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Kate

Em choque, era assim que eu me encontrava, tão impactada que nem os dos meus enjôos repentinos foram capazes de me tirar do lugar.

Minha Diana era a Thalia do meu esposo. Essa informação não entrava na minha mente de jeito nenhum.

As peças finalmente estavam se encaixando aos poucos. Como fui capaz de ignorar as semelhanças? Tanto em seus comportamentos, quanto nas formas de lidar com uma situação difícil, eles eram parecidos.

— não temos nada para falar. Thalia foi morta aos 9 anos e ponto final.— Seu rosto inexpressivo, me deixou apreensiva. Diana só ficou daquela forma uma vez e o pelo que se lembrava, não tinha sido muito agradável.

— como pode falar dessa forma?

— da mesma forma que direi para não me procurar. Não quero ter nenhum tipo de vínculo com a sua pessoa, outra vez!

Diana precisou ser forte e encarar seu pai, pude notar pelos mínimos detalhes que seu corpo dava. Ter que disfarçar e não poder me envolver naquela situação era sufocante. Queria poder ajudá-la, mas não sabia se poderia fazer aquilo, ou o restante dos nossos segredos seriam expostos naquele momento.

Thales

Era ela, a minha menina, por quem sofri e lamentei por todos esses anos. O peso da culpa era uma cruz que carregava em minhas costas, era o sentimento mais cruel que um ser humano poderia ter o infortúnio de carregar consigo e eu carreguei por todo esse tempo.

Não houve um dia em que tive sossego. A culpa sempre esteve à espreita, esperando o momento certo para me torturar. No passado, fui imaturo ao ponto de priorizar o trabalho, graças a essa mentalidade perdi momentos importantes de sua vida, nem mesmo dei atenção aos conselhos de minha mãe quando Thalia disse suas primeiras palavras.

O resultado da minha negligência era óbvio. Como esperando, ela precisou amadurecer de forma precoce e assumir boa parte dos afazeres de sua mãe quando sua depressão se apossou do restante de sanidade.

— Thalia.— tentei mais uma vez chamar sua atenção.— eu tenho consciência do que as minhas escolhas causaram. — tentei dar início a outro argumento,  entretanto, fui interrompido.

— não tem. É por causa do seu egoísmo que eu venho sofrendo por todos esses anos, sozinha. — disse, apertando ainda mais o copo em suas mãos.— Tenho que lidar com os mesmos pesadelos por todas as malditas noites. Não sabe o quanto dói vê-las morrendo todas as vezes em que tento descansar.

— Minha filha.

— Pare de se referir a mim dessa forma. Já disse que Thalia Rivera morreu junto com a sua mãe e com a sua abuela.

Não, ela não morreu. Na verdade, renasceu e se tornou uma mulher forte. A prova estava na forma como se referiu a minha mãe.
Aquela na minha frente poderia até não ser mais a minha menina, mas tal fato não significaria que iria deixá-la partir outra vez.

— tire um tempo para pensar. Sabe como me encontrar e eu não vou deixá-la partir outra vez. Prometo corrigir o meu erro.

[...]

Diana

Respirar e pensar, eram coisas básicas que qualquer ser humano conseguiria fazer com excelência. O que, não era o meu caso.

Mesmo em um lugar tão tranquilo quanto o mar, minha cabeça se encontrava em um caos.

Só não havia surtado por causa dele. Kaoru Hanayama esteve ao meu lado por todo esse tempo.

Vermelho - Kaoru HanayamaOnde histórias criam vida. Descubra agora