Lilith in Wonderland

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Lilith estava entediada, Cain parecia muito animado ao ler em voz alta, mas ela não estava interessada em história, não quando o livro não tinha nenhuma figura. Estava pensando em Abel correndo pela floresta caçando raposas, não gostava de ver os animais mortos, mas passear na floresta parecia mais interessante do que aprender coisas chatas.

Ela estava quase reclamando em voz alta quando viu algo que chamou sua atenção, algo muito fora do comum: um coelho branco correndo enquanto olhava seu relógio de bolso. "Coelhos não têm relógio de bolso, nem coletes!" ela pensou alarmada, olhou para Cain e de fininho escapuliu para longe dele, avistou o coelho branco entrando em uma toca apertada e não perdeu tempo em o seguir, afinal, onde um coelho tão chique deveria estar indo?

Lilith se enfiou na toca apertada até sua mão não encontrar mais o chão de terra e ele sentiu o frio na barriga antes de cair para uma escuridão sem fim.

— Ora, isso agora, se continuar caindo assim irei parar do outro lado do mundo! – Ela reclamou segurando o seu vestido quando começou a cair de cabeça para baixo. – As lições de história pareciam melhor agora...

Antes que pudesse começar com outra onda de reclamações Lilith chegou ao chão, "devo ter caído como uma pluma! Rolar da escada não vai me machucar mais" ela pensou se levantando, olhou em volta até ver o Coelho Branco desaparecendo em uma curva do longo túnel escuro e não perdeu tempo em segui-lo.

Quando virou no corredor não havia nem sinal de Coelho Branco, apenas uma portinha minúscula, Lilith caminhou até ela e se ajoelhou, empurrou a portinha e viu um lindo jardim à sua frente, mas como ela passaria por ali?

Seus olhos já estavam se enchendo de lágrimas quando ela avistou uma mesinha de vidro, em cima da mesa um frasco pequeno com um líquido transparente tinha uma etiqueta escrito "beba-me" ela apertou as sobrancelhas, revirou o frasco na mão, não tinha nenhuma etiqueta escrito veneno pelo menos.

Lilith bebeu do frasco e se sentiu estranha.

— Tem gosto de... mingau, – bebeu de novo, – abacaxi. Cereja... de peru, credo!

E quando soltou o vidrinho estava tão pequena quanto um rato, ela sorriu animada e se levantou pronta para passar pela porta quando percebeu que ela estava trancada agora. Lilith bateu os pés com raiva e quase chutou uma pequena caixinha de madeira que apareceu aos seus pés, se ajoelhou e a abriu vendo biscoitos confeitados com letras bonitas escrito "coma-me" Lilith deu de ombros e comeu um dos biscoitos.

Sua cabeça bateu no teto da caverna assustando ela, Lilith não conseguia nem ver seu pé de tão grande que estava, enfim o choro que estava segurando se soltou.

Lilith chorou até um pequeno oceano se formar abaixo dela, foi quando avistou outro frasco de vidro, ela o pegou e bebeu o líquido ficando minúscula, tão pequenina que coube dentro do vidrinho.

— Não devia ter chorado tanto... – se lamentou passando pela porta e sendo levada pela maré de lágrimas.

Quando sua esperança estava se acabando seu frasco de vidro virou e ela caiu em uma praia, mal teve tempo de se colocar de pé e estava sendo empurrada por pequenos animais apressados.

— Corra, minha querida, ou nunca vai se secar! – Lilith olhou para o alto de uma pedra para um Dodô que a incentivava a correr com os outros pássaros.

— Como vou me secar se... – uma nova onda fria atingiu Lilith e os pássaros, molhando todos menos o Dodô no alto de sua pedra. – Ora, isso é uma idiotice!

Ela viu o Coelho Branco sair do mar e correr para a selva que cercava a praia, saindo do círculo de pássaros molhados ela correu mata adentro, ainda ouvindo o Dodô incentivando os pássaros tolos.

The Heartsplains - Saga Maurêveilles - Livro trêsOnde histórias criam vida. Descubra agora