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Vestiário masculino

   Depois dos 15 minutos que o Fushiguro disse que iria voltar, ele realizou de fato. Eu dei a garrafa dele, em seguida, Fushiguro olhou de lado o que tava fazendo no celular, isso eu usei pra brincar com ele. Enfim, os outros 15 minutos que ele e o time haviam pra descansar se foi. Quando deu os 30 minutos, pude ouvir as portas se escancarando quando eu só olhei o celular. As garotas da minha sala estavam com cartazes e coisas assim para o Fushiguro, ele na mesma hora que viu isso, olhou pra mim que sorri da cena e a reação dele. Bom, quando elas subiram, me olharam e foram pro outro canto dos assentos, eu não liguei, mas então entrou o pessoal do 2°ano e em seguida do 3°. Fiquei impressionado com o tanto de alunos que havia pra assitir aquele jogo, bom, eu não tive o problema de falta de espaço pois quase todos os alunos ao meu redor se afastavam um pouco.

   Passou uns 10 minutos de discurso do diretor sobre o que significava o jogo de basquete pra ele, todos os alunos ficaram reclamando baixo. Eu estava escutando música, mas então, alguém encostou em mim e isso eu achei estranho. Olhei pro lado direito e havia um garota lá, isso piorou a situação pois as garotas são as primeiras a não encostar em mim. Mas essa parecia nem me ver, ela tinha cabelos verdes amarrados em um rabo de cavalo em tamanho médio, usava uma roupa mais simples que o das outras e um óculos quadriculado. Ela olhava o diretor e logo revirava os olhos, em seguida disso, ela se apoiou no garoto de baixo e se inclinou um pouco pra frente.
          -Aí, diretor chatonildo! Ninguém quer ouvir esse discurso entediante!
O diretor parou de falar e olhou pra ela, logo fez uma feição de nojo e raiva. Ele no mesmo momento colocou o microfone na boca.
          -Mais respeito Srta. Zenin! Você é a primeira que não pode dar opinião!
          -Sério? Ainda li isso no livro de regras da escola!
Todos riram baixo mas com a quantidade fez o som baixo se tornar alto. O diretor ficou um pouco vermelho, não sei se era de raiva ou vergonha.
          -Bom, eu...
          -Todo mundo tá aqui pra assistir o jogo e não pra ficar ouvindo o que um senhorzinho rabugento pensa sobre o esporte!
Todos aplaudiram ela, o diretor ficou calado e jogou o microfone, saindo de lá e olhando mortalmente a garota que se sentou novamente. Ela notou que eu encarava ela, eu virei o rosto logo em seguida.
          -Quê foi? Queria ouvir o discurso dele?
          -Não. Foi só... Ah, esquece!...
          -Tá bom.
Ficamos calados, mas a mão dela surgiu na minha frente, olhei pra ela e vi ela sorrindo pra mim como o Fushiguro sorria.
          -Maki Zenin.
          -Ah... - Eu apertei a mão dela e sorri também. -Sou Yuuji Itadori!
Ela me olhou como se estivesse surpresa, diretamente ela olhou pro meu cabelo, quer dizer, a parte pra fora do capuz do meu cabelo. Eu não gostei muito disso.
          -Você é aquele garoto do 1°ano que todos ficam falando do cabelo?
          -É, infelizmente, sou eu...
          -Mas porquê? Tem algum estilo diferente? Caspas?
          -Não... - Eu tirei o capuz e ela fez uma cara de ainda mais surpresa. -É por causa da coloração diferente dele...
Eu fiquei triste novamente, mas eu senti ela tocar no meu cabelo e acariciar.
          -Espera, o que você tá fazendo?
          -O seu cabelo é rosa e macio! Que maneiro!
          -Você... Gostou?
          -Se gostei? Eu achei muito fofo! Aliás, combina com você a cor! Super gostei!
Eu fiquei feliz com o comentário e até acabar a disputa entre o time do 1°ano contra o do 2°ano, Maki ficou mexendo no meu cabelo, eu achei bem engraçado isso.

