CAPÍTULO 8: Amargas Lembranças Ou Terríveis Travessuras?

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♫Happier Than Ever - Billie Eilish♫

4 Anos Antes

O estridente barulho do lado de fora despertou minha curiosidade. Meus olhos, como dois exploradores cautelosos, se esgueiraram pela estreita fresta da cortina do meu quarto, tentando decifrar a origem do alvoroço. A escuridão da noite de Halloween já havia se instalado, transformando o dia em um manto de mistério e excitação nas vielas de Salém.

Percebi então que a festa de Avery estava em pleno andamento. Aparentemente, o anoitecer trouxe consigo diversas pessoas idiotas, todas atraídas pelo chamado da celebração. A casa de Avery, normalmente tranquila e discreta, estava agora pulsando com vida e energia, cada canto ecoando com risos e músicas eufóricas.

A hipocrisia das pessoas sempre me surpreenderia. Metade daqueles que compareceram à festa a detestavam. Seja durante as aulas, nos intervalos ou nos corredores, eu sempre ouvia comentários ruins ao seu respeito. No entanto, lembrando de Maquiavel, "as pessoas respeitam mais aqueles que temem do que aqueles que amam". Isso se aplicava perfeitamente à garota que tornava minha vida um inferno.

Avery era uma garota comum até chegarmos aos doze anos. Éramos amigos, tínhamos muitos interesses em comum e adorávamos conversar sobre filmes, séries e jogos. No entanto, à medida que ela amadurecia fisicamente, parecia que sua personalidade sofria uma transformação inversa. A menina tímida, doce e sorridente que eu conhecia se tornou uma figura que parecia ter saído diretamente de um clichê adolescente, uma patricinha cruel que pisoteava todos com seus saltos altos.

Por algum motivo inexplicável, ela começou a dedicar seus dias na escola a me perseguir. Era como uma obsessão doentia cuja origem eu nunca consegui entender. E, para ser honesto, nem estava interessado em descobrir.

Foram anos intermináveis de humilhação, piadas e pegadinhas de mau gosto. Desde o incidente embaraçoso do purê de batatas pela manhã, quando, para o deleite dos espectadores, minha cara foi cruelmente enfiada em um prato de comida, até a propagação de um boato doentio e completamente infundado sobre eu assistir pornografia com animais.

Cada dia trazia consigo uma nova forma de tormento, uma nova maneira de me fazer sentir pequeno. As risadas ecoavam pelos corredores da escola, seguindo-me como uma sombra persistente. Cada risada, cada olhar de escárnio, cada sussurro maldoso era como um golpe, desferido não contra meu corpo, mas contra minha dignidade.

Era uma batalha diária, uma luta constante para manter a cabeça erguida e o espírito inabalável. Mas por mais que tentasse ignorar, por mais que tentasse me convencer de que as palavras e ações deles não importavam, a verdade é que doía. Doía porque eu não entendia o motivo de merecer aquilo. Doía porque, no fundo, eu ainda me lembrava da amizade que tínhamos antes de tudo isso começar.

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