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ALERTA DE GATILHO: Crise de pânico; uso de drogas; agressão física; menção de bullying

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Minha mãe se aproximava de mim sorrindo, ela carregava uma bola em mãos. A gente estava brincando em um parque lindo.
O sol brilhava no céu, a brisa fresca chacoalhava as copas das árvores e acariciava meu rosto com um frescor delicioso.

Percebo que sou uma criança, meus pais estão juntos ainda. Olho animado para minha mãe enquanto ela trás a bola de volta para jogarmos.
Meu pai se aproxima de nós com dois sorvetes em mãos, e ela sorria alegre, como nunca mais vi em minha vida. Seus dedos finos acariciam meus cabelos e eu a abraçava na cintura. Era a família que eu sempre sonhei.

De repente, ela agarra meus cabelos com força e puxa minha cabeça para trás com violência. As árvores morrem e então estou na nossa casa de quando eu era novo. Essa é minha real "família".

Sou jogado contra a parede e recebo chutes com seu salto alto branco, me encolho e escondo meu rosto entre os braços.Cada porrada vindo da ponta do salto me atingia como uma facada.
A mulher em minha frente gritava palavras disformes e sua voz estava abafada.

E então ela para.

Eu descubro minha cabeça, na esperança de que ela já tivesse descontado toda a raiva dela.
Mas ao invés disso, a vejo me encarando com um olhar vazio e uma estilete em mãos.

"Igual seu pai! Você é igual seu pai! Pirralho ingrato!" — ela grita, cortando seu pulso, que acaba espirrando em meu rosto.

Minha respiração trava. A mulher posicionava seu ferimento sobre meu rosto, deixando o líquido escarlate escorrer na minha pele, cobrindo minha visão.

"Sua culpa! Por que você é um garoto mal! É tudo sua culpa, Titi!"

Desperto em pânico. Meu coração estava acelerado, meu corpo suava e minha respiração estava ofegante. Me sento na cama com rapidez.

— Taehy? — Yoongi desperta lentamente — O que houve? 'Tá tudo bem?! — ele acorda imediatamente ao me ver e se senta na cama comigo, suas mãos encostam em minhas costas.

Não conseguia lhe responder, ainda muito imerso no sonho. A imagem do sangue cobrindo meus olhos, nariz e boca. Eu quase posso sentir o gosto ferroso na língua.

Levo minhas mãos aos meus cabelos, agarrando e puxando.
Eu só quero tirar essas memórias da minha mente! Dar com minha cabeça na parede até esquecer essa merda toda!

— Taehyung! Me escuta! — mantenho meus olhos fechados. Sua voz soa tão distante que parece que estamos a metros de distância. Ele remove minhas mãos de perto da minha cabeça e segura firme com as suas, só então foco em sua presença — Está tudo bem! Você está seguro aqui! Vai, respira comigo... — o imito, puxando o ar e soltando lentamente — Isso, continua! Muito bem! — repito mais algumas vezes e sinto ter controle sobre minha respiração de novo, mas meu corpo ainda treme muito. Só agora que consegui perceber que Hoseok estava acordado e tinha sua mão em meu ombro — Perfeito! Você foi muito bem, Tae! — me agarro a ele, o abraçando forte de novo. Ele não demora em me abraçar de volta.

Dessa vez chorei de forma silenciosa. Eu só queria que todo esse inferno acabasse.

...

Eram 4h da manhã quando me acalmei por completo, tínhamos mais algumas horas para dormir, mas eu não conseguia; então Hoseok e Yoongi decidiram que iriam ficar acordados comigo, mesmo que eu percebesse que eles estavam com sono.

Ps: Te OdeioOnde histórias criam vida. Descubra agora