   Maki e eu não conversamos mais, mas ela comentava pra mim de como eles poderiam jogar e vencer, até mesmo que o time do Fushiguro só atrapalhava ao invés de ajudar ele. Ri da forma que ela falava sobre esse último assunto, mas ela logo se levantava animada quando o time do 2°ano recebia um ponto. O time dela acabou perdendo, então, ela acabou começando a torcer do 1°ano por que ela disse que o Fushiguro era um bom jogador. Bom, o tempo passou e depois de 3 cestas, o time do 1°ano venceu. Maki agarrou minha mão e a levantou feliz, assim me encarando alegre também.
          -Eu não disse que o Megumi era bom nesse jogo?!
          -Sim, você disse, Zenin!
          -Ei, não precisa me chamar pelo sobrenome. Me chame só de Maki.
Eu sorri, alguns alunos que ouviram exclamaram surpresos com o seu dito, ela logo chutou a cara de um e o resto parou de olhar. Não entendi o porquê.
          -Porque eles ficaram assim?
          -Bom, é que eu sou a valentona do pedaço! Em outras palavras, sou a garota que ninguém vence numa briga física ou oral... Então, só os meus amigos que eu deixo me chamarem de Maki, os inferiores só me chamam de Zenin.
          -Então, eu sou seu amigo?
          -Uhum! Gostei de você afinal!
Ela riu novamente e retribui.

  Depois de os participantes receberem as medalhas, alguns dos professores que avaliaram o jogo comentavam algumas coisas. Eu vi o Fushiguro indo pra dentro de uma sala do lado de fora da quadra. Eu fui atrás dele. Quando eu estava saindo, a menina me fez cair e isso deixou um vermelho em meu joelho. Fiquei feliz com o fato de que só o trio da garota e ela viram eu cair, mas eu logo sai rápido de lá e fui atrás do Fushiguro. Achei o vestiário em que ele usou antes do jogo e entrei lá.
          -Parabéns, Fush... !?
Eu vi o Fushiguro com a mesma blusa preta de antes quase saindo dos braços, só que a única diferença era que ele estava sem camisa. Ele falava no telefone e nem me percebeu, por um tempo fiquei paralisado, mas voltei pra tampar os olhos. Quando eu exclamei envergonhado, ele desligou o telefone e olhou pra mim.
          -Ah, oi Itadori... Tá tudo bem?
          -Então, mais ou menos...
Eu cobri o rosto com a palma das duas mãos e fiquei com o rosto ardendo novamente. O que eu não entendi até agora é que eu fico assim só quando é com ele, isso me incomoda um pouco.
Fushiguro riu de mim.
          -Tá tampando o rosto porque dessa vez? - Disse em um tom de que já sabia o porquê eu estava daquele jeito quando ele me viu.
          -Porque, não é, seu engraçadinho?!
          -Ah! - Ele exclamou quando "percebeu", assim, eu ouvi o som do zíper da blusa fechando. Com isso eu tirei as mãos do meu rosto vermelho.
          -Você fica tímido com qualquer coisa, não é?
          -Não é q-qualquer coisa! E-Eu fico assim porque v-você também provoca!
          -Quê fofo! O nenê tá bravinho!
Eu cruzei os braços e o olhei emburrado, mas não por muito tempo. Não conseguia ficar irritado com ele e isso talvez não seja muito bom. Ou talvez seja? Ah! E-Eu tô confuso! Ainda não tentei entender o que é que tá acontecendo comigo! Mas enfim, o Fushiguro chegou mais próximo de mim e sorriu.
          -Bom, o que você queria antes de acontecer o que aconteceu?
          -Queria dizer... Parabéns por ganhar o jogo...
Eu virei a cara, ele riu de novo, só que de uma forma mais feliz do que das outras vezes e me olhou com um sorriso mais meigo que o anterior.
          -Obrigado então!... Mas enfim, que tal qualquer dia a gente sair pra comer algo?
Não queria me mostrar animado com aquilo que ofereceu, então ainda fiquei com a cara virada. Parece que ele percebeu isso.
          -Só que eu pago, independente do valor que for, tá legal?
Eu não aguentei e me virei pra ele de novo e suspirei por falhar.
          -Tá! Pode ser, mas você vai pagar!
          -Ok, seu aproveitador...
          -Sou mesmo. Principalmente quando me prometem algo.
          -Droga...
Ele disse como se houvesse perdido pra mim, isso me arrancou um riso e um dele também quando saíamos do vestiário. Depois das aulas e todo o resto, eu fui dormir. Adormeci igual ao dia em que eu comprei meu kimono pro Baile da Primavera, mas dessa vez eu fiquei um tempo acordado até dormir. Enfim, amanhã vai ser outro dia meu. Pra ser sincero, o dia mais agitado que iria ter.