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— serei direito. É melhor você voltar para o lugar de onde veio.— Kisaki disse assim que adentrou no meu apartamento. Com o mesmo tom autoritário de sempre.

— sabe que eu não posso fazer isso!

Isso já deveria estar óbvio.

— se vire, de um jeito.— autoritário.—Só não tenha mais nenhum tipo de contato com o meu chefe.

— só pode estar brincando comigo! É algum tipo de castigo por que uma das suas casas de aposta fechou?

Questionei de forma irônica, depois que fechei a porta com força. Estava esperando mais uma de suas ordens, antes de mandá-lo ir para a puta que pariu na minha cabeça. Digo, mandá-lo embora.

Afinal, era só isso que esse senhor sabia fazer. Me dar ordens.

—  isso não vem ao caso, mesmo tendo dedo seu nisso.— se sentou no meu sofá como se estivesse na casa de um conhecido. Esse homem estava sugando toda a energia que havia sobrado em mim.

— pode apostar que tem.— cruzei meus braços, esbanjando um sorriso sínico. Dava pra perceber que ele estava se segurando para não avançar em mim.

Kisaki aparenta estar cansado, e agora tinha mais trabalho para fazer graças a uma nova investigação da polícia. Devo admitir que tenho uma parcela de culpa nisso, já que essa foi a única forma que encontrei de ocupar esse homem e tirá-lo do meu pé. Não fui burra de denunciar, algum viciado deve ter feito. Digamos que só colaborei com a caça das informações.

— é uma mulher bem corajosa, devo admitir.

— está no sangue que corre pelas minhas veias.— por um momento senti orgulho de ter dito isso.— Não posso evitar. Agora, escute, se veio aqui me intimidar de novo, saiba que o seu chefe já fez o trabalho muito bem.

— droga. Como? Quando esteve em contato com ele?

Eu é quem deveria estar fazendo essa pergunta! Ele não é o seu tão amado chefe?

— ué, ele estava no parque a algumas horas atrás. Não estava fazendo seu trabalho direito? Pensei que estivesse me vigiando!

Os olhos dele se arregalaram, o desesperado estava começando a ficar evidente. O observei puxar o aparelho celular do bolso com uma certa ignorância. Alguma coisa deveria estar acontecendo e a minha intuição gritava perigo.

— vamos chefe! — reclamou, provavelmente estava ligando para o tinhoso de terno, e pelas caretas engraçadas que estava fazendo, provavelmente o outro não estava atendendo.— não fique parada mulher! Me ajude!

— eu? Te ajudar? —  questionei começando dar gargalhadas altas.— sinto muito, mas o meu turno acabou.

Em hipótese nenhuma, eu, Diana iria ajudar, ainda mais sabendo de quem se trata. Só não desejei o pior porque talvez ele tivesse parentes preocupados com esse sumiço repentino.

— e se ele descobrir? — soltou. Kisaki se levantou.

— descobri o quê? Olha, eu estou começando a ficar cansada de toda essa situação. Por que não consegue resolver isso de uma vez?

— você não entende.

— não, não entendo. O que tem de tão importante com o meu sobrenome?

Suspirei. Assim como aconteceu há 5 anos atrás na Espanha, estava acontecendo aqui. Meu pai tinha dando um jeito de estragar minha vida outra vez.

— não sabe? Então é realmente verdade que vocês se separaram na Espanha.

— claro! Eu não ousaria mentir para um cara que estava apontando uma arma para a minha testa! — sinalizei como se fosse o óbvio.

Vermelho - Kaoru HanayamaOnde histórias criam vida. Descubra agora