O Que você Tem Que Eu Não Tenho...

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Estou deitada, enrolada em seus braços, nos lençóis pegajosos. Sua frente está pressionada contra as minhas costas, seu nariz no meu cabelo.— O que eu sinto por você me assusta, — eu sussurro. Ela me tranquiliza. — Eu também, querida, — ela diz suavemente.— E se você me deixar? — O pensamento é horrível.
— Eu não vou a lugar nenhum. Eu não acho que poderia superar a sua
perda, Maiara.Viro-me e olho para ela. Sua expressão é séria, sincera. Eu me inclino e beijo-a suavemente. Ela sorri e dobra o meu cabelo atrás da minha orelha.— Eu nunca me senti do jeito que senti quando você me deixou, Maiara. Gostaria de mover céu e terra para evitar essa sensação outra vez. — Ela soa tão triste, confusa mesmo.
Eu a beijo novamente. Quero clarear o nosso humor de alguma forma, mas
Marília faz isso por mim.— Você vem comigo para a festa de verão do meu pai, amanhã? É um evento anual de caridade. Eu disse que iria.Eu sorrio, me sentindo tímida.— Claro que eu vou. — Oh merda. Eu não tenho nada para vestir.— O quê? — Nada.— Diga-me, — ela insiste.— Não tenho nada para vestir.Marília parece momentaneamente desconfortável.
— Não seja boba, eu ainda tenho todas aquelas suas roupas lá em casa. Estou certo que há um vestido lá que vai lhe servir.Eu aperto os meus lábios. — Você acha, agora? — Eu murmuro, a minha voz é sarcástica. Eu não quero brigar com ela esta noite. Eu preciso de um chuveiro.
A garota que se parece comigo está do lado de fora da SIP. Espere... ela é
eu. Eu estou pálida e suja, e todas as minhas roupas estão muito grandes, eu estou olhando para ela, e ela está usando a minha roupa, feliz, saudável.— O que você tem que eu não tenho? — Eu pergunto a ela.
— Quem é você? — Eu não sou ninguém... Quem é você? Você não é ninguém, também...?— Então há um par de nós, - não conte para ninguém, se não eles vão nos banir, você sabe8... — Ela sorri, devagar, um sorriso demoníaco se espalha por seu rosto, e ele é tão frio que eu começo a gritar.
— Jesus, Mai! — Marília está me sacudindo para acordar.Estou tão desorientada. Estou em casa... no escuro... na cama com Marília. Sacudo a cabeça, tentando limpar a minha mente.— Querida, você está bem? Você estava tendo um sonho ruim.
— Oh. Ela acende a lâmpada, então estamos banhados em sua luz. Ela olha para mim, seu rosto está preocupada.— A menina, — eu sussurro.— O que é isso? Que menina? — Ela pergunta calmamente.— Havia uma garota no lado de fora da SIP quando sai esta noite. Ela se
parecia comigo... mas não realmente.
Marília endureceu, mesmo à luz da luminária de cabeceira, vejo o seu
rosto ficar pálido.— Quando foi isso? — Ela sussurra, consternada. Ela senta-se, olhando para mim.— Quando saí esta tarde. Você sabe quem ela é?— Sim. — Ela passa a mão pelos cabelos.— Quem é? Sua boca aperta em uma linha dura, mas ela não diz nada.— Quem é? — Eu insisto.— É Leila.Eu engulo em seco. A ex-sub! Lembro-me de Marília falando sobre ela, antes de sairmos com o planador. De repente, ela está irradiando tensão. Algo está
acontecendo.— A menina que colocou 'Toxic' no seu iPod?Ela olha para mim ansiosamente.— Sim, — ela diz. — Ela disse alguma coisa? — Ela disse, 'o que você tem que eu não tenho?' E quando eu perguntei quem era, ela disse, 'ninguém'.Marília fecha os olhos como se tivesse dor. Ah, não.O que aconteceu? O que ela quis dizer para ela? Meu couro cabeludo se arrepia com o pico de adrenalina que passa pelo meu corpo. E se ela significar muito para ela? Talvez ela sinta falta dela? Eu sei tão pouco sobre seu passado... hum, seus relacionamentos. Ela deve ter tido um contrato, e ela teria feito o que ela queria, deu-lhe o que ela precisava de bom grado.
Oh não, quando eu não posso. O pensamento me faz ter náuseas.
Pulando para fora da cama, Marília veste seu jeans e se dirige para a sala
principal. Um olhar sobre o meu despertador mostra que é cinco da manhã. Eu rolo para fora da cama, colocando sua camisa branca, e a sigo.Puta merda, ela está no telefone.
— Sim, no lado de fora da SIP, ontem... no início da noite, — ela diz calmamente. Ela se vira para mim, enquanto eu vou em direção à cozinha e me pergunta diretamente: — A que hora exatamente?
— Cerca de 5:50? — Eu resmungo. Quem na terra ela está acordando há
esta hora? O que Leila fez? Ela transmite a informação para quem está na linha, sem tirar os olhos de cima de mim, sua expressão é escura e séria.— Saiba como... Sim... Eu não teria dito isso, mas então, eu não teria pensado que ela poderia fazer isso. — Ela fecha os olhos como se ela estivesse com dor. — Eu não sei como que vai ficar... Sim, eu vou falar com ela... Sim... Eu sei... Siga-a e me informe. Basta encontrá-la, Welch, ela está em apuros. Encontre-a. —
Ela desliga.— Você quer um chá? — Eu pergunto. Chá, a resposta de Ray para todas as crises e a única coisa que ele faz muito bem na cozinha. Eu encho a chaleira com água.— Na verdade, eu gostaria de ir para a cama. — Seu olhar me diz que não é
para dormir.— Bem, eu preciso de um pouco de chá. Gostaria de se juntar a mim para uma xícara? — Eu quero saber o que está acontecendo. Eu não vou ser distraída por sexo.Ela passa a mão pelos cabelos, exasperado.
