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— A mulher tem potencial.

— De fato. Mas não temos certeza.

— Então siga conforme o combinado.

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Os olhos curiosos de Diana não obedeciam aos comandos de seu cérebro. Eles estavam fixos nos movimentos das costas de Kai, hipnotizada pelo seu formato majestoso como um todo. Nem se lembrava mais do que estava fazendo ou para onde estava indo.

Kai era quem ditava o caminho, enquanto a segurava pela mão. Nem se deu conta dos olhares das pessoas enquanto passeavam pelo centro da cidade. Ele estava mais preocupado com o estado de sua amiga, do que com os olhares julgadores dos outros. Diana aparentava ter perdido peso e as olheiras escuras denunciavam que ela não estava conseguindo dormir direito nos últimos dias. Não estava em uma boa situação. Ela precisava de ajuda.

— Bem vindos.— uma moça disse assim que viu a porta se abrir. — posso ajudá-lo?

Kai puxou Diana, tirando ela de trás do seu corpo.

— Preciso de alguma coisa bem reforçada.

A moça analisou aquele dois com os olhos, antes de acenar com a cabeça. Reagindo como uma típica comerciante local, quando vem estrangeiros, tratou de esconder rapidamente o cardápio. Estava pronta para oferecer o prato mais caro do lugar.

— Irei pedir para o chefe que prepare uma boa porção de sopa.

Sopa? Diana odiava sopas. Lhe traziam lembranças tristes.

— Não. — Diana disse de repente, assustando Kai e a moça que os atendia. Ela precisava sair daquele lugar, só de estar sentindo o aroma que ele exalava, seu estômago começou a revirar.— vamos para a minha casa.

Os olhos curiosos da atendente se arregalaram, não estava acostumada a ver um casal agir dessa forma em público, tão indecentes.

Kai reagiu envergonhado pelas atitudes posteriores de Diana, ela havia envolvido a mão contra a sua, enquanto começava a fugir daquele estabelecimento. Ainda estava tentando digerir o que aconteceu.

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— Por que fez toda aquela cena? Se não gostava de sopa, era só ter me avisado.— Diana ouviu Kai resmungar chateado. Ele estava sentado em uma das cadeiras que ficavam atrás do balcão que dívida a sala da cozinha.

Diana não conseguia ver as expressões de seu rosto, pois estava de costas preparando um pouco da receita de Kate. Mas, ela poderia afirmar que ele se encontrava com aquela expressão estranhamente fofa que só fazia quando estava chateado.

Diana estava fazendo o possível para demorar. Seu rosto ainda se encontrava morno, causado pelo choque de vergonha que sentiu. E que só veio melhorar quando conseguiu chegar em sua casa.

— Desculpe. Deveria ter te avisado antes de aceitar.— cabisbaixa, ela continua se sentindo envergonhada, e havia o sentimento de culpa como novidade.

— Tudo bem, não foi culpa sua.

Como esperado, Kai estava sendo bondoso com ela, mesmo tendo passado por todo o tipo de coisa sempre que estava ao seu lado. Mesmo chateado, ele também tinha uma parcela de culpa. Foi desleixado e não parou para perguntar sobre as preferências dela. Estava se sentindo um idiota por esquecer disso.

— Foi culpa minha. Se eu tivesse perguntado enquanto estávamos caminhando pela rua, você não iria se sentir desconfortável. Me perdoe.

Seu tom de voz transmitia sua frustração, o que atraiu a atenção de Diana. Ela sabia que a qualquer momento aquele gigante sentado logo ali, iria começar a ficar emotivo. Ele tinha quase a mesma personalidade de um personagem de um desenho ao qual Diana havia assistido quando era criança, era um desenho sobre os elementos. Ele com certeza era a versão humana do personagem emotivo.

— Já falei para não se culpar! — colocou a colher no balcão de mármore ao lado do fogão. Kai ficou sem reação quando ouviu o barulho que o impacto daquela colher fez.

Já tinha visto Diana agir daquela forma, autoritária. Tinha que admitir, seu corpo reagia imediatamente quando aquela mulher decida colocar ordem nas coisas. Às vezes acabava se sentindo um verdadeiro pervertido por ficar excitado com tão pouco.

Droga, Diana. Tenha piedade desse pobre rapaz. Kai profetizava em sua mente, temendo perder o controle das próprias ações se ela decide se virar e fitá-lo com aqueles olhos escuros intensos.

— Não ouse se culpar. É uma questão pessoal e você não tem que se culpar por que não me agradou.

E ela havia se virado. Olhando para o rosto dele com suas expressões suaves. Kai estava prestes a entrar em pânico, aquela situação, ou melhor, aquela visão privilegiada que estava tendo, eram demais para suportar. Estava sentindo uma vontade imensa de pular aquele balcão e agarrá-la ali mesmo. Jogá-la em seus braços, apalpando todas aquelas partes preciosas com suas mãos calejadas, enquanto a beija.

Era uma tentação não imaginar como ela deveria ser sem aquele uniforme. Estava começando a ficar evidente o seu desespero, pois ele puxou o balcão para mais próximo. Ficando com o abdômen quase colado no mármore gelado.

— Entendi.— Kai respondeu, abaixando a cabeça. Seria incapaz de encarar seus olhos enquanto tem todos esses pensamentos pervertidos.

Diana ainda acreditava que ele estava chateado, o que foi um alívio para ele, pois ela não iria sair de onde estava para tentar convencê-lo do contrário, respeitando seu espaço pessoal. Kai agradeceu mentalmente por essa atitude. Não saberia como se explicar se Diana tivesse visto a protuberância em suas calças.

Diana deu outra analisada em Kai, antes de começar a falar:

— A minha avó preparava sopas maravilhosas para a minha família aos domingos. Eram simplesmente as melhores sopas da região, todos os nossos vizinhos apareciam quando ela começava a preparar uma panelada de sopa. Eles diziam que o aroma era um verdadeiro convite, de tão boa que a vovó era na cozinha.— ela estava sorrindo. Seu sorriso era simplesmente perfeito, Kai constatou.— a minha abuela tinha uma receita especial que só eu tinha o privilégio de provar. Às vezes até o meu pai reclamava, ele sempre reclama que os pratos que ela me dava eram um absurdo, em compensação ao que ela deixava para ele.

Uma lembrança boa, uma das melhores e únicas, em que sua família foi feliz.

— A sua avó deveria ser uma mulher incrível.

— Sim, minha abuela tinha a personalidade forte. Era ela quem mantinha os meus pais unidos.— alguma coisa fisgou seu peito. Era aquela sensação ardente que sentia. Era a saudade de sua abuela.— minha avó morreu, mas antes que pudesse dar o seu último suspiro. Seus olhos chegaram a ver.

— A ver? — Kai soltou, estava tão imerso ao que ouvia.

De repente, as mãos de Diana foram até a barra do casaco que estava usando. Ela o puxou até a altura dos seios, tomando cuidado para não acabar mostrando mais do que deveria. Os olhos curiosos de Kai acabaram se deparando com uma cicatriz, localizada exatamente por baixo do seio direito, do tamanho exato de uma facada.

Vermelho - Kaoru HanayamaOnde histórias criam vida. Descubra agora