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Diana

Saltei naquele colchão. Minha mente estava começando a pregar peças em mim, essa seria a única justificativa de eu ter ouvido a voz de Kate. O que só pode ter sido realmente um delírio, pois eu estava em um quarto e tinha certeza de que Kate jamais se pareceria tanto com Kisaki... Espere, o que estou fazendo em um quarto, com ele?

Com o pouco de coragem que me restou, cobri meu corpo com o que estava usando e para minha surpresa, era novamente uma das partes da vestimenta padrão de Kaoru Hanayama. Acho que no momento em que liguei os pontos e me acalmei, percebi no que realmente estavam me metendo.

— vai me vender? — questionei, preparada para atacá-lo. — pois saiba que eu não vou ceder. Vou fazer todos os seus compradores chorarem!

Ameacei, ou melhor, tentei. Deve estar na cara que era uma mentira. Apesar de todo esse tamanho, acredito que meus míseros 1,71 não seriam pareos contra Hanayama e quem quer que estivesse disposto a me usar.

Não me julgue. Li muitos livros quando cheguei aqui, para melhorar minhas habilidades no idioma. E com o meu azar, li um que retratava exatamente uma situação como esta, e este livro era sobre casos criminais.

Nunca me julguei tanto por ter sido tão curiosa, quanto estou julgando agora. Será que conseguiria fugir? E se conseguisse, para onde iria?

— Diana. Que tipo de pessoas acha que somos? — Kisaki questionou, me deixando confusa com sua postura séria e o seu semblante engraçado.

— do tipo que matam? Não é óbvio?

Talvez esteja falando demais? Talvez. E é provável que eu vá morrer por causa da minha sinceridade. Infelizmente não é algo que possa ser controlado, pois fui criada dessa forma.

Kisaki deu uma risada estranha com aquele olhar de peixe morto dele sobre mim. Quase ousei partir para cima daquele cara.

— assim fere meus sentimentos. Pensei que fossemos bons amigos.

— bons amigos? As únicas coisas que fez foi me ameaçar e encher o saco. Ou seja a culpa não é totalmente minha.

— mas quem deu início a isso tudo foi você.

— não ouse colocar a culpa em mim. Eu já disse, não há nada que o meu pai possa fazer contra aquela montanha de músculos. — resmunguei alto, sentia minhas bochechas esquentarem em um mix de raiva e vergonha.

Novamente me encontrava defendendo Kaoru Hanayama, mais que situação frustrante.

A porta do quarto foi aberta, para minha sorte estava de costas para a entrada. Quem quer que tenha passado por ela, acabou de deixar Kisaki mais pálido que um cadáver.

— ainda se lembra do seu velho? — a voz de Hanayama ecoou pelo quarto. Ele trazia com sigo o aroma que tanto gosto, sendo poluído por um fedor de cigarro.

Olhei para Kisaki, esperando por uma de suas ordens, já que o pior estava atrás de mim e eu não queria encará-lo. O silêncio reinou, com o som das batidas poderosas do meu coração, o que só deixou evidente para ele o quanto estava nervosa. Alguma coisa aconteceu, vi Kisaki acenar com a cabeça e sair, como se tivesse recebido uma ordem.

Minha retaguarda foi coberta por sua presença, seu corpo tapava praticamente quase toda a luz, me fazendo sentir um arrepio gostoso percorrer pela espinha. Não se é todo dia que você é sequestrada pelo seu inimigo, quase morre e depois tem que lidar com ele, SOZINHA EM UM QUARTO NO MEIO DO OCEANO.

Vermelho - Kaoru HanayamaOnde histórias criam vida. Descubra agora