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Como é amigo? Ficar quieta quando tem um cara que mais parece um guarda-roupa de casal te pressionando contra um carro, quem consegue? Eu não. Movimentei meus braços com dificuldade, tentando ao máximo empurrá-lo para longe.

Ótimo, em plena madrugada de uma segunda-feira estou sendo enquadrada por um Yakuza que provavelmente vai querer me matar.

— Se me quiser quieta, vai ter que me deixar inconsciente.

Novamente ele me puxou para mais perto, ficando bons minutos assim, apenas o encarei, ele parecia estar pensando. Provavelmente deveria estar imaginando as mais várias formas para desmembrar o meu corpo. O que só tornava as coisas mais ameaçadoras.

— Olha. Eu agradeço, mas não precisa se preocupar comigo. Sei me virar.

— Sabe mesmo? — ironia. Ele ousou mover só a região de seu corpo que estava em contato com os meus seios. Não foi preciso fazer muito para que os bicos ficassem rígidos.

— Sei.— respondi com dificuldades.

Ele me olhou nos olhos mais uma vez e me soltou, o que me deu brecha para me afastar o mais rápido possível, como uma presa fugindo de um predador. Eu não poderia vacilar, a qualquer momento poderia ser esmagada por aqueles braços enormes. Imagina se ele decide me forçar a alguma coisa pior, estaria mais ferrada do que quando lidei com Alex. Esse cara chega a ser um insulto de tão forte que é. E essas cicatrizes? Não vou negar, elas me causam algumas coisas lá embaixo só de olhar... Foco Diana, esse cara é muita areia para o seu caminhãozinho!

Ele é um Yakuza e você odeia Yakuza... Talvez esse eu poderia suportar... Socorro, preciso me livrar desse cara com urgência. É para o bem da minha sanidade. Droga.

Chacoalhei minha cabeça para afastar esses pensamentos, ouvi um suspiro vindo dele. A parte de cima de seu terno foi jogada em minha direção e antes que eu pudesse dizer alguma coisa, ele simplesmente entrou no carro e deu meia volta para o lugar onde estava.
Para minha sorte, um táxi passou por ali e consegui voltar para casa. Envergonhada, é claro, precisei usar aquela peça enorme porque os feixes do meu sutiã simplesmente decidiram que já era a hora de se separarem.

— Muito obrigado senhor. Quanto eu lhe devo? — questionei, procurando o único trocado que tinha no bolso da minha calça.

— Não se preocupe, é uma cortesia para o senhor Hanayama.— respondeu com um sorriso forçado.— tenha uma boa noite senhorita.

Suspeito até demais, fui tentando ligar os pontos enquanto entrava em casa. Assim que abri a porta, me certifiquei de que tudo estava do mesmo jeito em que deixei, até mesmo a arma que guardava em casos de emergência. Para meu alívio, tudo está no lugar.

Me joguei na cama, voltando a analisar melhor a sequência de eventos problemáticos que só poderiam acontecer comigo.

— Vejamos. Primeiro veio o Alex, depois a fuga desastrosa que me deixou em apuros contra uma sala cheia de Yakuzas. E o clímax, o chefe, segundo Kate.— continuei pronunciando cada detalhe em voz alta, era uma boa forma de pôr os problemas em ordem.

Ele se preocupou comigo? Mesmo não me conhecendo. Mesmo com várias mulheres mais atraentes e submissas à disposição dele.

Nem ao menos tive a oportunidade de agradecer.

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Nem percebi quando peguei no sono, mas acabei sendo acordada por Kate e seu modo de entrar sem querer ser percebia.

— Me desculpe por te acordar.— ela estava cansada, com algumas manchas em seu pescoço.

— Não tem problema, eu já ia acordar daqui a pouco mesmo.— me arrumei no colchão, abrindo espaço para ela.— está cheirando a sabonete de hotel.— brinquei, meio grogue de sono.

— Sim, estou...— ela ficou calada, assim olhou melhor para mim.— o que você andou apontando?

— O quê? Não sei do que está falando...— resmunguei, me virando para o outro lado. Ainda precisava descansar.

— Diana.— puxou o meu braço, forçando o meu corpo a se virar em sua direção.— esse palito, como você arrumou isso?

— Depois eu te explico. Eu preciso dormir.— me virei novamente e outra vez ela me puxou.— o que foi?

— Aconteceu alguma coisa entre você e o dono desse palito?

— Claro que não.— respondi com meus olhos fechados, esperando ansiosamente pelo sono.

— Eu preciso de explicações, Diana.— Ela começou a me chacoalhar.

— Amanhã eu explico tudo perfeitamente. Mas agora não dá.

— Por favor.

— Kate, vá dormir.— ignorei os próximos 3 minutos de suas tentativas até que finalmente ela se cansou e apagou.

Os próximos minutos antes do meu despertador tocar foram mais e mais teorias que imaginei. Observei o quão grande e macio era aquela peça, que facilmente daria para ser usada como um vestido. Ainda cheirava a uma mistura de algum tipo de aroma de flores com o cheiro de um cigarro.

7 horas da manhã, finalmente criei coragem para me levar e começar o meu dia. Para minha sorte, Kate estava dormindo feito pedra e provavelmente não acordaria tão cedo. Assim que levantei, corri para o banheiro, fiz minhas necessidades, tomei meu banho e escovei meus dentes. Ao voltar para o quarto a procura de um dos meus uniformes, me deparei novamente com aquele palito.

Tentei ignorá-lo colocando no sexto de roupas sujas, algo caiu de um dos bolsos. Era um papel com um número do que deduzi ser uma mulher, pela marca de batom deixada no papel.

E a emocionada aqui achando que tinha alguma coisa de diferente nela.

Coloquei meu uniforme, arrumei bem o meu coque, analisando bem a grande gostosa que eu sou pelo espelho.

— É, vamos fazer alguns delinquentes chorar.

Antes de sair, deixei um beijo na testa de Kate. Peguei minha mochila com tudo preparado dentro e sai rumo a mais um dia de trabalho.

— Vejam só, quem decidiu parecer.

— Bom dia para você também, tenente.— respondi esbanjando ironia, o que eu duvido que esse velho caduco vá conseguir compreender.

— Que esse atraso não se repita.

Estranho, ele está pegando no meu pé mais do que o normal hoje. Talvez seja só uma paranoia da minha cabeça.

Vermelho - Kaoru HanayamaOnde histórias criam vida. Descubra agora