CAPÍTULO 29: Doce Ilusão

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♫No Time To Die - Billie Eilish♫

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♫No Time To Die - Billie Eilish♫


 Os meus olhos estavam fixos no céu noturno, um abismo de escuridão profunda. Observava a fumaça dançar entre meus dedos desprotegidos e frios, se mesclando com o ar gélido do início de dezembro. Meu coração pulsava no peito com a força de cavalos selvagens em pleno galope, e minha respiração estava irregular, quase falhando. Sentia meu estômago revirar, como se um enxame de insetos estivesse em um frenesi dentro dele. O nervosismo era tão intenso que, ao parar em uma loja de conveniência, comprei um cigarro.

Não era fumante e não tinha conhecimento sobre qual seria o melhor cigarro, mas naquele momento, precisava de algo que pudesse acalmar o turbilhão de emoções que se agitava dentro de mim. Algo que pudesse oferecer algum conforto sem me deixar embriagada, como o álcool faria.

No entanto, o sabor amargo da fumaça se misturando no interior dos meus lábios e a escuridão que preenchia a cidade me remetiam a ele. Ele, a razão do meu corpo e da minha mente estarem à beira do colapso. Cada tragada do cigarro, cada sopro de fumaça que se dissipava na noite fria, era um lembrete constante de sua maldição.

Exalei a fumaça para o alto, lançando a ponta do cigarro ao chão e esmagando a brasa com o salto fino da minha bota de couro. Era assim que eu teria que esmagar meus sentimentos a partir daquele momento. Afinal, a decisão que tomei não poderia ser influenciada por emoções que me fizessem hesitar.

Havia escolhido um caminho e o seguiria até o fim, pois era o que deveria ser feito. Ou talvez eu estivesse apenas tentando me convencer disso.

Inspirei profundamente, me encostando na lateral do meu conversível. Minha mãe, talvez movida por uma consciência pesada, havia se dado ao trabalho de consertá-lo, alegando que o problema não era significativo e por isso ficou pronto tão rápido. Por isso me encontrava fronteira de Salem, observando o local ao meu redor.

Estava no estacionamento de concreto que dava para uma estrada vazia, preenchida apenas por árvores. Há um mês atrás, havia acontecido ali o festival "Jack's Revenge". Só de lembrar o seu irônico nome, meu coração afundava como se toneladas estivessem esmagando meu tórax.

Foi então que me recordei da lenda que meu pai adorava contar. Uma lenda que, agora, parecia mais real do que nunca.

Stingy Jack...

Há séculos, perambulava pelas ruas da Irlanda um bêbado conhecido como "Jack, O Smith". Famoso por ser um embusteiro e manipulador, suas maldades eram tão notórias que até o Diabo, ao sentir inveja ouvindo falar delas, decidiu verificar se Jack merecia continuar vivo.

Em uma noite, enquanto Jack vagava bêbado, encontrou-se com o Diabo. Rapidamente reconheceu o ser maléfico e, prevendo seu destino, fez um último pedido: beber. O Diabo, sem ver motivo para recusar, levou-o a um bar onde pagou por várias bebidas alcoólicas. Após saciar sua sede, Jack precisava pagar a conta. Convenceu o Diabo a transformar-se em uma moeda, que aprisionou em seu bolso, onde havia um crucifixo que impedia o Diabo de fugir em sua forma original. Coagido, o Diabo propôs que, em troca de sua liberdade, só poderia reivindicar a alma de Jack em 10 anos.

Jack's RevengeOnde histórias criam vida. Descubra agora