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ALERTA DE GATILHO: tentativa de suicídio; automutilação; crise de pânico; consumo de álcool; dependência emocional.

Não queria atualização? Pois tome!

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As lágrimas da minha mãe inundavam meus ombros enquanto ela pede desculpas incessantemente.

— Eu nunca devia ter tirado meus olhos de você, meu bebê! — ela diz, agarrada ao meu pescoço como uma preguiça em sua árvore.

— Pelo contrário! Era sufocante que todos vocês estivessem em cima de mim o tempo todo! — desabafo.

Foi cansativo passar por isso há dois anos atrás, foi incômodo todos os cuidados deles, foi um pesadelo voltar à estaca zero, mas agora... o que eu deveria sentir agora?

Desde que tudo começou a desmoronar, eu simplesmente não sinto nada além de um vazio. Uma sensação aterrorizante de nada.
Há dias que uma lágrima sequer cai dos meus olhos, mesmo que muita merda continue acontecendo. É como se eu estivesse... morto.

Tem dias em que sequer vejo o dia passar. As horas passam por cima de mim, e de repente se passaram dias, semanas, meses... as aulas acabaram e eu nem percebi.
Em alguns momentos, eu me sinto tão descolado da realidade que parece que nada é real, nem eu, nem as pessoas ao meu redor, nem toda essa situação de merda.
E para piorar, voltei para o lugar de onde lutei muito para sair. E eu que imaginei que nunca mais faria minha mãe e meu irmão chorar de novo por medo de me verem morrer de fome.

O monstro voltou, mas dessa vez eu me sinto tão sozinho... eu deveria chorar, não? Então por que não consigo? Quando eu me tornei alguém tão...oco...?

Coisas ruins seguem acontecendo comigo, algumas boas também, mas eu sigo sem sentir nada... agora sou apenas um corpo perambulando pela terra, completamente apático a tudo que acontece ao meu redor. Até mesmo agora, não consigo me conectar com a dor da minha mãe. Antes eu choraria só de imaginá-la chorando, mas agora... eu só quero que ela me solte para voltar ao meu quarto.

— Desculpa, mãe...eu prefiro ficar sozinho por um tempo. — Me solto de seu aperto e a deixo com Carlos. Ignoro seus olhos inchados e molhados...

Sou um péssimo filho.

Subo as escadas de cabeça baixa, quando escuto um estrondo vindo do quarto de Taehyung, seguido de latidos fortes do Sky.
Bato na porta receoso.

— Taehyung? 'Tá tudo bem?

Meu coração acelera com a falta de resposta.
Abro a porta e paraliso.
Taehyung está no chão, desacordado.

— Tae!

Encosto em sua pele, ele está gelado. Verifico seus batimentos, está tudo normal, felizmente. A temperatura corporal deve ser por causa do ar-condicionado.

— Mãe! Carlos! — grito, mantendo sua cabeça mole em meus braços. Sky latiu e desceu para chamá-los.

Os adultos aparecem na porta e também se desesperam ao ver Taehyung desacordado em minhas mãos.

— Merda! Me ajuda a levantá-lo, Yoongi! — Carlos ordena e eu obedeço de imediato. Minha mãe pega seu celular e liga para uma ambulância — Não faça isso! — ele diz para minha mãe e nós dois o encaramos incrédulos. — Taehyung odeia hospitais. Se ele acordar em um, pode acabar tendo crises fortes.

Ps: Te OdeioOnde histórias criam vida. Descubra agora