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ALERTA DE GATILHO: Automutilação; suicídio; crise de pânico; homofobia; violência.

Boa leitura;)

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— Você está namorando um garoto? — meu pai diz após abrir a porta com um soco. A maçaneta bate contra a parede, descascando ainda mais a tinta.

Eu não precisava nem chegar perto para sentir o cheiro de álcool vindo dele. Sua aparência deplorável já deixava evidente de que não estava sóbrio a anos. As roupas que mais cedo eram sociais, agora estão amassadas e caindo pelo corpo; o nó de sua gravata quase não existia, e tinha em suas mãos sua fiel garrafa de whisky.

— Do que você 'tá falando? — pergunto, continuando com a organização do meu guarda-roupas.

— Não se faça de idiota! Os vizinhos te viram de agarração com um garoto!

— E se eu tiver? O que você tem a ver com isso? Por que você e essa gentinha não vão cuidar da própria vida?

Sou jogado para frente quando algo se choca contra minhas costas, para em seguida se estilhaçar no chão. Ele havia jogado a garrafa em mim e agora me encara com sangue nos olhos.

— Cale a sua boca! Eu não criei filho para ser viado!

— Você não criou ninguém, porra!

— Ora, seu moleque!

Ele vem em minha direção e pula em cima de mim, me derrubando sobre os cacos de vidro. Eu sinto os cacos rasgando minha pele, mas isso só me irrita ainda mais.

Eu chuto seu abdômen, fazendo com que ele caia para trás. O homem xinga e tenta novamente vir em minha direção para me bater, mas eu já havia pego meu moletom e skate e andava para fora do quarto.
Patino com pressa para longe da residência, sem saber exatamente para onde ir.

Paro em frente a pista de skate e caminho até o banheiro público que tinha ali perto.
Limpo meus machucados e removi os cacos maiores da minha pele.

— Esse homem é doente! Tomara que ele morra logo!

Minha atenção é direcionada para a notificação do Tae no meu celular. Isso é o suficiente para me fazer sorrir um pouco.

Ele está me chamando para sua casa e obviamente eu não vou recusar, principalmente agora.

Subo novamente no skate e vou em direção a mansão.

...

— Que porra é essa?! — Taehyung me encara com os olhos saltados, e então vira o rosto.

— Ah, desculpa! Eu não tinha percebido que ainda estava sangrando!

Uso meu moletom para limpar o sangue. Taehyung indica com as mãos para que eu entrasse, mas não vira seu rosto para mim.

No banheiro de seu quarto eu lavo novamente os cortes, sentindo ainda alguns pequenos fragmentos de vidro me rasgando.

— Meu deus, Seok! — Yoongi surge no cômodo e logo se direciona em minha direção, conferindo e analisando os machucados — Foi aquele merda que fez isso com você?! — perguntou mesmo sabendo a resposta. Não me dou ao trabalho de responder por isso — Eu sabia que ia dar nisso! — sua voz é baixa, como se falasse consigo mesmo. O que ele quer dizer com "nisso"?

— É só uns arranhões. Só tenho que tirar os cacos e vou ficar bem.

Yoongi serra sua mandíbula e me encara com a testa franzida e um bico nos lábios.
Se ele mantivesse o bico por mais alguns segundos, eu o teria beijado; para minha sorte, ele abre os lábios para começar seu sermão.

Ps: Te OdeioOnde histórias criam vida. Descubra agora