— Sim, por favor, — ela diz, mas posso dizer que ela está irritada.
Eu coloquei a chaleira no fogão e me ocupo com as xícaras e o bule de chá. O meu nível de ansiedade disparou para um alerta máximo. Será que ela vai me dizer o problema? Ou eu vou ter que me aventura?Eu sinto seus olhos em mim, sinto sua incerteza, e sua raiva é quase palpável. Eu olho para cima, e seus olhos brilham com apreensão.— O que esta acontecendo? — Peço baixinho.Ela balança a cabeça.— Você não vai me dizer?
Ela suspira e fecha os olhos. — Não.
— Por quê? — Porque não é seu problema. Eu não quero você envolvida nisso.— Não deve ser meu problema, mas é. Ela me encontrou e me abordou fora do meu escritório. Como ela sabe sobre mim? Como ela sabe onde eu trabalho? Eu acho que tenho o direito de saber o que está acontecendo.Ela passa a mão pelos cabelos novamente, irradiando frustração, como se travasse uma batalha interna.— Por favor? — Peço baixinho.Sua boca se aperta em uma linha dura, e ela revira os olhos para mim.— Tudo bem, — ela diz, resignada. — Eu não tenho ideia de como ela encontrou você. Talvez pela nossa fotografia em Portland, eu não sei. — Ela suspira de novo, e eu sinto que sua frustração é dirigida a si mesmo. Eu espero pacientemente, derramando água fervente no bule enquanto ela anda de um lado para outro. Após uma batida de coração, ela continua.— Enquanto eu estava com você na Geórgia, Leila apareceu no meu apartamento sem avisar e fez uma cena na frente de Gail.— Gail?
— A Sra. Jones.— O que quer dizer, “fez uma cena”? Ela olha para mim, avaliando.— Diga-me. Você está escondendo alguma coisa. — Meu tom é mais forte do que eu sinto.Ela pisca para mim, surpresa. — Mai, eu..., — ela para.— Por favor?Ela suspira, derrotada. — Ela fez uma tentativa fortuita de cortar os pulsos.— Oh não! — Isso explica o curativo em seu pulso.— Gail levou-a para o hospital. Mas Leila fugiu antes que eu pudesse chegar lá.Droga. O que isso significa? Suicídio? Por quê?— O psiquiatra que a viu, disse que foi um grito típico para obter ajuda. Ele não acredita que ela esteja verdadeiramente em risco, que seja realmente uma suicida. Mas eu não estou convencida. Eu venho tentando localizá-la desde então,
para levá-la a ter alguma ajuda.
— Ela disse algo a Sra. Jones?
Ela olha para mim. Ela parece muito desconfortável.— Não muito, — ela diz, eventualmente, mas eu sei que ela não está me dizendo tudo. Eu me distraio derramando o chá nas xícaras. Então Leila quer de volta
sua vida com Marília e escolhe uma tentativa de suicídio para atrair a sua atenção? Poxa... assustador. Mas eficaz. Marília deixou a Geórgia para estar ao seu lado, mas ela desapareceu antes dela chegue lá? Que estranho.
— Você não pode encontrá-la? E sobre sua família?— Eles não sabem onde ela está. Nem seu marido.— Marido?
— Sim, — ela diz, distraidamente, — ela está casada há cerca de dois anos.
O quê?— Então ela estava com você enquanto era casada? — Santo Deus. Ela realmente não tem limites.
— Não! Bom Deus, não. Ela estava comigo há quase três anos atrás. Então ela me deixou e se casou com esse cara logo depois. Ah. — Então, por que ela está tentando chamar sua atenção agora?Ela balança a cabeça tristemente. — Eu não sei. Tudo o que conseguimos descobrir é que ela fugiu de seu marido há quatro meses.
— Deixe-me ver se entendi. Ela não tem sido a sua submissa durante três anos?— Cerca de dois anos e meio.
— E ela queria mais.— Sim.— Mas você não quis? — Você sabe disso.
— Então ela lhe deixou.— Sim.
— Então, por que ela está voltando para você agora? — Eu não sei. — E o tom desta voz me diz que pelo menos tem uma teoria.—Mas você suspeita...Seus olhos diminuem sensivelmente com raiva. — Eu suspeito que tem algo a ver com você.Eu? O que ela quer comigo? “O que você tem que eu não tenho?”
Eu fico olhando para Cinquenta Tons, magnificamente nua da cintura para cima. Eu a tenho, ela é minha. Isso é o que eu tenho, e ainda assim ela se parecia comigo: mesmo cabelo ruivo e pele pálida. Eu franzo o cenho com o pensamento. Sim... o que eu tenho que ela não tem?— Por que você não me contou ontem? — Pergunta ela em voz baixa.— Esqueci-me totalmente dela. — Eu dou de ombros me desculpando. — Você sabe, bebidas depois do trabalho, no final da minha primeira semana. Você entrando no bar e sua... disputa de testosterona com Fernando, e depois, quando
estávamos aqui. Isso fugiu da minha mente. Você tem o hábito de me fazer esquecer as coisas.— Disputa de testosterona? — Seus lábios contraíram.— Sim. O concurso para me irritar. — Eu vou te mostrar uma disputa de testosterona.— Você não preferiria ter uma xícara de chá?
— Não, Maiara, eu não prefiro.Seus olhos ardem em mim, queimando-me com o seu olhar de “eu quero
você e eu quero agora”. Foda-se... é tão quente.— Esqueça-se dela. Venha. — Ela estende a mão.Minha deusa interior faz três piruetas no chão do ginásio, quando eu agarro a sua mão.

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