um bebê.

Em outras palavras, sua família, assim como ele, não eram do tipo sociável, e minha mãe, a única ponte de contato entre nós, se esqueceu do mundo quando meu pai partiu.

No entanto, aquele não era um dia para nostalgia ou melancolia. Várias pessoas preenchiam a minha casa no andar de baixo e músicas animadas vibravam nos alto-falantes do som estéreo, transformando o lugar na melhor festa de Halloween do ano.