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[...]

— algum problema, Diana? — ouvi a voz de Hanayama, o que me deixou mais tranquila.

Já tinha terminado o meu expediente e o Leo não saiu do meu pé, para todo lugar que eu ia, ele estava atrás com aquela cara de peixe-morto dele. Voltei tarde para casa, furiosa com a insolência daquele homem, ele foi insensível e o culpado disso deveria estar fazendo de tudo para me meter nessa missão.
Sinceramente. Conhecendo Kai, presumo que eles não vão me deixar em paz.

— invasão de propriedade privada é crime.— tentei ameaçar de forma séria, o que foi inútil quando coloquei meus olhos nele. Já estava sorrindo enquanto ele vinha na minha direção.

— sei disso.— disse com um sorriso ladino. — acontece que eu ainda tenho pendências para resolver com a dona da casa.

Sem muitos rodeios, me colocou em seus braços. Agradeci mentalmente por ele ter tirado um tempo para vir me visitar, ou eu mesma teria que lidar com as minhas frustrações sozinha.

— pendências? — fingi não saber do que estava falando, com a memória da nossa noite naquele barco clara em minha mente.

— sim, ainda não recebi as devidas punições.

Realmente, quase não conseguimos nos ver após a viagem calorosa de navio. Nas poucas vezes em que tivemos oportunidade de ficar a sós, Hanayama fez questão de me deixar com marcas bem evidentes no pescoço, uma atitude que eu não esperava vinda dele.

— tem razão. Mas, infelizmente hoje eu não vou poder aplica-las, sinta-se um homem de sorte.— suspirei.

Estava exausta e ainda teria mais coisa pela frente no dia seguinte. Senti um peso no peito por estar negligenciando o nosso relacionamento estranho dessa maneira. Mas infelizmente o dever iria chamar no dia seguinte.

— aconteceu alguma coisa?

— provavelmente eu esteja prestes a ser demitida.

— demitida?

Não se faça de bobo, sei que sabe de tudo que acontece naquela delegacia!

— é, apareceu um cara, você já deve estar ciente do que se passou lá.

Ousei relembrá-lo de seus amiguinhos que continuam me deixando louca com tanta vigilância sob as minhas costas.

— não exatamente, meus contatos não estão sendo úteis ultimamente.

A satisfação surgiu ao ouvir aquilo, pela maneira como reagiu, presumo que já devia estar ciente do susto que eu dei em um dos seus informantes. O cara não era nem um pouco discreto e quando senti que estava sendo seguida dentro do estacionamento, não pensei em outra saída se não a arma de choque. Foi um sentimento inesquecível tê-lo deixado sozinho para se explicar pelo seu novo caso de assédio contra uma mulher indefesa.

— ele me trouxe um monte de informações confidências sobre uma denuncia de tráfico humano. Aparentemente é um lugar inacessível e que quase não há informação sobre. Eles precisam de uma agente feminina para se infiltrar.

— e essa pessoa tinha que ser você? Eu não estou entendendo.

— acredite, eu também não estava. O lugar fica nos EUA e eu nem se quer tenho cidadania de lá.

— então o que aconteceu para virem atrás de você?

— receberam uma carta de recomendação, do líder do grupo especial de infiltração. Disseram que estava apta para a função, mas eu neguei.

Precisei omitir boa parte das informações ou ele provavelmente surtaria como eu.

— fez bem. Conheço pessoas que estão envolvidos em esquemas como esses.

Vermelho - Kaoru HanayamaOnde histórias criam vida. Descubra agora