Vermelho - Kaoru Hanayama

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Hanayama Kaoru

Adentrei no quarto sem dificuldades, tentei fazer o mínimo de barulho possível. Por sorte Diana se encontrava em um sono profundo, ao ponto de não perceber a minha movimentação naquele lugar. Estranhei quando senti a diferença de temperatura, tanto o banheiro, quanto aquele quarto parecia uma sauna, e o ar condicionado estava desligado. A preocupação surgiu, Diana estava coberta dos pés à cabeça.

O sinal de alerta dentro de mim foi acionado.

Apesar do ritmo de sua respiração estar calmo, pude sentir quando ela de repente começou a ficar ofegante. Pela primeira vez fiquei nervoso, sem saber o que fazer.

— abuela. Eu tenho medo.— ouvi Diana dizer, era quase como um leve sussurro.

Ela estava sonhando, aquilo me parecia ser mais um pesadelo do que um sonho. Diana estava lutando contra alguma coisa em seu sonho, isso era notável pela força com que seus dedos agarraram aquele lençol. Parecia estar indefesa.

Vê-la dessa forma mexeu com o restante de sanidade que ainda me restava.

Diana

Minha avó estava morrendo novamente na minha frente e mais uma vez não conseguia ajudá-la de maneira nenhuma. Meus braços e pernas estavam presos a um tipo de escuridão. Aquela escuridão que me segurava era reflexiva e exibia uma versão mais jovem de mim, com o vestido amarelo florido coberto pelo sangue que jorrava pela ferida em minha costela. Só conseguia ouvir os apelos de minha avó enquanto ela era espancada outra vez pelo mesmo homem caolho.

Estava sozinha e era frio.

Queria gritar, assim como tinha feito naquele dia, mas não conseguia dizer uma palavra, meus lábios simplesmente não se movimentavam direito.
O terror havia me tomado mais uma vez, assim que vi o outro homem vindo em minha direção. Já não estava mais em casa, ao invés de paredes e escuridão, havia uma floresta e ela estava repleta por flores. Para minha surpresa, um urso negro enorme apareceu por atrás do meu agressor, ele me protegeu, colocou sobre suas costas e começou a caminhar. No meio do caminho havia outro urso, esse era menor e seus pelos eram dourados. Aqueles dois ursos estavam ali, do meu lado.

Acordei assustada, minha respiração desregulada como sempre. Estava acostumada com esse tipo de pesado, mas nunca havia tido um tão intenso.

— estava preocupado.— senti os braços de Hanayama ao redor da minha cintura.— parecia estar tendo um pesadelo e eu não sabia como poderia ajudar.— Seu tom de voz era profundo, significava estava chateado.

— já estou acostumada com isso, não se preocupe.

Suspirei, sentia um estranho alívio, o que não parecia ser comum. Então me dei conta de aonde Hanayama estava. Seu corpo cobria facilmente todo o meu, e pelo que consegui distinguir, não estava usando nada além de uma calça.

— é bom ouvir isso.— senti sua respiração aliviada contra o meu pescoço.

— Hanayama. O que está fazendo aqui? — questionei meio grogue de sono, o que resultou em algumas palavras mal pronunciadas.

Recebi uma risada como resposta.

— estava muito perigoso para deixá-la sozinha.— disse fazendo cócegas pela extensão do meu pescoço com a ponta do seu nariz.

— e aonde está Kisaki?

Estava lutando contra o sono. A sensação de tê-lo ao meu lado me trouxe aquele sentimento melancólico de paz, do tipo de sentimento que só sentia quando dormia ao lado da minha avó.